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Entenda por que o dólar está em alta global apesar das expectativas de queda nos juros do Fed

O dólar bateu os R$ 5,73 nesta terça-feira (29), na máxima de outubro, mês em que a moeda norte-americana beira uma valorização de 6% frente ao real desde o fechamento do dia 1º. O pico desta terça, assim como o movimento mensal, no entanto, é um fenômeno global, com o US Dollar Index, o índice DXY, subindo 4% este mês, a maior variação mensal em mais de dois anos. O DXY compara o valor do dólar americano em relação a uma cesta de moedas estrangeiras.

O principal fator de valorização do dólar é a incerteza, principalmente em relação à política americana. “A gente tem uma das eleições mais disputadas dos últimos anos nos Estados Unidos”, comenta Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank. Apesar de uma vantagem apertada, no mercado de câmbio cresce a aposta no ex-presidente Donald Trump. Sendo eleito na próxima terça (5), a expectativa é de uma política protecionista que tende a valorizar o dólar frente às outras moedas.

Os sinais do Federal Reserve indicariam uma possível desvalorização do dólar frente a outras moedas, especialmente após a última reunião de setembro, quando a autoridade monetária norte-americana cortou a taxa de juros em 0,50 ponto. O dólar, no entanto, continua se apreciando. Para o colunista do Estadão e professor de Finanças da FGV-SP, Fabio Gallo, o prolongamento das guerras (na Ucrânia e Oriente Médio) inserem ainda mais incertezas, que estimulam a procura pela principal moeda mundial. “A pressão cambial também é acentuada por recentes movimentos estratégicos de China e Rússia no Brics”, diz.

André Valério, economista sênior do Inter, argumenta que o movimento na cotação do dólar poderia ainda estar relacionado ao movimento da taxa de juros de 10 anos dos títulos públicos americanos. Desde a última reunião do Federal Reserve, em 18 de setembro, essa taxa avançou 60 pontos-base (0,60), “refletindo a visão do próprio Fed” de que a taxa de juros de longo prazo da economia americana aumentou de 2,8% (na visão de agosto) para 2,9% (na visão de setembro).

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Outro ponto é referente aos dados da economia americana que vêm apontando para uma robustez ainda elevada, com o mercado de trabalho não apresentando os sinais de enfraquecimento, o que “limitaria o espaço para corte dos juros”, diz. Nesta semana saem novos dados de emprego e inflação e que podem influenciar a política do Federal Reserve. A expectativa também gera volatilidade.

Há fatores internos de cada país, também. No Japão, por exemplo, o iene tem se desvalorizado após a eleição local e com a influência de uma política fiscal mais frouxa. Na China, a economia vem dando sinais de cansaço, mesmo com os últimos anúncios de pacotes para reavivar o setor imobiliário.

No Brasil, o cenário fiscal contribui para um pior desempenho de sua moeda. “Longe de ter sinalizações de que o governo vai mudar a sua política de gastos e se enquadrar um pouco mais no orçamento, a gente tem um efeito mais significativo de alta no dólar“, argumenta Perottoni.

US Dollar Index, o DXY: a influência sobre a moeda

O DXY (US Dollar Index) mede o valor do dólar americano em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, representando seus principais parceiros comerciais. Criado em 1973 e mantido pela Intercontinental Exchange (ICE), o índice aumenta quando o dólar ganha força em comparação com outras moedas. As moedas incluídas no índice e seus pesos são: euro (57,6%), iene (13,6%), libra esterlina (11,9%), dólar canadense (9,1%), coroa sueca (4,2%) e franco suíço (3,6%). O índice começou com valor 100 e teve sua composição alterada apenas uma vez, com a introdução do euro em 1999.

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Autor: Leo Guimarães

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