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Carrefour (CRFB3): Quais serão os impactos sobre a empresa após boicote de frigoríficos e do governo?

O Carrefour (CRFB3) ficou em uma situação de tensão com a possibilidade de desabastecimento de carne em suas unidades no Brasil, o que pode pesar sobre os resultados da companhia no curto prazo, dizem analistas ouvidos pelo E-Investidor nesta segunda-feira (25). O risco acontece após desavenças entre o controlador da companhia, o Carrefour da França, e as firmas brasileiras. A firma confirmou o boicote em nota publicada mais cedo.

Na quarta-feira, 20 de novembro, o Carrefour anunciou que suas operações francesas não venderiam mais carnes do Mercosul após agricultores locais protestarem contra proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul). Com a repercussão, a firma se manifestou reforçando que as operações Brasil e outras franquias em outros países continuam livres para venderem carnes do Mercosul.

Associações de comerciantes, setores do agro e pecuária e o ministério da agricultura do Brasil repudiaram a decisão da firma e companhias de proteínas, como JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3), interromperam o envio de suas carnes para redes do Carrefour, Atacadão e Sam’s Club no Brasil.

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Somente a Friboi, marca de carnes bovinas da JBS, responde por 80% do volume fornecido ao grupo de origem francesa, sendo que na rede Atacadão o fornecimento da marca é de 100%. A JBS cancelou a saída de produtos das fábricas e dos centros de distribuição que seriam destinados ao Grupo Carrefour Brasil imediatamente, segundo fontes do Broadcast.  Em nota, a firma disse a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta os seus clientes. “Especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade”, disse o grupo.

O que pode acontecer com o Carrefour?

Para os analistas da Ativa Investimentos, esse movimento deve impactar fortemente as receitas do Carrefour no curto prazo, além de pressionar a margem bruta, rupturas de estoque e prazos com fornecedores de carnes que aceitarem fazer negócio com a firma. Além disso, podem ocorrer maiores pressões por parte de órgãos fiscalizadores para com a firma. “As companhias envolvidas na interrupção do fornecimento de carnes ao Carrefour exigem que o supermercadista se retrate publicamente para reavaliarem sua decisão”, explicam os analistas.

Na visão dos analistas do BTG Pactual, a interrupção pode afetar cerca de 150 lojas do Carrefour e acontece em um momento em que a inflação dos alimentos vem ganhando força e deve impulsionar a alavancagem operacional dos varejistas. Antes de o boicote ser anunciado, os especialistas esperavam uma melhora nos resultados trimestrais da companhia, com a firma apresentando vendas descentes. O que pode acontecer agora é uma deterioração das receitas.

Os analistas lembram que o Atacadão responde por cerca de 70% das vendas do Carrefour, e que o grande impacto pode ser sentido nessa rede. “Estimamos que as vendas de carne bovina equivalem a 5% das vendas do Atacadão, e as proteínas respondem por cerca de 10% das vendas totais. Vale mencionar que, além da participação nas vendas totais, este é um item importante para direcionar o tráfego nas lojas, o que pode complicar a situação da companhia com um menor fluxo de clientes”, dizem Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, que assinam o relatório do BTG.

Na visão de Tiago Maciel, analista da EQI Research, é difícil mensurar os reais impactos sobre as operações, por não saber exatamente quantos dias de estoque o varejista possui para rodar normalmente diante do desabastecimento. Ele não sabe se firma conseguirá encontrar novos fornecedores, ou se outros produtores também adeririam ao boicote.

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“Hoje, estima-se que as carnes bovinas representem cerca de 4% a 5% do total das vendas da rede no país. O que já seria relevante. Mais do que isso, achamos que o impacto pode ser muito mais abrangente por afetar o fluxo de consumidores nas lojas da rede. Vemos a possibilidade de clientes buscarem outras redes que lhes ofereçam cestas de produtos sem restrições. Lembrando que o final do ano é um período extremamente importante para as vendas dos supermercados”, diz Maciel.

O analista diz ainda enxergar que a retaliação brasileira tem bastante força para pressionar a decisão da matriz global, porque o Carrefour Brasil corresponde a 40% do lucro operacional do grupo no mundo.

É hora de comprar as ações do Carrefour?

Os analistas sugerem que o investidor não deve comprar as ações do Carrefour. Para o BTG, o grande problema da companhia não é a retaliação dos frigoríficos, e sim a fusão entre o Carrefour e o grupo BIG. O movimento tem se mostrado cada vez mais complicado, tornando as esperanças dos analistas decrescentes em relação a essa medida.

“Além dos problemas do BIG, também vemos a perspectiva competitiva no setor varejista de alimentos brasileiro significam que os resultados permanecerão abaixo do esperado, sustentando nossa classificação neutra para CRFB3”, argumentam Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima que assinam o relatório do BTG.

A Ativa Investimentos também não recomenda compra para as ações CRFB3. Os analistas dizem preferir as ações do Assaí (ASAI3), que podem se beneficiar com esse cenário que a concorrente passará no curto prazo. “No entanto, reforçamos que tanto as perdas do Carrefour quanto os ganhos do Assaí, em nossa visão, são marginais e não devem trazer efeitos de médio e longo prazo”, afirmam os analistas.

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A Ativa tem recomendação de compra para as ações do Assaí com preço-alvo de R$ 15 para os próximos 12 meses, uma potencial alta de 108% na comparação com o fechamento de sexta-feira (22), quando a ação encerrou o pregão a R$ 7,20. Ou seja, seguindo a visão dos analistas, o investidor não deve comprar as ações do Carrefour (CRFB3) e, se quiser entrar neste setor, o melhor a se fazer é aportar no Assaí, conforme recomendado pelos analistas da reportagem.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Bruno Andrade

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