Bitcoin deve andar de lado até decisão do Fed e eleições nos EUA, diz CIO da Hashdex
O engenheiro de computação, Samir Kerbage, disse que quando ouviu falar pela primeira vez do Bitcoin, em 2011, achava que o mercado monetário nunca adotaria a moeda digital. Por outro lado, ele conhecia pessoas que estavam ganhando com a negociação da criptomoeda.
Até que em 2016 teve contato com o conceito de finanças descentralizadas. “Pensei, isso aqui vai transformar completamente essa infraestrutura de mercado tradicional que a gente conhece”, lembra, acrescentando que passou a “investir e a estudar” cada vez mais sobre esse universo.
Em 2018, ajudou a montar a Hashdex, firma de gestão de criptoativos, na qual é CIO, e, tempos depois, a criar o primeiro ETF de ativos virtuais na B3, o HASH11.
Disciplina de rebalanceamento
Em entrevista ao canal GainCast, durante a Expert XP 2024, ele diz que o investimento em criptomoedas tem que ser de longo prazo e “é muito importante a disciplina de rebalanceamento” dos ativos. “Essa volatilidade do cripto dá oportunidade de rebalancear o portfólio”, completa.
Além disso, reforçou sobre a importância de “deixar os vieses emocionais de lado”. Isso porque, segundo ele, às vezes, o Bitcoin está subindo e a pessoa quer “colocar todo o seu dinheiro lá, e quando está caindo acha que tem que sair”.
De toda forma, Samir Kerbage considera o criptoativo uma classe de ativos em estágio inicial. “Ele está muito no começo. É normal que qualquer nova tecnologia tenha muita experimentação”, explica. “A própria volatilidade já diz isso”, diz.
“Por isso, a gente prega essa locação de longo prazo, diversificada e passiva. É preciso considerar que a maior parte desses ativos (criptomoedas) é experimental e precisa de tempo”, avalia.
Processo de amadurecimento
O CIO ressalta que alguns desses ativos digitais também não vão para a frente, mas isso faz parte do processo de amadurecimento do mercado de criptoativos.
“Lá na firma, a gente tenta separar o que é espuma e o que é tese de investimento. A gente usa a tese de valor digital emergente, que significa que ela ainda vai se consolidar nos próximos anos, com características de que pode ser adotada pela sociedade”, destaca.
Para ele, para as criptomoedas se consolidarem como reserva de valor, será preciso a adoção em peso pelos players institucionais. “O perfil do varejo, que historicamente investiu em criptoativos, é muito com viés de curto prazo. O institucional, ele demora a entrar, mas quando entra, monta posições de longo prazo”, expõe.
Volatilidade tende a cair
Segundo Samir, a volatilidade, que é muito alta no Bitcoin, tende a cair ao longo dos anos. “A gente acredita que o Bitcoin está no limite de chegar a uma nova bolha. A gente pode ver o Bitcoin indo até US$ 200 mil e depois colapsar e fazer correção”, avalia.
“No curto prazo, a gente acha que o Bitcoin está superpositivo e deve andar de lado até as definições do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) e das eleições americanas. Depois, está tudo configurado para um rali de alta por um ano”, afirma.
“É uma tecnologia incipiente e historicamente ela se comporta assim, com bolhas especulativas”, acrescenta. A volatilidade, segundo ele, tende a cair ao longo dos anos no Bitcoin.
O mercado futuro de Bitcoin, BITFUT, negociado na B3, para Samir é um passo fundamental para o desenvolvimento do mercado, tanto de varejo como institucional. “Quando você traz um futuro regulado, para ser operado no mercado organizado, gera muita segurança para os investidores em geral e permite que os institucionais passem a olhar mais de perto esse tipo do instrumento. Isso desenvolve o mercado”, destaca.
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Author: augustodiniz