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Por que o retorno com dividendos supera o desempenho do Ibovespa no ano? Entenda

Por que o retorno com dividendos supera o desempenho do Ibovespa no ano? Entenda

Desde que o mercado passou a precificar o atual ciclo de alta de juros, especialistas em ações vêm recomendando setores considerados mais defensivos, como bancos, utilidades públicas e telecomunicações, que geralmente pagam dividendos. A ideia é fugir dos riscos de companhias que dependem de juros baixos para gerar receitas mais robustas. Indicadores de dividendos mostram que, em 2024, a estratégia vem dando certo. 

O Ibovespa acumulou queda de 3,3% no acumulado do ano até outubro. No mesmo período, porém, os dividendos distribuídos pelas firmas que compõem o índice foram suficientes para gerar retorno de 5,87% em cima do montante investido. Já as ações do IDIV – indicador do desempenho médio das ações que mais bem remuneram os investidores – tiveram valorização de 2,45% no mesmo período, com dividend yield (retorno com dividendos, DY) de 8,12%. 

O movimento ajuda a entender porque analistas preferem pagadoras de dividendos agora. Eles ainda consideram bons os fundamentos das firmas. Prova disto é que bancos avaliam como positiva a temporada recente de balanços do 3T24. Mas as cotações não respondem positivamente porque fatores como risco fiscal, aumento das expectativas de inflação e Selic elevada tiram a confiança de investidores e causam uma migração para ativos de renda fixa. 

Monica Araújo, estrategista de renda variável da InvestSmart, resume que os fundamentos das companhias são bons, o que traria confiança na alta das ações, porém “a atratividade da renda fixa brasileira e a ausência do investidor estrangeiro não ajudam a materializar o potencial da Bolsa”. 

Leia também: Ações de dividendos para novembro: Vibra (VBBR3) e mais dois surgem entre preferidos

Com o valor dos papéis “andando de lado” e o desempenho monetário das firmas ainda agradando e permitindo a distribuição de lucros via dividendos ou juros sobre capital próprio, investir pensando no retorno com os proventos fica mais atrativo.

Wendell Finotti, CEO e fundador da Meu Dividendo, explica que a valorização das cotas “atrapalha” o dividend yield. Afinal, uma ação que ficou mais cara precisa pagar mais proventos para fazer o retorno com dividendos crescer. “Mesmo assim, o DY do Ibovespa é robusto” nos últimos anos. No cenário atual, sem perspectivas de grandes valorizações no curto prazo, o pagamento de proventos pode fazer ainda mais diferença na carteira. 

“Apesar da preferência atual por renda fixa, a alocação em ações de qualidade pode proporcionar ganhos expressivos ao longo do tempo, principalmente em um cenário de bolsa subvalorizada como o atual”, diz Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.

Para ele, a Bolsa brasileira já é mais forte em ações de valor – de companhias geradoras de caixa, já estabelecidas em seus setores – em detrimento das ações de crescimento – com potencial de crescimento no futuro por aproveitarem alguma tendência, mas que ainda não entregam tanto lucro –, o que fortalece a tese de investir em ações de dividendos no Brasil: “De maneira geral, as firmas que compõem o Ibovespa têm características de maior qualidade”, diz Jansen Costa.

Nesse contexto, buscar dividendos robustos e mais segurança em momentos de crise de confiança são sinônimos, já que as firmas de valor são as que costumam distribuir proventos. 

Ano DY Ibovespa DY IDIV
2020 4,15% 5,66%
2021 9,54% 11,29%
2022 10,26% 12,56%
2023 7,43% 9,73%
2024* 5,87% 8,12%
Fonte: Meu Dividendo
*De janeiro a outubro

“O mercado convenciona que um dividend yield de 6% já é um valor satisfatório”, diz Finotti, argumentando que as pagadoras de dividendos brasileiras vêm entregando retornos robustos na distribuição de lucros. 

O retorno com dividendos do Ibovespa e IDIV nos últimos anos fortalece o argumento de Costa quando o especialista fala em “ganhos expressivos ao longo do tempo”. O Ibovespa acumulou alta de 8,9% do início de 2021 a outubro deste ano, mas quem investiu pensando em dividendos teve desempenho melhor, já que só em 2022, o dividend yield médio do índice foi 10,26%. 

Em 2022, mesmo com valorização de 4,68% do Ibovespa, tivemos recorde na distribuição de dividendos, com DY de 10,26% no índice principal e 12,56% no índice focado em dividendos. Para selecionar as melhores pagadoras de dividendos, Costa recomenda que os investidores não olhem apenas para o DY, mas avaliem também a perspectiva para crescimento do lucro da companhia e relação entre preço e lucro (P/L) da ação, “que deve estar alinhada ao momento do mercado”. 

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Autor: leonardogstos

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