Petróleo: para onde vão os preços entre conflito no Oriente Médio e notícias da Opep?
As últimas semanas têm sido de forte volatilidade para o petróleo.
Em um primeiro momento, conforme ressalta a XP, os preços caíram drasticamente devido às preocupações com a fraca economia global e com a diminuição da demanda. No entanto, mais recentemente, os preços subiram novamente devido ao aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, principalmente depois que os confrontos em andamento entre Israel e o Irã surgiram com o risco de uma nova escalada.
Na véspera, os preços chegaram a amenizar tendo como pano de fundo alívio de restrições voluntárias à produção da commodity por membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e com a divulgação de dados sobre estoques de petróleo nos Estados Unidos, mas logo voltaram a saltar nesta quinta, devido a novos desdobramentos da tensão no Oriente Médio gerando preocupação dos investidores de que um conflito crescente poderia interromper o fluxo de petróleo da região.
Em meio a tamanha volatilidade e tantas forças de lados opostos mexendo com as cotações, o que analistas de mercado vislumbram para os preços do petróleo?
Especificamente sobre o efeito da reunião da Opep+, Regis Cardoso e Helena Kelm, analistas da XP que assinam relatório sobre o tema, apontam que o petróleo amenizou os ganhos após a reunião da Opep+ uma vez que participantes do mercado estão cautelosos quanto a possíveis brigas internas entre os membros do cartel de produtores, o que poderia fazer com que os preços do petróleo caiam.
O Wall Street Journal (WSJ) relatou uma ameaça velada aos infratores das cotas de produção, com representantes sauditas supostamente afirmando que os preços do petróleo poderiam cair para US$ 50/bbl se os estados membros não cumprissem a declaração.
A declaração sugere a possibilidade de os sauditas retaliarem aumentando a produção e correndo o risco de inundar os mercados. “Em nossa opinião, esse cenário continua improvável no curto prazo. Achamos que é natural que a Opep+ fique atenta ao cumprimento e que use essa retórica como um instrumento para impor os limites de produção acordados”, avalia a XP. A Opep refutou a reportagem do WSJ posteriormente.
Os analistas da XP avaliam estarem menos pessimistas em relação à oferta e à demanda, pois atribuem uma probabilidade menor de uma rápida desaceleração da demanda que incline os balanços de oferta/demanda para um excesso de oferta grave. “Por outro lado, continuamos esperançosos de que a escalada no Oriente Médio possa ser contida para evitar que o conflito se transforme em uma guerra regional”, apontam.
Enquanto isso, os temores do mercado estão aumentando sobre a possibilidade de Israel ter como alvo a infraestrutura de petróleo iraniana, colocando também no radar a ameaça de retaliação do Irã. Há preocupações de que tal escalada possa levar o Irã a bloquear o Estreito de Ormuz ou atacar a infraestrutura saudita, como fez em 2019, segundo disse para a Reuters o analista da Panmure Gordon, Ashley Kelty.
Para entender o atual contexto geopolítico, os analistas do Bradesco BBI fizeram uma reunião com Hagai M. Segal, professor da NYU e consultor em geopolítica e Oriente Médio. Eles saíram do encontro com a visão de ser improvável que Israel atinja ativos de petróleo críticos no Irã, que poderiam causar uma crise de preços do petróleo que diminuíram ainda mais o apoio ao país.
“Portanto, esperamos que os preços do Brent permaneçam amplamente contidos por agora, talvez na faixa dos US$ 70. No entanto, os cenários de como o Irã decida responder e sua capacidade de atingir ativos de petróleo (e por quanto tempo) permanecem como o principal risco de alta para os preços do petróleo neste estágio”, avalia o banco. Nesta quinta, o contrato futuro do brent (utilizado como referência) mais negociado estava na casa dos US$ 77 o barril.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o Irã pagaria por seu ataque com mísseis contra Israel na terça-feira, enquanto Teerã disse que qualquer retaliação seria recebida com “vasta destruição”, aumentando os temores de uma guerra mais ampla.
Em nota, o Goldman Sachs manteve a sua previsão de preços do brent entre US$ 70 e US$ 85 o barril e a projeção média do Brent para 2025 em US$ 77/bbl (revisada no final de agosto), uma vez que assume que a Opep aumentará a produção no quarto trimestre.
Para os analistas do banco, embora a reversão em posições vendida (short) e o prêmio de risco geopolítico elevado possam puxar o preço do petróleo bruto para cima no curto prazo, o prêmio permanece limitado devido à alta capacidade excedente e às interrupções limitadas da produção.
De qualquer forma, acreditam que os preços do petróleo devam permanecer sensíveis a quaisquer interrupções reais no fornecimento, com um possível fechamento do Estreito de Ormuz provavelmente levando a um aumento significativo nos preços do petróleo.
Sobre as recentes medidas de estímulo anunciadas pelo governo da China, o banco vê um risco limitado de alta na demanda por petróleo pelo gigante chinês, devido ainda à incerteza sobre a flexibilização fiscal e por conta da sensibilidade relativamente menor da demanda global por petróleo às flutuações do PIB real da China.
(com Reuters)
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Autor: Lara Rizério