SP tem 537 mil sem luz há três dias. Resposta da Enel ficou aquém, diz regulador
Pouco mais de 530 mil consumidores ainda estão sem energia elétrica na região metropolitana de São Paulo na manhã desta segunda-feira depois do forte temporal da última sexta, com ventos de mais de 100 km/h que danificaram pontos da rede elétrica, disse a distribuidora Enel São Paulo.
Na noite da véspera, representantes das agências reguladoras Aneel e Arsesp afirmaram que a mobilização da firma para responder ao evento foi “muito abaixo do esperado”, segundo uma análise preliminar, e reforçaram que a Enel será intimada, em processo que poderá levar à recomendação de caducidade do contrato da firma.
O apagão após evento climático considerado extremo, que deixou ao menos cinco mortos na região, repete uma realidade vivida na área de concessão paulista da Enel desde o fim do ano passado, uma situação que vem revoltando consumidores e autoridades e que levou à aplicação de multas milionárias devido à demora da companhia em restabelecer a prestação dos serviços para a população.
De acordo com a Enel São Paulo, desde sexta-feira 1,5 milhão de clientes tiveram o serviço normalizado, enquanto 537 mil ainda estão sem luz. São 354 mil clientes sem energia na capital, 36,9 mil em Cotia, 32,7 mil em Taboão da Serra, e 28,1 mil em São Bernardo do Campo.
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No mês passado, a Enel São Paulo chegou a apresentar as ações de um plano de contingência elaborado para enfrentar eventos climáticos extremos durante o verão em suas três distribuidoras, que atendem 15 milhões de clientes nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.
Segundo a firma, estavam previstas até 2026 a contratação de 5 mil novos colaboradores próprios, para reforçar equipes de campo, e a incorporação de 1.650 novos veículos à frota.
Segundo informações da Enel e da agência reguladora Aneel, para atender ao apagão da última sexta-feira as equipes de campo da concessionária paulista foram reforçadas com pessoal emprestado pelas distribuidoras da Enel no Rio de Janeiro e Ceará e também por outras concessionária, como EDP São Paulo e Light e a transmissora ISA Cteep.
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Na noite da véspera, diretores das agências reguladoras federal e estadual responsáveis por fiscalizar a prestação dos serviços de energia elétrica apontaram preocupação com a capacidade de mobilização e velocidade das equipes da Enel em responder à população após o temporal.
Thiago Nunes, presidente da Arsesp, disse que o plano de contingência apresentado pela Enel previa 2,5 mil pessoas para trabalhar no restabelecimento dos serviços em uma situação extrema como a de sexta-feira.
“Esse número ainda não foi alcançado, nós temos hoje então por volta de 1,7 mil, 1,8 mil pessoas. Passadas 48 horas dos eventos, ainda não atingiu a mobilização que era esperada em razão de um evento dessa magnitude”, disse Nunes.
Já o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, destacou que desde 2018 já foram aplicadas cerca de 320 milhões de reais em multas à Enel São Paulo. Segundo ele, as duas últimas, que somam 260 milhões de reais e são referentes a eventos climáticos extremos desde o fim do ano passado, estão com pagamento suspenso por ordem judicial.
O Ministério de Minas e Energia, por sua vez, evitou fazer cobranças diretas à Enel, como no passado, e mirou suas críticas na Aneel, dizendo que a autarquia “claramente se mostra falha na fiscalização da distribuidora de energia”. A pasta marcou uma coletiva de imprensa do ministro Alexandre Silveira nesta segunda-feira, às 10h, em São Paulo para comentar o caso.
(Por Letícia Fucuchima)
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Reuters