Os investimentos no lítio seguem crescendo. Já o preço é uma outra história
Os preços do lítio nos últimos anos aceleraram mais do que um Rimac Nevera, o veículo elétrico mais rápido do mundo – a máquina faz de 0 a 100 km por hora em apenas dois segundos e tem o mineral, também conhecido como “ouro branco“, em suas baterias. Só que a frenagem chegou e, desde o ano passado, as cotações do lítio entraram em rota de queda por conta de um reequilíbrio de mercado.
O cenário poderia indicar retração para novos investimentos, mas não foi isso o que aconteceu – pelo menos aqui no país, que tem a quinta maior reserva mundial de lítio. As mineradoras seguem fazendo investimentos na produção no Brasil.
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Na semana passada, a australiana Pilbara Minerals, maior produtora mundial de lítio, anunciou um investimento de US$ 400 milhões na brasileira Belo Lithium, firma que possui uma mina em Salinas (MG) e que foi comprada pela própria Pilbara no mês passado por US$ 370 milhões. O ativo vai aumentar em 20% as reservas atuais de lítio da mineradora australiana.
A brasileira Sigma Lithium também não fica atrás. No mês passado, a firma, que é listada na bolsa de Toronto, obteve empréstimo de R$ 487 milhões do BNDES para financiar a construção de uma segunda planta de lítio, que deverá dobrar a capacidade produtiva da firma quando ela estiver totalmente operacional – o que deve levar mais alguns anos.
A aceleração
O boom dos veículos elétricos, sustentado principalmente pela Europa e China, era o que vinha explicando o crescimento dos preços do lítio. Na janela de 2021-2022, a cotação do carbonato de lítio, composto químico que está presente nas baterias de carros e celulares, na bolsa de Xangai subiu mais de 875%.
Sob este cenário, os fabricantes de veículos foram à caça de suprimentos de lítio.
A Stellantis, dona da Fiat, investiu US$ 900 milhões para comprar 19,9% da Argentina Lithium & Energy (ALE), uma mineradora pré-operacional que deverá entrar em atividade em 2028, feito no ano passado. Tesla, Volkswagen e BYD chegaram a negociar a compra da brasileira Sigma Lithium, em negócio que poderia superar os bilhões de reais.
A questão é que, diferentemente de outras commodities, o lítio é um produto abundante na terra e logo as mineradoras deram conta da demanda. Hoje há sobreoferta do mineral e, como resultado, as cotações do carbonato de lítio estão quase 90% abaixo do pico observado no auge de 2022. Para piorar, a demanda por veículos elétricos também desacelerou.
Na contramão
Se o Brasil ainda tem sido um mercado fértil, fora dele a empolgação não parece ser a mesma. O The Wall Street Journal informou nesta semana que a chinesa CATL, uma outra grande produtora mundial de lítio, teria suspendido as atividades em suas minas. Segundo o UBS, a firma conta com cerca de 5% do suprimento global.
De acordo com a mídia chinesa, a CATL não confirmou a suspensão, mas disse que está fazendo ajustes em sua produção. Isso já foi o suficiente para uma arrancada nos preços do carbonato de lítio, que chegaram a subir mais de 4% em relação à semana anterior.
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Ainda de acordo com o UBS, os preços atuais do carbonato de lítio, em torno de US$ 9.975 por tonelada, já são menores que o custo de produção da CATL – lembrando que a firma também produz as baterias, o que pode amenizar as perdas. Mas, no geral, os preços não podem cair muito mais a partir daqui se a produção global quiser permanecer viável economicamente.
Até o momento, não existe nada no horizonte que possa indicar uma retomada de preços. O JP Morgan aponta que os estoques de carbonato de lítio na China, o mercado de referência, estão em um nível historicamente alto.
O Goldman Sachs estimou que a oferta de carbonato de lítio no próximo ano pode ser 57% maior do que a demanda. Por outro lado, os produtores de lítio estão capitalizados, o que pode indicar que ainda haverá cheque para expansão pontuais, afirma o UBS.
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Author: Redação InvestNews