Open finance tende a desburocratizar portabilidade de investimentos, diz membro do Banco Central
O uso do open finance focado na portabilidade de investimentos pode desburocratizar e melhorar a opção de corretora pelos investidores, disse Matheus Rauber, assessor sênior no departamento de regulação do sistema monetário do Banco Central, em entrevista exclusiva ao E-Investidor nesta sexta-feira (13).
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Segundo o funcionário do BC, o processo atual de portabilidade de investimentos possui algumas fricções, como, por exemplo, o fato de o investidor precisar muitas vezes baixar seus extratos e preencher os formulários para dar início ao processo de portabilidade. De acordo com ele, é possível que o cliente tenha dificuldade em localizar tais dados ou que cometa algum erro no preenchimento desse formulário.
“Hoje é mais fácil sacar e pagar todos os impostos do que fazer a portabilidade dos investimentos. Com o compartilhamento de dados de investimento pelo open finance essas fricções se reduzem bastante, pois a instituição para onde o cliente deseja portar seus investimentos receberia as informações diretamente da instituição onde eles estão custodiados originalmente”, disse Rauber ao E-Investidor.
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O integrante do Banco Central comentou que ele e toda a sua equipe estão em conversas com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para tratar da implementação do open finance para a portabilidade dos investimentos. Segundo ele, ainda não há uma decisão para que isso entre em funcionamento.
“Não tem uma data específica para o lançamento, visto que estamos em tratativas com a CVM. O BC é responsável por parecer técnico relacionado ao open finance. Já a CVM é a autarquia responsável pelo mundo dos investimentos. Estamos conversando para chegar a um acordo que seja benéfico a todos”, comentou Matheus Rauber ao E-Investidor.
A entrevista foi realizada nos bastidores do evento fintouch, após o integrante do departamento de regulação do Banco Central deixar o palco. Durante a sua palestra aberta ao público, o assessor sênior do BC disse que o open finance pode inclusive melhorar as recomendações de investimentos por parte das corretoras.
Isso porque elas terão acesso a mais dados do cliente e poderão mapear de forma mais completa o perfil do investidor. “As firmas conseguem sugerir investimentos mais rentáveis de forma mais incisiva para cada perfil de investidor com o uso do open finance com base no compartilhamento de dados”, apontou Rauber.
Open finance também tende a permitir portabilidade no mercado de crédito
De modo geral, Rauber diz enxergar uma evolução no open finance. Segundo ele, houve 52 milhões de consentimentos em contas de pessoas físicas nos últimos quatro anos e essa aceitação pode apoiar os órgãos reguladores a destravar outras possibilidades de portabilidade, como a do crédito.
“Estamos pensando em outras possibilidades de portabilidade, como o crédito pessoal sem garantia. Uma terceira possibilidade seria o empréstimo consignado, com foco em servidor público”, afirmou.
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Para o integrante do BC, algumas companhias do setor monetário apresentaram uma certa resistência a essa inovação tecnológica do open finance, o que para ele pode não ser o caminho correto. “Quem não se atualizar e usar o open finance a seu favor, pode ficar para trás”, concluiu Rauber.
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Fonte original
Author: Bruno Andrade