Prévia do PIB, IBC-Br mostra economia resiliente e traz alerta para risco de inflação
Os analistas da XP Investimentos, Genial Investimentos e Goldman Sachs avaliaram os dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) com visões otimistas sobre a atividade econômica, mas ressaltaram que a desaceleração poderá ocorrer de forma gradual nos próximos meses. O IBC-Br ,considerado uma prévia do PIB do BC, registrou uma alta de 0,84% em setembro em comparação ao mês anterior, superando as expectativas do mercado e demonstrando adaptabilidade da economia brasileira mesmo diante de uma política monetária restritiva, conforme os especialistas.
O indicador, que serve como uma proxy mensal para o Produto Interno Bruto (PIB), registrou um aumento de 5,1% em relação a setembro de 2023 e atingiu um crescimento acumulado de 3% nos últimos 12 meses.
Os três relatórios convergem na análise de que a economia brasileira tem mostrado resiliência, mas indicam que uma desaceleração gradual deve ocorrer, ainda que com uma dinâmica menos acentuada do que o mercado esperava.
As projeções de crescimento para este ano se mantêm otimistas, mas os analistas alertam para os riscos inflacionários e a possibilidade de ajustes na política monetária em função da atividade econômica persistente.
A XP Investimentos destaca que o IBC-Br apresentou um crescimento de 1,1% no terceiro trimestre e que, apesar da desaceleração esperada, os principais setores da economia seguem em terreno positivo. Com revisões nos meses anteriores que elevaram os dados de julho e agosto, o carry-over, que representa o impacto da variação econômica de um período a outro, para o último trimestre do ano é de 0,6%. A XP mantém sua projeção de crescimento de 3,1% para o PIB neste ano, com viés de alta, mas prevê uma desaceleração em 2025, estimando um aumento de 1,8% no PIB devido à restrição fiscal e ao aperto monetário.
Para o Goldman Sachs, o desempenho acima do esperado em setembro reforça a expansão de 1,12% no terceiro trimestre em relação ao segundo. A instituição diz que os efeitos positivos de estímulos fiscais e aumento do salário mínimo, embora ressalte os desafios impostos pela política monetária restritiva e altos níveis de endividamento familiar. Os analistas do banco também indicaram um carry-over de 0,6% para o último trimestre e projetou um crescimento anual de 3,4% para 2024, beneficiado pela resiliência da demanda doméstica.
A Genial Investimentos, por sua vez, analisou que o crescimento de 0,84% de setembro aponta para uma desaceleração mais lenta que o esperado, refletindo uma manutenção do nível elevado de atividade econômica. O setor industrial teve um avanço de 1,1%, impulsionado principalmente pela produção de bens de capital, enquanto o comércio registrou crescimento de 1,8%, com destaque para as vendas de veículos.
O setor de serviços também registrou expansão, especialmente em segmentos beneficiados por eventos, como o Rock in Rio. Com base nos resultados, a Genial revisou suas previsões para um crescimento de 3,5% em 2024 e indicou que a persistência desse ritmo pode levar a pressões inflacionárias, possivelmente influenciando as próximas decisões do Banco Central sobre a taxa de juros básica da economia, a Selic, atualmente em 11,25% ao ano.
“O avanço de 0,8% no IBC-Br em setembro surpreendeu positivamente, consolidando um ritmo de recuperação que fortalece a confiança do mercado. Esse resultado evidencia a resiliência da economia brasileira, mesmo diante de taxas de juros elevadas. Ao avaliar possíveis ajustes na Selic, o Banco Central precisa equilibrar o impacto sobre o consumo e os investimentos, preservando a estabilidade sem comprometer o impulso de crescimento atual”, aponta Jefferson Laatus, estrategista-chefe do grupo Laatus.
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Autor: murilomelo