Em decisão unânime, BC retoma ciclo de alta dos juros e passa Selic a 10,75%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) seguiu as expectativas do mercado e aumentou os juros em 0,25 ponto nesta quarta-feira (18), passando a Selic ao patamar de 10,75% ao ano.
Foi o primeiro movimento para cima da Selic desde agosto de 2022, quando a taxa básica foi a 13,75% ao ano, patamar mantido até agosto de 2023.
A decisão foi unânime entre os nove membros do Copom.
Em nota, o colegiado não apresentou orientações sobre os próximos passos da política monetária, também chamado de guidance.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
A decisão do BC difere do movimento global de relaxamento da política monetária. Mais cedo, o Federal Reserve (Fed) cortou os juros em 0,5% e sinalizou novos cortes.
Na semana passada, autoridades monetárias do Reino Unido e zona do euro também tomaram medidas nessa direção.
Esta foi a primeira reunião do Copom após Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, ser indicado à presidência do BC pelo governo federal. O nome do economista ainda precisa ser aprovada em sabatina no Senado, agendada para 8 de outubro.
Mais riscos para alta da inflação
O Copom ainda citou que o cenário apresenta mais riscos para alta da inflação, pontuando a desancoragem das expectativas para inflação em período mais prolongado, maior resiliência da inflação de serviços e conjunção de políticas internas e externas com maior impacto inflacionário e que podem deixar o câmbio depreciado.
Já em fatores para uma possível queda da inflação, foram apontados a desaceleração da economia global e os impactos do aperto nos juros promovido por diversos países nos últimos anos.
O colegiado também voltou a falar sobre os riscos da política de gastos do governo federal, e disse que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos monetários, consequentemente impactando a política monetária”.
Mercado esperava alta
A decisão vai em linha com as apostas do mercado monetário, que esperava a retomada de um novo, mas curto, ciclo de alta da Selic.
Dados do relatório Focus, que reúne a mediana de opiniões de analistas, sinalizavam para alta de 0,25 ponto, colocando a taxa básica no atual patamar.
As previsões indicam novos aumentos de mesma magnitude nos dois últimos encontros do colegiado neste ano, elevando os juros à taxa terminal de 11,25%.
Inflação desancorada e economia aquecida
As expectativas de aperto monetário começaram a ganhar força após o último encontro do Copom, em julho, quando membros da cúpula do BC falaram em diversas oportunidades que não hesitariam em subir os juros em meio ao processo de desancoragem das expectativas para a inflação.
Dados do Focus mostraram seguidas elevações das revisões para a inflação, agora a 4,3% neste ano e 3,92% em 2025. Para 2024 e os próximos anos, o BC persegue a meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,02% no mês passado, o primeiro resultado negativo em mais de um ano. Na soma de 12 meses, a inflação doméstica desacelerou para 4,24%.
As previsões para alta da Selic ganharam novo fôlego após dados mostrarem que a economia brasileira está mais aquecida do que o previsto, após o Produto Interno Bruto (PIB) subir 1,4% no segundo trimestre.
A alta acima das expectativas levaram a uma onda de revisões das previsões para este ano, com o mercado passando a prever avanço de 3% das atividades.
Outra parte dos analistas diz que não haveria necessidade de subir os juros neste momento, citando que a taxa em 10,5% já é restritiva.
Para este grupo, é preciso considerar que a inflação perdeu fôlego no país, além da redução da pressão sobre o câmbio nas últimas semanas.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Em decisão unânime, BC retoma ciclo de alta dos juros e passa Selic a 10,75% no site CNN Brasil.
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Author: gabrielbosa