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‘Trump trade’ reordenaria fluxo comercial, aumentaria custo e provocaria retaliações

O ex-presidente Donald Trump durante entrevista à imprensa em seu campo de golfe na Califórnia, na sexta-feira (13). Dois dias depois, no campo de golpe que ele tem em West Palm Beach, na Flórida, ele foi vítima de uma suposta tentativa de ataque, segundo o FBI afirmou à Associated Press. Foto: Eric Thayer/Bloomberg

O fazendeiro Bob Hemesath, residente do Estado de Iowa, teme que a agricultura dos Estados Unidos pague caro se o ex-presidente Donald Trump vencer a eleição presidencial de terça-feira e cumprir a promessa de impor uma tarifa de 60% sobre produtos chineses e uma taxa de 10% sobre todas as outras importações.

Poderia ser uma repetição muito pior da guerra comercial de 2018 e 2019 do republicano contra a China, que atingiu os produtos agrícolas dos EUA com tarifas retaliatórias e transferiu as compras de Pequim para o Brasil e a Argentina, disse Hemesath, que cultiva milho e soja e cria porcos em 2.800 acres de terra no nordeste de Iowa.

“Quando começamos a impor tarifas aos outros, geralmente as tarifas retaliatórias acabam recaindo sobre os produtos agrícolas norte-americanos”, disse Hemesath, que preside o grupo de defesa Fazendeiros pelo Livre Comércio.

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“O que me preocupa é que, quando fazemos esse tipo de coisa, perdemos a participação no mercado e não conseguimos recuperá-la”, disse ele. Hemesath se recusou a dizer em quem votará na eleição.

Economistas afirmam que os planos tarifários de Trump, provavelmente sua política econômica mais importante, levariam as taxas de importação dos EUA de volta aos níveis dos anos 1930, estimulariam a inflação, colapsariam o comércio entre o país e a China, provocariam retaliações e reordenariam drasticamente as cadeias de oferta.

As preocupações de Hemesath foram repetidas em um estudo recente da Associação Nacional de Produtores de Milho e da Associação Americana de Soja, que previu que uma nova guerra comercial com a China poderia provocar perdas mais profundas nas exportações de safras dos EUA, derrubar os preços domésticos já deprimidos e consolidar uma mudança das importações da China para o Brasil e a Argentina.

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Trump, que está em uma disputa acirrada pela Casa Branca contra a vice-presidente democrata, Kamala Harris, tem chamado tarifas de “a palavra mais bonita do mundo” e argumentado que seus planos reconstruiriam a base de manufatura dos EUA, aumentariam os empregos e a renda e gerariam trilhões de dólares em receitas federais ao longo de 10 anos.

Economistas concordam universalmente que as tarifas são pagas pelas firmas que importam os produtos sujeitos às taxas, e elas repassam os custos aos consumidores ou aceitam lucros menores.

As tarifas, se totalmente impostas, elevariam os níveis tarifários médios efetivos dos EUA para 17,7%, os mais altos desde 1934, de acordo com a Tax Foundation. Os planos foram comparados à Lei de Tarifas Smoot-Hawley de 1930, que aumentou drasticamente as tarifas dos EUA, provocando retaliação e um colapso global do comércio que ajudou a agravar a Grande Depressão.

O comércio geral entre os EUA e a China cairia 70% em relação aos níveis já reduzidos pelas tarifas de Trump para a China em 2018 e 2019, que foram mantidas e recentemente aumentadas pelo presidente Joe Biden, disse Bernard Yaros, economista-chefe da Oxford Economics para os EUA.

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Yaros disse que o cenário pós-tarifário não reduziria o déficit comercial geral dos EUA, mas desencadearia uma “grande reordenação dos fluxos comerciais” com outros países, o que poderia ser caro no curto prazo.

Kamala, que substituiu Biden como candidata presidencial democrata depois que ele desistiu sua campanha em julho, tem criticado os planos tarifários de Trump como “um imposto nacional sobre vendas” que custará às famílias norte-americanas até 4.000 dólares por ano.

O laboratório de Yale, que conta com alguns ex-assessores econômicos e tributários do governo Biden, calcula que as tarifas de Trump aumentariam inicialmente o nível dos preços ao consumidor em 1,2% a 5,1%, ou cerca de sete a 31 meses de inflação normal na meta anual de 2% do Federal Reserve.

Um porta-voz da campanha de Trump respondeu citando um estudo da Coalizão por uma América Próspera, um grupo de defesa de tarifas, que mostra que uma tarifa universal de 10% não causaria “aumentos significativos de preços” e, quando combinada com cortes de impostos compensatórios, geraria um crescimento econômico de 728 bilhões de dólares e 2,8 milhões de empregos.

Kamala tem endossado a abordagem mais direcionada do governo Biden em relação às tarifas para proteger setores estratégicos dos EUA, mas disse em setembro que renegociaria o Acordo Estados Unidos-México-Canadá, fechado por Trump, sobre comércio em 2026 para proteger os emprego do setor automotivo dos EUA.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Reuters

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