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O que aconteceria se os adolescentes tomassem as decisões no Congresso Nacional?

Na última semana, estive em Brasília, no Congresso Nacional, para participar do evento anual Câmara Mirim, que reúne adolescentes e jovens do Brasil para que possam viver a experiência de serem parlamentares (de mentirinha) por um dia. A experiência permite que os jovens vistam a camisa dos deputados e senadores e discutam sobre projetos com potencial para melhorar o nosso País – o mais legal: com o olhar de quem vive isso na pele.

Foram dois dias intensos de discussões e debates sobre projetos voltados para a educação. Eles apresentaram propostas e debateram sobre como melhorar as condições para alunos da rede pública estudarem, com projetos que levavam em consideração condições regionais. Haviam adolescentes e jovens de todos os lugares do Brasil – de cidades, inclusive, que eu nunca tinha ouvido falar -, diversidade que agregou muito para o desenvolvimento deles.

No primeiro dia da ação, os parlamentares mirins foram direcionados para comissões o apresentaram e discutiram projetos, ou seja, vivenciaram uma simulação de discussão de projeto de lei (PL), seguindo os protocolos constitucionais, com momento de debater e expor suas opiniões, momento de observar outros projetos apresentados etc.

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Durante toda a sessão, eram chamados de deputados mirim – tanto pelos colegas, como pelos próprios servidores do congresso nacional que estavam presentes para auxiliar na condução do evento. Esse espelhamento do nível de seriedade do congresso fez com que a simulação se aproximasse muito da vida real no legislativo.

Os projetos passavam por acesso ao ensino, infraestrutura e até adaptação e inclusão, como em um projeto super inovador que debateu a substituição do sinal sonoro nas escolas por um luminoso, para evitar transtornos aos alunos autistas, colaborando para uma educação mais inclusiva. Outra proposta mirava na instalação de aparelhos ar-condicionado em salas de aula para gerar maior conforto e melhorar o rendimento dos estudantes, considerando as mudanças climáticas e ondas de calor.

Agora, a pergunta que você talvez esteja se fazendo é: o que um evento como esse tem a ver com educação financeira e por que se tornou tema desta coluna, e não de uma sobre política? Bem, na verdade, isso tem tudo a ver com a educação financeira.

Quando colocamos adolescentes para serem parlamentares e discutirem projetos de lei no congresso nacional, é como se estivessem discutindo sobre os problemas de uma casa ou uma firma – no caso, uma casa ou firma muito grande, chamada Brasil.

O exercício os coloca para pensar em como solucionar problemas e lidar com imprevistos, como quando a geladeira da casa quebra, fica velha e é desejável trocá-la ou está gastando muita energia, e é preciso medir se compensa trocá-la por isso.

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Em casas onde há educação financeira, quando a família decide trocar um móvel ou eletrodoméstico, discutem sobre o modelo, cor, tamanho, valores e, principalmente, as condições de pagamento, se vai caber dentro do orçamento. É preciso saber em quanto tempo vão terminar de pagar, caso o pagamento seja parcelado, ou durante quantos meses precisam juntar dinheiro para pagar à vista.

Na câmara dos deputados não é diferente. Eles precisam dialogar sobre o que é ideal adquirir e como farão isso. Não à toa, é chamada de “a casa do povo”: lá é que são discutidas as necessidades e prioridades para a família de cidadãos brasileiros e, diante disso, também debatem sobre projetos que envolvem recursos monetário do contribuinte (eu e você).

A grande maioria dos projetos envolvem o repasse direto de dinheiro para melhorias em áreas como educação, saúde e segurança. E para isso é importante saber lidar com dinheiro e ter um planejamento.

Voltando ao evento da Câmara Mirim, no projeto apresentado de instalação de aparelhos de ar-condicionado nas salas de aula, os parlamentares mirins também pensaram em soluções financeiras para baratear os custos a longo prazo. Eles sugeriram a instalação de placas solares para gerar energia renovável e diminuir os custos com energia elétrica, focando tanto no monetário, como na sustentabilidade.

Este exercício deve ser constante. Também precisamos pensar em como reduzir despesas, custos e tornar nossas vidas mais sustentáveis para que possamos adquirir um móvel, eletrodomésticos e ter qualidade de vida. Até porque, na maioria das vezes, economia e sustentabilidade andam juntas: no caso da geladeira, comprar uma de classificação A gera economia energética, boa para o meio ambiente, e também na conta de luz, sendo um “investimento” de longo prazo.

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Vale lembrar que educação financeira e investimentos são coisas diferentes, mas que muitas vezes acabamos misturando. É normal que isso aconteça, mas saber diferenciar é importante: a educação financeira está mais atrelada ao nosso comportamento e como estamos nos relacionando com o dinheiro, enquanto o investimento está ligado, em sua maioria, aos ganhos futuros ao fazer boas decisões financeiras, sempre pensando no longo prazo.

Precisamos unir os dois, educação financeira e investimentos, para que possamos entender como lidar com dinheiro, planejamento, organização, poupança e investimentos. Assim, poderemos exercer os benefícios de uma renda passiva, gerada pelos juros compostos, e deixando o dinheiro trabalhar para nós em prol dos nossos objetivos.

Aos parlamentares mirins que no futuro possam vir a exercer um cargo no legislativo, faço um pedido: que estudem sobre educação financeira e investimentos para que possam usar o dinheiro com responsabilidade e celeridade. E aos parlamentares que já estão hoje no congresso nacional, também faço um pedido: que sejam guardiões do nosso dinheiro como são do dinheiro particular. Para ambos: usem o dinheiro em favor do povo e para o povo brasileiro.

Como já diria Warren Buffett, a regra número 1 sobre dinheiro é: nunca perca dinheiro. A regra número 2, não esqueça a regra número 1, seja para vida pessoal, seja para quem trabalha pelo país.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: E-Investidor

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