Macro Vision: os principais recados que o mercado passa ao investidor
Acontece nesta segunda-feira (14) o Macro Vision, evento promovido pelo Itaú BBA para discutir as perspectivas para o mercado de investimentos. Um cenário geopolítico incerto, momentos diferentes de ciclos macroeconômicos nas economias globais, eleições presidenciais nos Estados Unidos, risco fiscal no Brasil – estão em pauta as principais as incertezas que fazem peso nas decisões de investidores atualmente.
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Pela manhã, a discussão sobre política econômica, fiscal e monetária dominou, com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Os dois economistas foram questionados, em seus respectivos painéis, sobre o aumento do risco fiscal no País. Um dos pontos mais cobrados atualmente, que levou o mercado inclusive a exigir maior prêmio de risco nos ativos, é em relação à sustentabilidade do arcabouço fiscal em médio e longo prazo. O entendimento é que, sem uma contrapartida de corte de gastos, o governo não vai conseguir entregar as metas de resultado primário prometido.
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A possibilidade de descontrole fiscal e aumento da relação da dívida PIB do Brasil preocupa; e é um dos motivos por trás da desancoragem das expectativas de inflação que vem sendo registrada nas últimas semanas no Boletim Focus. “As dúvidas do mercado, que do meu ponto de vista são justificáveis, são porque está difícil enxergar como a soma das partes vai caber dentro do todo. Mas o arcabouço é consistente do ponto de vista lógico e, quando o mercado perceber a sua consistência intertemporal, as expectativas voltam a se alinhar com o que a economia real está mostrando”, disse Haddad no evento.
Questionado se defenderá o cumprimento do arcabouço, o ministro reforçou que “a Fazenda defende o que propôs em março do ano passado”, destacando ainda ainda a recente revisão da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s Ratings, de Ba2 para Ba1, a um nível do selo “grau de investimento”, como um sinal de que o trabalho em econômico em curso está funcionando. “O importante é que a arquitetura do arcabouço faz sentido, e isso é o caminho do sucesso para chegar ao grau de investimento se acertarmos a mão.”
A dinâmica e a incerteza em relação à política fiscal têm respingado no Banco Central. A instituição se viu obrigada a retomar o ciclo de aperto monetário, voltando a subir a taxa Selic na contramão dos BCs de economias desenvolvidas, em meio ao processo de desancoragem das expectativas de inflação e transição no comando do órgão. Contamos mais sobre essa cobrança por “credibilidade” do BC nesta outra reportagem.
Mas, para Gabriel Galípolo, a tarefa do BC é “menos desafiadora” do que a da Fazenda. “O diagnóstico do que precisa ser feito está bastante claro na Fazenda, mas as dores vem na diferença de velocidade daquilo que é demandado e do que é possível da política”, diz o futuro presidente do BC. “Quanto mais passa tempo, a ansiedade por notícias positivas se converte em ceticismo; e a gestão dessas expectativas é uma tarefa mais complexa. Já para o BC, a função é perseguir a meta.”
Galípolo reconheceu que enfrentou o ceticismo do mercado ao ser indicado para suceder Roberto Campos Neto no comando da instituição, mas reforçou que a instituição tem autonomia para subir, manter ou cortar juros – e que ele próprio já votou pelos três ajustes. O mercado já precifica a continuidade das elevações na Selic na média de 200 pontos, o que levaria o juro brasileiro para perto dos 12,00% em 2025, um movimento contrário ao que vem acontecendo nas economias desenvolvidas e que, segundo o diretor, é explicado por momentos diferentes do ciclo econômico.
“As variáveis que nos levaram à alta de juros foram justamente um mercado de trabalho mais apertado e o hiato que migrou o campo positivo. É usual ver a queixa de volatilidade e descasamento de política monetária aqui e em outros países; mas o Brasil continua dando sinais de resiliência econômica maior e as expectativas permanecem desancoradas em patamares desconfortáveis para o BC”, afirmou.
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Autor: Luíza Lanza