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Dólar em alta impulsiona classe de fundos e investidor já ganha 23% no ano; veja os mais rentáveis

A forte desvalorização do real frente ao dólar, que fechou o pregão desta terça-feira (12) em alta de 0,03%, a R$ 5,7714, coloca os fundos cambiais em evidência, atraindo a atenção de investidores que buscam proteção contra a volatilidade. No ano, a moeda americana já beira os 19% de valorização frente ao real, com reflexos nos desempenhos dos fundos, que se beneficiam diretamente desse movimento e  funcionam como uma proteção contra a desvalorização do real.

É preciso, no entanto, cautela ao considerar esse tipo de investimento. Apesar do apelo momentâneo, fundos cambiais podem não ser adequados para todos os perfis de investidores. Isso porque muitos deles, inclusive aqueles que estão com a melhor performance este ano, oferecem um ganho baixo em relação à sua volatilidade, apresentando um Índice de Sharpe inferior a 1. Por essa métrica, apenas índices superiores a 1 têm um retorno que compensaria o risco assumido.

É o caso do BB Top Dolar FI Cambial LP, que mostra uma alta performance este ano até outubro, mas mantém um Índice de Sharpe negativo no histórico geral, indicando que perde para o Tesouro Selic (ativo de risco baixo) no longo termo, segundo a plataforma de comparação de ativos Mais Retorno.

Os melhores fundos cambiais do ano

O BB Top Dolar era, até outubro, o fundo cambial com a melhor performance do ano, segundo um levantamento feito pela Economática a pedido do E-Investidor. Até essa data, o fundo já batia a valorização do dólar com quase 24% de retorno no ano.

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"A gente gera esse alfa com algumas posições táticas em dólar futuro e também no crédito privado de firmas e instituições financeiras, olhando oportunidades de risco moderado", explica Rafael Guimarães, gerente de Fundos Renda Fixa Ativos e Câmbio na BB Asset Management.

O Top Dólar, no entanto, não é aberto ao público. É um fundo master, que tem abaixo dele dois Fundos de Investimento em Cotas (FICs) voltados para pessoas físicas. Um deles é o BB Cambial FIC, que exige um investimento mínimo de R$ 100 mil com taxa de administração de 0,8% e o BB Dólar Cambial, que não requer aplicação mínima inicial e possui uma taxa de administração de 1%. "Esses têm um desempenho um pouco abaixo devido ao desconto da taxa de administração", contextualiza o executivo.

Fundos passivos e suas vantagens

Neste sentido, os fundos passivos, que replicam o índice de referência do dólar, acabam se mostrando como uma opção mais barata e, muitas vezes, tão rentáveis quanto aqueles de gestão ativa. Um deles é o BTG Pactual Digital Dólar FI Cambial, que até outubro estava entre as seis melhores performances do ano, entregando 23,55% de rentabilidade e cobrando 0,10% de taxa de administração.

Rafael lembra que a BB Asset lançou em julho deste ano o primeiro ETF de dólar da B3, o DOLA11, que tem uma taxa de administração de 0,4% e traz os benefícios próprios deste produto, com "menor tributação desde o início e não ter come-cotas". ETFs são fundos negociados em bolsa como se fossem uma ação e que buscam retornos semelhantes a um determinado índice de referência.

No Brasil, ETFs têm vantagens tributárias como alíquota reduzida de 15% de Imposto de Renda (IR) sobre o lucro, além de serem tributados apenas na venda (sem "come-cotas"). Come-cotas é a antecipação semestral do IR sobre rendimentos de fundos de investimento. No mês o DOLA11 variou 4,57% contra 5,75% do dólar.

Outro fundo que vem performando acima dos pares, e do próprio dólar, é o Cambial Dólar Alocação FI LP, do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi). Assim como o Top Dólar da BB Asset, a estratégia dos seus gestores é aplicar em derivativos de dólar. Em 12 meses, o fundo do Sicredi tem um retorno 7,17% superior à valorização do dólar. "O nosso diferencial é ter a taxa de administração mais baixa", comenta Ricardo Green Sommer, gestor do Cambial Dólar Alocação.

Proteção e usos específicos dos fundos de dólar

Sommer informa que o fundo é mais uma opção de proteção para os clientes da cooperativa de crédito, que tem uma presença importante no mercado agropecuário. "O Sicredi tem muitos associados "pessoas jurídicas" (PJs) do agronegócio que fazem compras dolarizadas. A gente tem isso para garantir o poder de compra, insumos agrícolas são dolarizados", explica.

O executivo diz que a sua instituição não costuma oferecer esse tipo de produto para o cliente de varejo e conta que, mesmo com a valorização recorde do dólar nas últimas semanas, não há procura extra pelo fundo. "É um produto de diversificação, não quer dizer que é o melhor investimento para o futuro. Recomendamos de 5% a 10% na carteira", diz. Esse porcentual na carteira pode aumentar de acordo com a necessidade do cliente, como uma compra grande no mercado internacional.

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Para o cliente pessoa física é uma alternativa de investimento com o objetivo de preservar parte do patrimônio em moeda estrangeira, sem ter a necessidade de tirar dinheiro do Brasil. Os fundos cambiais também podem servir para usos específicos, de forma a garantir o poder de compra fora do País. "Eu mesmo já usei para viajar e depois comprei dólar", disse Sommer.

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Autor: Leo Guimarães

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