McDonald’s: surto de bactéria derruba ação com novo revés em meio a cenário difícil
(Reuters) – As ações do McDonald’s caíam cerca de 5% no final da manhã desta quarta-feira, pressionadas por um surto da bactéria E. coli nos Estados Unidos ligado ao sanduíche “Quarter Pounder”. Uma pessoa morreu e outras 49 ficaram doentes no país.
O surto foi relatado em 10 Estados dos EUA e pelo menos 10 pessoas foram hospitalizadas, informou o Centro de Controle de Doenças dos EUA na terça-feira. Os casos começaram a ser registrados no final de setembro e continuaram em outubro.
“Esse susto com a saúde pública é a última coisa de que o McDonald’s precisa, uma vez que já está enfrentando dificuldades para impulsionar crescimento”, disse Susannah Streeter, anaista da Hargreaves Lansdown.
A cepa da bactéria E. coli O157:H7 que levou ao surto no McDonald’s pode causar doenças graves e é a mesma ligada a um incidente ocorrido em 1993 na rede de fastfood norte-americana Jack in the Box, que matou quatro crianças.
O surto pode ter sido causado pelo uso de cebolas cortadas em rodelas usadas no sanduíche. O ingrediente é proveniente de um único fornecedor que atende a três centros de distribuição, disse o McDonald’s com base em estudos iniciais.
No passado, dois importantes surtos de E. coli – na rede de fastfood Chipotle Mexican Grill em 2015 e na Jack in the Box em 1993 – prejudicaram significativamente as vendas das firmas.
A Chipotle levou um ano e meio para se estabilizar, enquanto as vendas da Jack in the Box caíram por quatro trimestres consecutivos, disse Brian Vaccaro, analista da Raymond James.
“Problemas de segurança alimentar são lamentáveis neste setor, e nossos pensamentos estão com os afetados. O MCDonald’s tem geralmente um bom histórico em segurança alimentar globalmente e se concentrado muito nisso. Se o problema estiver de fato restrito a um único fornecedor de vegetais, conforme observado, achamos que esse é provavelmente o melhor resultado neste tipo de situação. Isso não sugere um problema de processo em restaurantes ou um problema com o fornecimento de carne bovina, que pode ser mais amplo e, às vezes, mais grave”, avalia o Morgan Stanley.
Como tal, embora isso crie algumas questões de negócios no curto prazo em mercados selecionados, o Morgan não acredita que isso seja uma ameaça de médio/longo prazo à estabilidade ou reputação dos negócios da rede de fast-food. “Não esperamos um impacto em outros mercados se isso for realmente confinado a um fornecedor específico dos EUA. Dito isso, gostaríamos de observar que a investigação ainda está evoluindo, e mais casos podem surgir”, aponta o Morgan.
Os analistas disseram que as vendas do McDonald’s no quarto trimestre podem sofrer alguma pressão devido à contaminação, mas é muito cedo para dizer se será pior do que os dois casos anteriores de E. Coli.
“Embora seja cedo, o precedente histórico sugere que as pressões das vendas comparáveis podem diminuir rapidamente e se mostrarem transitórias, presumindo-se que não haja recorrência”, disse Andrew Strelzik, analista da BMO Capital Markets.
O McDonald’s divulgou em julho uma primeira queda trimestral de vendas em mais de três anos.
A ação da firma para identificar rapidamente a fonte da contaminação e reabastecer os suprimentos deve resolver o problema”, disseram analistas do JPMorgan, acrescentando que não esperam que o caso “engula os EUA ou o mercado internacional”.
O McDonald’s disse que removeu as cebolas cortadas e os hambúrgueres usados no Quarter Pounder e suspendeu temporariamente a venda nas lojas das áreas afetadas.
O Goldman Sachs também apontou que, uma vez que o caso parece ser relacionado mais ao uso de cebolas cortadas em rodelas usadas no sanduíche de um único fornecedor e não às carnes, firmas de proteínas não devem ser diretamente afetadas. JBS (JBSS3) e National Beef (da Marfrig MRFG3) são algumas das fornecedoras de carne bovina do McDonald’s nos EUA.
(com Reuters)
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Autor: Reuters