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Por que o balanço do Bradesco (BBDC4) do 1º tri pode ser um divisor de águas para as ações

Agência do Bradesco na Avenida Paulista. Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo

O Bradesco (BBDC4) divulga seus resultados do primeiro trimestre de 2024 na próxima quinta-feira (2).
Desta vez, além dos dados rotineiros de crédito, inadimplência e provisões para calotes, os investidores vão querer motivos para acreditar que o banco está saindo do atoleiro que fez suas ações caírem 60% nos últimos cinco anos.
Será o primeiro ciclo trimestral completo sob Marcelo Noronha, que assumiu em novembro, substituindo Octávio de Lazari, demitido, no ano do octogésimo aniversário da instituição.
Assim, a expectativa é de que após os primeiros 150 dias no cargo Noronha já tenha um diagnóstico do que é preciso para o banco voltar a ser lucrativo como o rivais.
Isso inclui levar novamente o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) para perto de 20%.
No último quarto de 2023, esse índice, que mede quanto um banco remunera o capital de seus acionistas, ficou em 6,9%.
Assim, comparativamente o Banco do Brasil (BBAS3) alcançou 22,3% enquanto o do Itaú Unibanco (ITUB4) foi de 21,2%. O BTG Pactual (BPAC11) fez 23,4%.
Como mostra o gráfico de projeções para o desempenho de janeiro a março, isso não virá neste trimestre.
Previsões de analistas para 1º tri/24 do Bradesco
Casa de análiseLucro líquido recorrente (Em R$ bilhões)Variação anualRentabilidade (ROE)Bank of America4,06-5%10%Itaú BBA3,97-7,2%9,8%XP3,78-12,1%9,5%BTG Pactual4,045-5,5%—Goldman Sachs3,492-18,4%—
Na verdade, uma recuperação sustentada levará anos.
Dessa forma, os próprios executivos do banco admitem que um ROE ao redor de 15% não virá antes de 2026.
O problema é que o banco localizado na Cidade de Deus, em São Paulo, não terá tempo de sobra para se recuperar.
Ao contrário. Os bancos digitais, capitaneados pelo Nubank (ROXO34), já têm tomado amplas faixas do público de varejo, segmento em que no passado o Bradesco reinou absoluto.
Enquanto isso, BB, Santander, Itaú Unibanco e BTG Pactual duelam pelo público de renda mais alta, inclusive tomando clientes do Bradesco.
Assim, mais do que a fragilidade cíclica provocada por um período de crédito ruim de outras vezes, especialistas desta vez veem na baixa lucratividade do Bradesco (BBDC4) o sinal de problemas de longo prazo.
Eles vão desde aspectos culturais, como o de privilegiar a ‘prata da casa’ para o comando, aspectos de governança e capacidade de se adaptar ao atual momento do mercado.
Noronha já indicou planos de dar mais ênfase à remuneração variável para executivos, buscar talentos no mercado e contratar mais profissionais de tecnologia.
“A cabeça do novo CEO aponta na direção correta, mas não é fácil mover um transatlântico”, disse Felipe Miranda, fundador da Empiricus.
“Cultura não é propriamente de agilidade, inovação, de alinhamento de cabeça de dono”, acrescentou. “Falta isso ao Bradesco.”
Marcelo Nor  

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