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Valorização forte do real depende de apenas um fator, aponta BTG; confira

Uma valorização mais forte do real só acontecerá se ficar claro o compromisso do governo com o teto de gastos e, assim, medidas concretas para controlar o crescimento da despesa obrigatória forem adotadas. A indicação é do corpo de analistas do Banco BTG Pactual (BPAC11), chefiado pelo economista Mansueto Almeida e consta no BTG Pactual Macro Research de setembro, um relatório mensal elaborado pela área de research do banco.

Nessas circunstâncias, de acordo com os economistas do BTG, é possível que o ciclo de aumento de juros seja breve e que comece a ser revertido em meados do próximo ano e a taxa de juros Selic volte a se aproximar de um dígito ainda em 2025.

“No caso do mercado cambial, o fluxo de saída financeira que prevaleceu desde o início do ano e até mesmo as mudanças recentes no México, implementadas pelo Legislativo no fim do mandato do Presidente Lopez Obrador, prejudicaram o comportamento do real, apesar dos fundamentos ainda positivos do comércio exterior. O receio crescente de uma desaceleração mais forte da China tem impactado o preço de commodities e nos levou a revisar o saldo esperado da Balança Comercial de US$ 90 para US$ 80 bilhões em 2024, o que ainda é um superávit elevado e apenas inferior ao de 2023”, ponderam.

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Mas, de acordo com eles, apesar desse saldo elevado, não há um fluxo consistente e forte de entrada de recursos externos, o que prejudica a recuperação do real, que junto com o peso mexicano e com a lira turca, destaca-se entre as moedas mais desvalorizadas frente ao dólar neste ano.

“E dólar mais caro significa repasse maior para inflação, o que já temos observado nos preços dos bens duráveis e não duráveis na inflação de agosto. Em resumo, a combinação de atividade econômica aquecida, mercado de trabalho apertado, incerteza do apoio político para as reformas necessárias para controlar o crescimento da despesa obrigatória e taxa de câmbio desvalorizada contribui para a desancoragem das expectativas de inflação”, dizem os economistas do BTG, para os quais neste cenário, o BC não tem alternativa que não seja um ciclo de aumento de juros.

“Um alerta. O aumento da diferença da taxa de juros doméstica em relação à taxa de juros dos EUA pode ajudar na valorização do real e contribuir para um cenário mais benigno para inflação. No entanto, um novo ciclo de aumento da taxa de juros sem sinais fortes do compromisso do governo com o controle do crescimento da despesa obrigatória, pode ocasionar o efeito adverso de aumentar ainda mais o risco fiscal, com crescimento mais rápido da dívida pública e taxa de juros mais elevada por um período mais longo, que pode nos levar a um crescimento menor em 2025 e 2026. Esse cenário dificultará o compromisso do governo com uma agenda de austeridade.”

Ainda, de acordo com o time de analistas do BTG, um dos maiores problemas do Brasil continua ligado ao desafio do ajuste fiscal. Tal ajuste segue sendo necessário para que se possa antever que em algum ano antes do final da década a dívida pública possa entrar em uma clara trajetória de queda.

“Sem essa perspectiva será difícil apostar na recuperação do grau de investimento do Brasil nos próximos anos, mesmo com o cumprimento das novas metas de primário que, na verdade, significam déficits primários pela metodologia de apuração do resultado fiscal pelo BC e, assim, crescimento contínuo da dívida pública”, advertem os economistas do BTG Pactual.

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Fonte original
Author: Estadão Conteúdo

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