O número de ações a descoberto no Ibovespa saiu de 5,5% para 6,2%, puxado pelo setor do agronegócio e de bancos, de acordo com o relatório da XP divulgado nesta segunda-feira (21).
O valor das posições soma R$ 98,2 bilhões, conforme os dados da cotação de sexta-feira (18).
Esse tipo de estratégia ocorre quando os investidores tomam uma posição vendida em uma ação com a expectativa de que o preço irá cair, assim eles a recompram e lucram com a diferença.
A venda de ações a descoberto — short selling — costuma mostrar o sentimento institucional em relação a uma ação.
O documento da XP explica que, em geral, quando essas métricas são altas significa um sinal de baixa porque os investidores institucionais esperam que as ações caiam ou estão aumentando suas apostas contra as ações.
“Isso não é, no entanto, uma certeza, pois há outras razões para assumir uma posição vendida em uma carteira, como hedge para proteger outros investimentos. Em geral, um short interest acima de 10% é considerado ‘alto’”, diz trecho do relatório.
O short interest, segundo o documento, é a razão entre o total de ações alugadas que ainda não foram cobertas ou compradas de volta para fechar a posição, e a quantidade de ações disponíveis.
É nesse cenário que o short interest do setor do agronegócio passou de 5,4%, há duas semanas, para 7,5%. O maior aumento foi puxado pela Boa Safra (SOJA3), com um índice de 8,1%.
Outro destaque é o valor das posições em aberto de SLC Agrícola (SLCE3), que atingiu o nível mais alto de todo o histórico, somando R$ 679 milhões, apesar da taxa de aluguel seguir em baixa de 0,2%.
Isso significa que os investidores apostam contra o agronegócio. É o que observa João Daronco, analista da Suno Research.
“Do lado do agro, entendo que existe temores de que o ciclo negativo que vivemos atualmente dentro das commodities agrícolas perdure por mais tempo, o que poderia levar a mais firmas apresentarem pedidos de recuperação judicial, machucando ainda mais o setor. Com isso, investidores apostam contra esse setor, como podemos ver nos dados”, afirma.
O relatório aponta ainda que os bancos também apresentaram um aumento no índice mediano. Há duas semanas estava em 2,2% e passou para 4,1%. A maior influência foi a do Santander (SANB11), com 6,1% do seu free float — ações disponíveis para negociação.
Em relação ao aumento significativo do nível de shorts, Daronco explica que isso está relacionado com a liberação dos investidores da opção de aluguel para as corretoras.
“Elas alugam a taxas bastante baixas. Isso aumenta a atratividade do short, ainda mais em um momento de taxas de juros elevadas”, observa.
Este tipo de operação, contudo, desperta atenção. “O grande risco de fazer uma operação desse tipo é haver uma valorização dos ativos, o que pode gerar problemas para investidores despreparados”, diz.
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Autor: gabrielbosa
