Economista viajante mostra desigualdades brasileiras no livro ‘Extremos’
Economista Pedro Fernando Nery é autor do livro ‘Extremos’. Foto: Cícero Bezerra/Divulgação
A epígrafe do livro escrito por Pedro Fernando Nery – Extremos, um mapa para entender as desigualdades no Brasil – pode até surpreender. Afinal, é um economista citando o papa Francisco e isso me parece menos comum do que deveria ser. Mas a frase curta cabe perfeitamente no contexto da obra.
Ela diz: ‘É um bom momento para os inquietos.’
A frase é mais do que isso. É adequada à proposta do autor.
Um livro que debate um tema atual, bastante conhecido, mas com uma abordagem original. Nery não se limitou à extensa pesquisa que transparece durante a leitura. Foi além. Visitou sete locais diferentes no país, além de escrever sobre onde mora, o Distrito Federal, que espelham a desigualdade do país.
Visita Pinheiros, o lugar mais desenvolvido, e Ipixuna, localidade menos desenvolvida.
Conhece Mocambinho, bairro onde se vive menos. E o Morumbi, bairro onde se vive mais.
Vai ao Maranhão, o estado mais pobre do Brasil. E escreve sobre o Distrito Federal, unidade mais rica da federação. Por fim, descreve Nova Petrópolis (cidade com mais aposentados) e Severiano Melo (município com mais auxílio emergencial).
As visitas servem como ponto inicial de cada capítulo, quando Nery aborda assuntos ligados à desigualdades no Brasil. E o economista não tem medo de enveredar por temas polêmicos. Escreve sobre um pouco de tudo: reforma tributária, reforma trabalhista, taxação de grandes fortunas, impostos sobre heranças, salários de servidores e por aí vai.
“Livro surge de uma inquietação de ser um funcionário público em Brasília e às vezes estar opinando sobre realidades que eu não necessariamente conhecesse in loco. E com o desejo também de procurar histórias e descrições que ajudassem a dialogar sobre temas relativamente áridos como, sei lá, reforma tributária ou reforma trabalhista”, afirma Nery.
As primeiras conversas sobre o livro ocorreram em 2019, no ano seguinte, durante a pandemia, se chegou a ideia de “ser um livro de viagens”. Mas diante das restrições da Covid, essas viagens só ocorreram entre 2021 e 2022. “Não à toa o livro fala tanto dessas cicatrizes, sequelas da pandemia de Covid-19.”
Dessas viagens, marcou o autor a ida até Ipixuna.
“É um município no Amazonas já colado com o Acre, um lugar muito isolado que faz a gente pensar como é que esses brasileiros foram parar ali”.
O capítulo sobre a cidade é realmente marcante e Nery escreve: ‘”Tive dengue, malária e covid na gravidez”, reclama Thaynara (nome fictício). “Não tive muita assistência porque aqui a saúde é péssima”. A gestação foi da sua primeira filha, carregada de sonhos. Mas sonhar pode ser difícil no município menos desenvolvido do Brasil’.
Mas o tema mais espinhoso da obra, para Nery, é o que trata sobre as moradias em cidades, que leva à desigu