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“Gringo está de olho no fiscal e embate com Elon Musk não ajuda o Brasil”, diz Inter

A semana inicia com os investidores à espera da reunião dos membros doFederal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que pode marcar o início do ciclo de afrouxamento monetário no país. Com a decisão no radar, André Cardoso, diretor de investimentos globais do Inter, acredita que a eventual redução dos juros nos EUA pode criar um ambiente mais favorável para os ativos de renda fixa americana.

A trajetória dos juros também reverbera no mercado brasileiro. Desde que os investidores passaram a projetar a queda de juros para setembro, houve uma reação e o saldo do capital estrangeiro na B3 voltou a ficar positivo. Com a perspectiva no radar, julho e agosto registraram uma captação líquida (diferença entre saque e aportes) de R$ 7,3 bilhões e R$ 10 bilhões, respectivamente. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa, se beneficiou com esse fluxo e fechou agosto com alta de 6,5% no acumulado mensal.

A boa não deve durar por muito tempo, segundo Cardoso, em função da ausência de compromisso do governo com as contas públicas. “Vemos alguns ruídos do governo em relação ao risco fiscal com os gastos acima do que deveriam estar. Por isso, não me parece que esse fluxo seja permanente”, afirmou. A saída do X (antigo twitter) no País após embate entre o bilionário Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ajudou a afastar o gringo do Brasil. Confira a entrevista completa!

E-Investidor – O mercado enfrentou bastante volatilidade nas últimas semanas com os investidores tentando prever a próxima decisão do Fed. Com a reunião desta quarta-feira (18), o que podemos esperar dos mercados?

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André Cardoso – Quando estamos em um momento de virada de ciclo econômico, é natural nos depararmos com uma alta volatilidade dos mercados. Somado a isso, estamos também em um período eleitoral que traz ainda mais incertezas. Mas isso não significa que o momento seja ruim para investir. Nos Estados Unidos, a maioria dos títulos de renda fixa é prefixado e existe uma relação oposta entre os juros e o preço destes ativos. Quando os juros caem, o título fica mais caro. Ou seja, estamos em um momento muito favorável para se investir na renda fixa internacional.

O investidor brasileiro tem buscado se posicionar em quais classes de ativos?

O investidor brasileiro costuma procurar investimentos em companhias que já está familiarizado. Então, ele busca nomes, como Petrobras, Eletrobras, Apple, Microsoft ou a própria Nvidia. O setor de bancos também é bastante demandado, como o Bank of America. Já o tesouro americano é o best-seller dos investimentos, além dos títulos do governo brasileiro que também tem dívidas emitidas no exterior. Temos visto muita demanda em cima desses ativos de renda fixa.

Há um movimento de realização de lucro na bolsa americana. Ainda há boas oportunidades de compra em ações?

O mercado está pagando por um preço elevado nas ações norte-americana porque as firmas estão entregando resultados surpreendentes, principalmente as big techs. Ainda assim, vemos oportunidades nas firmas de real estate porque é um setor muito atrelado à taxa de juros. Agora que estamos em uma virada de ciclo, a tendência é que esses investimentos se valorizem porque fica mais barato para financiar imóveis.

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No cenário domésico, o Ibovespa encerrou agosto com uma alta de 6,5%, ancorada pelo fluxo positivo dos investidores estrangeiros no Brasil. Até quando você acredita que esse movimento será mantido?

No ano passado, esse fluxo durou por três meses: outubro, novembro e dezembro. Vejo que esse movimento é mais especulativo e oportunístico do que de longo prazo porque o investidor institucional está mais preocupado com a robustez e a institucionalidade do país. Hoje, vemos alguns ruídos do governo em relação ao risco com os gastos públicos acima do que deveriam estar. Por isso, não me parece que esse fluxo seja permanente. É difícil é cravar até quando vai durar.

A saída do X no Brasil  e o embate entre o bilionário Elon Musk e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, afeta o interesse do investidor gringo pelo mercado brasileiro?

O investidor institucional faz uma coleção de evidências anedóticas. Para mim, esse embate é mais um ponto negativo para o Brasil. Ou seja, a minha percepção a esse evento é que não ajuda. Pelo contrário, só atrapalha.

 

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Fonte original
Author: Daniel Rocha

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