Home care, residencial, plano de saúde…Quanto custa manter um idoso?
O fenômeno é global e, apesar da falta de estatísticas específicas para o Brasil, em qualquer conversa com amigos ou parentes o assunto surge, indicando que tem se tornado cada vez mais comum. Como as pessoas estão vivendo mais e as famílias têm tido filhos mais tarde, é crescente o grupo da “geração sanduíche“: aquela que é responsável pelos filhos, que estão em idade escolar ou iniciando carreira, e pelos pais, que não se prepararam financeiramente para lidar com os custos do envelhecimento. Pior: as pessoas dessa geração ainda têm que se preocupar com a própria poupança para a aposentadoria porque sabem que não vão conseguir se sustentar só com a previdência pública. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do centro Pew indicou que mais da metade dos americanos estão “ensanduichados” entre filhos e pais que precisam de apoio financeiro. No Brasil, um dos poucos estudos é do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), do fim de 2023, que indica que havia no país quase 1 milhão de pessoas que viviam com filhos até 24 anos e idosos com 65 anos ou mais. Quando o calo aperta e os gastos com plano de saúde, medicamentos, home care e residencial para idosos surgem, a saída é muitas vezes dolorosa. “O que eu vejo é justamente famílias tendo que se desfazer de patrimônio, principalmente imóvel, que foi constituído durante toda a vida, para bancar os custos com esses cuidados”, diz Silvye Ane Massaini, sócia fundadora da Elon, assessoria especializada em investimentos, e professora da área de finanças do curso de administração da Faap.Foi o que fez a família da aposentada Lourdes Baseggio, de 90 anos. Há dois anos e meio, os filhos tiveram que vender os dois imóveis que os pais tinham construído ao longo da vida para pagar os custos com o residencial, medicamentos e plano de saúde, que somados chegam a R$ 18 mil mensais. Do total, R$ 14 mil são para pagar a clínica onde ela reside, em Curitiba. Como Lourdes tem um Alzheimer avançado, ela precisa de uma equipe de cuidados por tempo integral. “A aposentadoria que meus pais recebem não seria suficiente para pagar tudo”, explica a filha de Lourdes, a decoradora Nádia Antonieta Baseggio, de 62 anos.O caso de Lourdes não é isolado. São poucos aqueles que conseguem fazer uma poupança para arcar com os custos que surgem na terceira idade. Pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), elaborada em julho de 2023 pelo Instituto Datafolha com 2 mil brasileiros, revelou que apenas 9% possuem algum plano de previdência privada, por exemplo. Se a pouca capacidade de guardar dinheiro prevalecer, o cenário será ainda pior no futuro, quando haverá um contingente muito maior de aposentados. O último Censo do IBGE, de 2022, mostrou que o total de pessoas com 65 anos ou mais no país saltou 57,4% frente a 2010, fatia que representa 10,9% da população. E mais: a previsão é que, em 2042, a população de idosos atinja cerca