Alejandro Zambra ensina com muita poesia como é ser pai em ‘Literatura infantil’; leia resenha
Alejandro Zambra é autor chileno nascido em 1975. É dele ‘Literatura infantil’
Às vezes, e muito raramente, já entendemos que amamos um livro nas primeiras páginas, nas primeiras linhas até. É o caso de ‘Literatura Infantil’. A obra de Alejandro Zambra serve tanto como espécie (poética) de manual para pais de primeira (ou segunda, ou terceira ou quarta) viagem quanto para simplesmente (como se isso fosse simples) arrancar risadas e lágrimas durante a leitura.
Assim, estou nesse dilema.
Quero continuar a ler o livro com velocidade feroz, mas sei que se fizer isso vou perder por um tempo (sempre se pode – e se deve – reler livros) a companhia da melhor obra escrita por Zambra até o momento.
Então, antes de continuarmos vale dizer que Zambra nasceu em Santiago, no Chile. Segundo o release que acompanha a divulgação do lançamento, ocorrido em maio deste ano, ele nasceu em 1975. É apenas um ano antes de quando vim ao mundo. E a comparação é inevitável neste ponto.
Zambra tem um filho, eu tenho duas gatas.
Zambra já escreveu grandes livros de ficção, o que eu nunca fiz.
E começou bem cedo. ‘Bonsai’ é de 2006, ‘A vida privada das árvores’ saiu no ano seguinte. ‘Formas de voltar para casa’ é de 2011. O maluco ‘Múltipla escolha’ veio três anos depois e o mais recente até então, ‘Poeta chileno’, saiu em 2020. Além disso, ele escreve poesia e ensaios.
Mas ‘Literatura infantil’ é diferente de tudo o que ele já produziu. E que eu li – teimosamente – rápido demais. Ali percebe-se que Zambra se revela por inteiro ao narrar momentos íntimos com Silvestre, seu filho que acaba de nascer.
Até o momento, minhas partes preferidas são pela ordem que aparecem no livro. A descrição de uma viagem nada lisérgica, embora lisérgica, ao tomar teonacátl.
Esse era os nomes que os aztecas davam para o cogumelo que hoje se chama pajarito e que um amigo do autor o recomendou tomar para curar a cefaleia. É hilário o que acontece com Zambra, o que nos faz lembrar a todos que somos realmente eternas crianças.
O leitor ri, e logo depois certamente chora com um capítulo inteiro sobre o livro em que uma toupeira recebe um cocô na cabeça e busca encontrar o culpado. Zambra o lê para o filho em francês, embora simplesmente não domina o idioma. Mas Silvestre adora o livro. E o pai faz a vontade do filho. Como todos os pais fazem sempre a vontade dos filhos por mais que digam o contrário.
Aqui, o meu trecho favorito
Em seu lindo ensaio ‘Como um romance’, Daniel Pennac lamenta que ele e sua esposa tenham parado de ler histórias para seu filho quando o menino aprendeu a ler sozinho. Mas pode ser que não tenha sido culpa do pai nem da mãe. Talvez o próprio menino tenha decidido deixá-los de fora da cerimônia da leitura. Não queremos que isso aconteça. A leitura não pertence à série de atividades que fazemos por você enquanto você não aprende a