Como a Faria Lima vê o resultado da eleição em SP no primeiro turno?
A eleição para prefeito de São Paulo de 2024 foi a mais disputada da história. A diferença entre o primeiro e o terceiro colocado foi de apenas 81.865 votos em uma cidade com 9,32 milhões de eleitores. Foram para o segundo turno os candidatos Ricardo Nunes (MDB) com 29,48% dos votos e Guilherme Boulos (PSOL) com 29,07%. O terceiro colocado, Pablo Marçal (PRTB) recebeu 28,14% dos votos. Para especialistas da Faria Lima, o resultado de São Paulo reforçou a polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Raony Rossetti, CEO da Melver, comenta que o cenário eleitoral na Capital paulista destoou um pouco do restante do País. Enquanto a maioria elegeu candidatos de centro-direita e fora da polarização entre Lula e Bolsonaro, a cidade de São Paulo chega ao segundo turno com os candidatos apoiados por eles.
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Ricardo Nunes (MDB) recebe o apoio de Bolsonaro e tem um bolsonarista em sua chapa como vice, o coronel Mello Araújo. Já Guilherme Boulos (PSOL) está alinhado com Lula e tem uma petista como vice, a ex-prefeita Marta Suplicy. “Como Lula está no governo federal, uma vitória de Boulos em São Paulo seria especialmente significativa, fortalecendo a governabilidade do presidente da República durante o restante do mandato, o que poderia influenciar a aprovação de projetos e a gestão fiscal, afetando o humor dos investidores”, argumenta Rossetti.
Para Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, Bolsonaro se mostrou um cabo eleitoral muito forte, com exceção no Rio de Janeiro. “A expectativa fica de que as próximas eleições legislativas podem criar um Congresso ainda mais conservador”, afirma.
Por que São Paulo teve números diferentes do Brasil nas eleições?
Na visão dos especialistas da Faria Lima, São Paulo mostrou comportamento diferente, pois em todo o País os resultados das eleições mostram que, independente de Bolsonaro ou Lula, a centro-direita conquistou o maior número de cidades até aqui. Olhando para a totalidade de municípios, o Partido Social Democrático (PSD), de Gilberto Kassab, ficou com 878 prefeituras. O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) ficou com 847 prefeituras e o Partido Progressista (PP) ganhou em 743 municípios.
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Carlos Eduardo Oliveira Jr., do Conselho Regional de Economia – 2ª Região (Corecon-SP), a centro-direita conseguiu superar a polarização de 2022 entre as forças de centro-esquerda e direita que dominam a política nacional, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas capitais, MDB e União Brasil, de centro-direita, levaram duas cidades. Já o Partido Liberal (PL), de Bolsonaro, ficou com duas. O Partido Socialista Brasileiro (PSB), mais ao centro, levou uma prefeitura, enquanto o Republicanos, do governador Tarcísio de Freitas (SP), ganhou em uma. As outras 15 capitais ainda terão segundo turno.
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De modo geral, como a centro-direita saiu vitoriosa em termos de números de municípios, os especialistas dizem que a tendência é de as cidades brasileiras serem mais favoráveis às políticas econômicas de austeridade e reformas estruturais, desse modo, o mercado reage positivamente. “A vitória desses partidos em grandes capitais pode significar uma continuidade de políticas pró-mercado, diminuindo os riscos de instabilidade regulatória e favorecendo o ambiente de negócios”, explica Oliveira.
Em São Paulo, ainda não dá para cravar um nome, visto que a campanha do segundo turno ainda nem começou. Todavia, as pesquisas também apontavam que o primeiro turno seria disputado e repleto de empates técnicos – veja nesta reportagem. Já para o segundo turno, apontam para uma vitória de Ricardo Nunes contra Guilherme Boulos.
Segundo a pesquisa Datafolha do dia 3 outubro, a qual acertou o empate triplo do primeiro turno, inclusive no porcentual de votos, Ricardo Nunes deve ser o novo prefeito da maior cidade do País. O instituto de pesquisa estima que Nunes terá 52% dos votos, enquanto Boulos ficará com 37%. Vale lembrar que uma pesquisa reflete o momento em que foi realizada. Ou seja, devido à distância até o dia da eleição, em 27 de outubro, as intenções de voto para prefeito do São Paulo ainda podem mudar.
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Autor: Bruno Andrade