A Inteligência Artificial possui Inteligência Financeira?
Uso da inteligência artificial é cada vez mais comum no dia a dia, mas aparentemente o ChatGPT sofre dos mesmos vieses comportamentais identificados por Daniel Kahneman.
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Pontos-chave:
Daniel Kahneman e seu parceiro de pesquisa, Amos Tversky, identificaram diversos vieses comportamentais que “iludem” a racionalidade dos seres humanos e os levam a tomar decisões financeiras piores
Uma vez que os vieses estariam ligados a forma como a mente humana funciona, seria de se esperar que uma inteligência artificial, baseada em algoritmos e não em emoções, não sofresse com esses erros
Contudo, aparentemente, o ChatGPT também sofre com esses vieses como identificou o professor Ole Peters do London Mathematical Laboratory, ou seja, a inteligência artificial não seria necessariamente melhor que os humanos nas tomadas de decisões financeiras
Daniel Kahneman nos deixou recentemente, mas seu legado está mais vivo do que nunca, mesmo no mundo da inteligência artificial. Diversas foram as suas contribuições para a ciência, mas um dos pontos centrais delas foi a demonstração que os seres humanos são péssimos estatísticos e matemáticos intuitivos.
Nossa mente não foi talhada evolutivamente para computar estatísticas e cálculos complexos de forma intuitiva, isso demanda grande esforço cognitivo e treino para criar disciplina mental. Nosso processo mental prefere sempre uma história, uma narrativa a números e estatísticas.
Ao longo de décadas de pesquisas Kahneman e Tversky comprovaram isso. Um exemplo simples é quando acontece um acidente aéreo, com vítimas fatais, muitas pessoas passam temporariamente a ficar com medo (ou aumentam o seu medo já existente) de viajar de avião. Mas estatisticamente nada mudou com o acidente, certo?
A probabilidade de seu avião cair continua baixíssima, a mesma de antes. Continua sendo estatisticamente o meio mais seguro de se viajar (na verdade só perde para o elevador, se você considerar isso uma viagem). É muito mais seguro que viajar de automóvel, por exemplo.
O que ocorre é que a “história”, a “narrativa”, criada com as notícias do acidente recente com o avião se sobrepõe aos números e estatísticas e dão a nossa mente uma percepção distorcida das probabilidades. Tanto que conforme o tempo passa, esse efeito diminui, as pessoas “esquecem” ou reduzem esse medo temporário pela distância da narrativa na imprensa.
Existem diversos tipos de vieses, para diferentes situações, fartamente catalogados por Kahneman e Tversky. Um dos mais famosos é conhecido como o “problema de Linda”.
O problema de Linda, ou tecnicamente, o viés da conjunção, é um caso hipotético desenvolvido por Kahneman como forma de explicar um recorrente erro lógico-racional específico no raciocínio humano. A pesq