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Saiba como ganhar em dólar ao investir nas empresas mais recomendas pelo mercado

As ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4) foram as mais recomendadas por corretoras e bancos de investimentos para se ter no portfólio em setembro. Como mostramos nesta reportagem, os fundamentos para o otimismo têm seus motivos. No caso da mineradora, o anúncio de Gustavo Pimenta, atual diretor monetário, como próximo CEO da firma reduziu as incertezas sobre a sucessão da companhia. Já em relação à petroleira, a capacidade em distribuir dividendos atrativos permanece no curto prazo mesmo com o aumento dos investimentos.

No entanto, as ações negociadas na B3 não são a única forma do investidor incluir as gigantes da Bolsa brasileira no portfólio. Os investidores também podem escolher investir nas companhias e ainda ter o benefício de retornos em dólar. Isso acontece porque tanto a Vale (VALE3) quanto a Petrobras (PETR4) buscam captar recursos por meio da emissão de dívidas nos Estados Unidos, também conhecidas como corporate bonds.

Segundo um levantamento da Quantum, realizado a pedido do E-Investidor, até o momento, a estatal possui 22 títulos de dívidas sendo negociados no mercado norte-americano com vencimentos que variam de janeiro de 2025 a março de 2049. Já a Vale (VALE3) possui um número menor: sete títulos emitidos com vencimentos que variam de outubro de 2026 a novembro de 2041.

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Ao observar os retornos dos papéis, o prêmio é bem superior aos títulos soberanos emitidos pelo governo dos Estados Unidos. Enquanto as firmas brasileiras oferecem uma rentabilidade anual de até 7,33% ao ano, os papéis com vencimentos de 10 anos são negociados nesta segunda-feira (16) com um retorno de 3,6% ao ano, segundo dados do Broadcast.

Veja os 1o bonds da Vale e da Petrobras mais rentáveis do mercado

Código firmas Vencimento Preço Médio (US$) Rentabilidade prevista
US71647NAN93 PETROBRAS 6/5/2115 91,2152 7,33%
US71647NBD03 PETROBRAS 3/19/2049 96,5833 7,04%
US71647NAK54 PETROBRAS 3/17/2044 102,1967 6,83%
US71645WAQ42 PETROBRAS 1/20/2040 99,5623 6,79%
US71645WAS08 PETROBRAS 1/27/2041 98,1382 6,74%
US91911TAK97 VALE 11/10/2039 106,8451 6,06%
US91911TAH68 VALE 11/21/2036 106,8134 5,82%
US91911TAE38 VALE 1/17/2034 117,5822 5,47%
US71647NAS80 PETROBRAS 1/17/2027 103,9850 5,32%
US71647NAQ25 PETROBRAS 5/23/2026 105,9283 5,12%
Fonte: Quantum/Dados referentes do pregão do dia 11 de setembro

A diferença se deve ao risco de cada papel. Os títulos soberanos dos Estados Unidos são classificados como um dos investimentos mais seguros do mundo e, com o ciclo de aperto monetário na economia norte-americana em que os juros chegaram ao intervalo de 5,25% a 5,50%, esses papéis conquistaram ainda mais atenção do mercado. Já as emissões de firmas brasileiras são vistas pelos americanos como ativos de maior risco e, por isso, costumam oferecer um prêmio maior aos investidores.

“O Brasil não é um país considerado seguro para os investimentos. Por isso, são classificados por ativos de maior risco em comparação às emissões do governo americano ou de firmas, como Apple e Microsoft”, diz William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue. Outras companhias vistas pelo mercado doméstico como boas firmas para se ter na carteira também seguem o mesmo caminho da Petrobras e Vale ao buscar no exterior formas de captar mais recursos.

São os casos do Banco do Brasil (BBAS3), Suzano (SUZB3) e Eletrobras (ELET3). O trio possui juntos sete emissões de dívidas no exterior com rentabilidades que ficam em torno de 6% ao ano em dólar. “Na maioria dos títulos, essa remuneração é paga todos os anos de forma semestral. Então, o investidor de renda fixa tem duas opções: comprar o título e carregar até o vencimento ou vender antes do vencimento no mercado secundário”, acrescenta Alves.

Veja a rentabilidade dos bonds da Eletrobras, Suzano e Banco do Brasil

Código Companhia Vencimento Preço Médio Remuneração prevista
USP2281VAA81 ELETROBRAS 1/11/2035 98,1730 6,86%
USP22835AA30 ELETROBRAS 2/4/2025 97,9938 6,35%
USP22835AB13 ELETROBRAS 2/4/2030 90,9108 6,00%
US86964WAK80 SUZANO 1/15/2032 82,1434 5,73%
US86964WAJ18 SUZANO 1/15/2031 87,5242 5,56%
USP2000TAB19 BANCO DO BRASIL 4/18/2030 101,4301 5,56%
US86964WAL63 SUZANO 9/15/2028 87,7776 5,40%
Fonte: Quantum/Dados referente ao pregão do dia 11 de setembro

Vale investir em bonds de firmas brasileiras?

Os retornos em moeda estrangeira costumam ser o principal atrativo dos títulos de dívida de companhias brasileiras, mas a decisão de incluí-los na carteira vai depender dos objetivos e do perfil de cada investidor. Isso porque a ideia de buscar oportunidades no mercado norte-americano é garantir a diversificação geográfica na carteira de investimentos. Ou seja, ao decidir investir nas companhias brasileiras, o investidor vai continuar exposto ao risco Brasil mesmo comprando ativos negociados nos Estados Unidos.

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No entanto, Shin Fukui, sócio da Straton Capital, gestora de investimentos com atuação no mercado norte-americano, explica que alguns investidores com mais tempo de mercado nos Estados Unidos gostam de investir esses ativos por estarem mais acostumados com a dinâmica econômica do Brasil e por enxergar uma oportunidade de ampliar os seus retornos. Para ele, a estratégia pode até ser positiva em termos de remuneração visto que algumas companhias brasileiras possuem bons fundamentos de investimento e risco menores em relação a outras firmas de países emergentes, especialmente as estatais.

“As firmas estatais têm a proteção do governo, enquanto a firma privada depende dela para sobreviver dentro da economia. O Banco do Brasil, por exemplo, é um banco que existe há mais de 200 anos. Quantas firmas privadas no Brasil têm esse tempo de existência?”, diz Fukui. A outra vantagem é que, ao investir nesses papéis, o investidor brasileiro vai estar protegido de uma possível desvalorização do real frente ao dólar ao mesmo tempo que se beneficia com uma taxa prefixada.

Além disso, apesar do mercado norte-americano classificar os títulos como de alto risco por ser de firmas estrangeiras, o investidor brasileiro consegue ter uma análise mais detalhada sobre a realidade financeira das emissores e também o contexto econômico e política em que se encontram. “Enquanto analistas estrangeiros podem equiparar o risco de firmas como a Petrobras ao de outras emissoras latino-americanas, como a Pemex [do México], sabemos que essa comparação pode ser superficial”, ressalta Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments.

Por outro lado, os investidores precisam estar atentos à liquidez dos papéis que tende a ser menor em comparação às big techs, por exemplo, caso queiram vender antes do vencimento. O outro alerta se deve à tributação sobre a remuneração desses ativos visto que a cobrança do imposto de renda é realizada sobre o ganho de capital. As alíquotas são progressivas e variam de 15% a 22,5%.

Fonte original
Author: Daniel Rocha

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