Documentário de Luiz Barsi reabre feridas da Previdência e aponta dedo para privilégios
O investidor Luiz Barsi e sua filha, Louise. Foto: Divulgação
O investidor Luiz Barsi Filho fala há cinquenta anos sobre ações pagadoras de dividendos como alternativa para a aposentadoria – ele próprio, bilionário, conta que já não precisa trabalhar há quarenta anos.
Ao anunciar que se envolveria em um documentário, o primeiro de sua vida, não era difícil imaginar qual seria o tema.
O filme está pronto, fala mesmo sobre aposentadoria e vai estrear nesta segunda-feira (10), no canal do YouTube da AGF, empresa da qual ele e a filha Louise Barsi são sócios.
A novidade é que o documentário surpreende.
A começar pelo tom. ‘INSS – A Bomba Relógio do Brasil’ tem trinta minutos de duração. Nos primeiros quinze, o documentário de Barsi promove um debate sério e, em alguns momentos, até mesmo duro sobre a inviabilidade do sistema da previdência pública brasileira.
Já é desconfortável, por si só, falar do rombo aparentemente impagável da Previdência Socialmenos de cinco anos após a aprovação da última reforma no sistema, conduzida de 2016 a 2029 no Congresso.
Ela foi então comemorada por políticos e agentes econômicos ao estabelecer a idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres, bem como o tempo de contribuição mínimo para garantir o benefício. Embora alguns pessimistas tenham comentado que mudanças demográficas exigiriam novos ajustes ao longo dos anos seguintes.
O documentário de Barsi sugere que esses “anos seguintes” chegaram. E o faz tocando em alguns vespeiros. O maior deles o regime de previdência especial mantido para servidores públicos. Em especial militares e juízes.
Quem conhece Luiz Barsi sabe que ele é simpático aos militares. Não chama de golpe, por exemplo, mas de revolução o período de exceção que se estabeleceu no Brasil entre os anos de 1964 e 1985. Mesmo assim, seu filme destaca que o regime especial a que estão submetidos representa um fator de desequilíbrio dentro de um sistema caro e fadado ao insucesso.
O documentário relembra que, em 2023, o buraco do INSS ficou em R$ 300 bilhões, enquanto que nos regimes especiais o rombo foi de cerca de R$ 240 bilhões. No entanto, enquanto o INSS atendeu 39 milhões de beneficiários, os regimes especiais foram destinados para apenas 7 milhões.
“É uma regra especial para militar, é uma regra especial para juiz, é uma regra especial para deputados, enfim. E assim vai: promotores, procuradores e defensores públicos. Esse é o caso do Brasil. O Brasil tem muitas regras. Eu costumo dizer, expressam a cultura de privilégio do Brasil.”, afirma no filme o economista Paulo Tafner, presidente do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) e pesquisador associado da Fipe.
Aliás, aqui vai um segundo destaque do documentário de Luiz Barsi. Ele conseguiu reunir um time respeitável de economistas, alguns deles de instituições que, por décadas, viraram as costas p