Com o envelhecimento da população brasileira, o tema da longevidade ganha destaque nas discussões sobre saúde e bem-estar. Dados do IBGE indicam que, entre 2000 e 2023, a proporção de idosos (60 anos ou mais) na população praticamente dobrou, passando a representar 15,6% dos brasileiros. A expectativa, nas próximas quatro décadas, é de que essa proporção dobre novamente.
Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, Marcio Atalla, especialista em saúde e qualidade de vida, afirma que a longevidade vai muito além de simplesmente contar os anos: “Trata-se de viver com qualidade.”
Segundo Atalla, há pelo menos cinco pilares para a longevidade que devem ser compreendidos para se alcançar os melhores resultados na terceira idade: qualidade do meio ambiente, prática regular de atividades físicas, planejamento para o futuro, mudanças de hábitos e uma consciência voltada para o longo prazo.
Ele traçou um paralelo entre o autocuidado com vistas à velhice e o investimento para a aposentadoria. Assim como as finanças necessitam de planejamento e de disciplina, a saúde requer um investimento contínuo.
“Cuidar da saúde é como investir. Se você não começar a economizar cedo, terá dificuldades financeiras no futuro. Da mesma forma, se não cultivar hábitos saudáveis agora, poderá enfrentar consequências na velhice.”
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O ambiente e a qualidade de vida
O especialista destaca que um dos principais problemas nos grandes centros urbanos é a qualidade do ar. “Estudos mostram que pessoas que residem em áreas com melhor qualidade ambiental, como parques e espaços verdes, têm menor incidência de doenças crônicas e, consequentemente, vivem mais”, observa ele.
A poluição e a escassez de áreas verdes são grandes obstáculos para a longevidade, mas há formas de mitigar, aos poucos, seus efeitos mais intensos. Em setembro de 2024, devido ao clima seco e às queimadas, o jornal O Globo noticiou um aumento significativo na procura por umidificadores de ar em uma rede de varejo: alta de 665% em comparação com o mesmo mês do ano anterior.
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Hábitos e atividade física
Outro pilar essencial para a longevidade é a prática de atividades físicas. Atalla reforça que fazer exercícios é um investimento de longo prazo na saúde.
“A frase ‘você só vai colher o que plantar hoje’ é muito poderosa nesse contexto”, comenta. Ele observa que isso exige mudanças de mentalidade, já que muitos têm dificuldade em obter os benefícios imediatos da prática regular de exercícios.
“Se você se exercita um dia e, no dia seguinte, olha no espelho e não vê mudanças, é fácil desanimar. O segredo é entender que a transformação ocorre ao longo do tempo”, explica.
Além disso, Atalla confirma que isso pode ser uma barreira para quem deseja adotar um estilo de vida ativo, mas não há atalhos para alcançar resultados duradouros.
“Você vai precisar construir esse caminho – pode ser um pouco mais rápido ou mais lento –, mas é preciso criar o hábito e praticar constantemente. É isso que torna o processo tão difícil, pois não há como terceirizar”, afirma ele.
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Para quem passa muitas horas sentado, seja no escritório ou em home office, e tem uma rotina sedentária, ele sugere pequenas mudanças que podem ser facilmente internas ao dia a dia.
Essas mudanças incluem caminhadas pelo bairro, subir escadas, alongamentos regulares e até pausas curtas para se movimentar. O importante, na visão dele, é evitar o sedentarismo.
Ele enfatiza que a longevidade deve ser vista como um ativo positivo, e quanto antes começar a trabalhar para atingi-la, melhor. Atalla acredita que o que se faz agora influencia diretamente a qualidade de vida no futuro. Por isso, “a prevenção é o melhor caminho.”
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Autor: Victória Anhesini
