Nvidia tem balanço e projeção “discutíveis” e ação cai, mas há razão para pessimismo?
Na linha de frente dos avanços da inteligência artificial, a Nvidia (BDR: NVDC34) divulgou seus resultados na última quarta-feira (20) à noite, superando as estimativas com lucro e receita, mas sendo incapaz de animar investidores. A fabricante de chips registrou uma desaceleração das vendas e uma ligeira compressão na margem de ganhos, além da previsão de receita não animar. Assim, o papel da firma caía mais de 2% no pré-market da Nasdaq nesta quinta-feira (21); no pós-mercado da última quarta, logo após o resultado ser divulgado, os ativos chegaram a cair mais de 5%.
A fabricante de chips Nvidia registrou lucro de US$ 19,31 bilhões no seu terceiro trimestre fiscal, alta de 109%. A receita no trimestre foi de US$ 35,08 bilhões, avanço de 94% ante o mesmo período do ano passado. O lucro por ação foi de US$ 0,78, crescimento de 111% em base anual.
A projeção de receita, por sua vez, foi de US$ 37,5 bilhões no atual trimestre fiscal, com a margem bruta ficando em cerca de 73%, com a expectativa de receita abaixo das expectativas e desanimando o mercado.
“Pelo seu valor nominal, a Nvidia mais uma vez gerou o tipo de crescimento que a maioria das firmas jamais alcançará em sua vida útil”, disse Dan Coatsworth, analista de investimentos da AJ Bell.
“O que incomodou os investidores desta vez foi um declínio trimestral nas margens brutas, com orientação para que elas caiam ainda mais no próximo trimestre e orientação futura mais fraca do que o esperado para a receita.”
O sentimento se espalhava para outras ações de chips, com a Broadcom caindo 1%, a Qualcomm perdendo 1,1% e a Advanced Micro Devices recuando 0,7%.
Os papéis de megacaps também tinha baixas. A Microsoft caía 0,3%, enquanto a Apple e a Amazon.com recuavam 0,2% cada.
“Este ainda foi um resultado muito sólido, mas a verdade é que, quando a barra está tão alta, tudo fica mais difícil”, disse Ryan Detrick, estrategista-chefe de mercado do Carson Group.
A Nvidia tem liderado grande parte dos ganhos em Wall Street desde meados de 2023, com base nas expectativas de que a integração da inteligência artificial pode aumentar os lucros das firmas. Suas ações aumentaram mais de nove vezes nos últimos dois anos e a firma ostenta um valor de mercado de US$ 3,5 trilhões.
Para o Itaú BBA, este foi um dos trimestres mais discutíveis desde que os analistas da casa começaram a acompanhar a Nvidia, em 2021. As expectativas estavam por toda parte e o mercado estava bastante ansioso com os números, aponta a equipe de análise, tanto que uma “mera previsão de US$ 500 milhões abaixo das expectativas em um guidance de US$ 37,5 bilhões de receita (1,3%) foi o suficiente para fazer a Nvidia cair 5% em algum momento no pós-mercado ontem”, avaliam.
Dito tudo isso, o banco acredita que este foi um trimestre positivo e mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de US$ 164 (ainda que com um modesto potencial de alta de 12% frente o fechamento da véspera).
As receitas de computação excederam as expectativas do BBA, enquanto as receitas de rede decepcionaram, mas a NVIDIA explicou que o momento das remessas foi a razão por trás disso. “Não há problemas competitivos, e a demanda continua forte, e deve ficar ainda maior à medida que seu chip Blackwell ganha força”, destacam os analistas.
Além disso, a companhia também reiterou novamente o que vinha dizendo por muitos trimestres. À medida que a Blackwell ganha espaço, as margens brutas devem diminuir para 70% antes de retornar para meados dos 70%. Isso deve acontecer nos próximos dois trimestres e, por esse motivo, os analistas elevaram ligeiramente as projeções para o ano fiscal de 2026 de 73,6% para 74,0% para as margens.
“No geral, não vemos razão para os mais otimistas (bullish) ficarem tímidos após este trimestre. O momentum do lucro por ação permanece, e parece que a orientação para o quarto trimestre fiscal de 2025 foi de fato conservadora”, aponta o banco. O BBA destaca que há alguma probabilidade de um ciclo de baixa, mas segue com recomendação equivalente à compra para os ativos.
(com Reuters)
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Autor: Lara Rizério