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Conheça a história do risoto de frango caipira que virou negócio de R$ 700 milhões

Conheça a história do risoto de frango caipira que virou negócio de R$ 700 milhões

No início da década de 50, quando o Brasil passava pelos seus famosos “anos dourados”, o casal Cenira Gusso e Carlito Gusso foram convidados para tocar, nas quintas-feiras, um restaurante dentro da Sociedade 5 de Julho, um antigo clube localizado no bairro Xaxim, em Curitiba (PR). Na época, a capital paranaense ainda tinha estradas de bairro.

De origem italiana, Cenira e Carlito decidiram servir para os frequentadores uma receita de família de risoto de frango caipira, feito com arroz ao ponto e queijo ralado do tipo Grana Padana, típico do Vale do Pó, na Itália, por cima. O prato ficou tão famoso e disputado que o prefeito da época, Ney Braga, instalou um telefone fixo no local para reservar uma mesa com antecedência.

O casal provavelmente não imaginava, mas o risoto daria origem, anos depois, à Risotolândia, a maior firma de refeições coletivas da região Sul e uma das cinco maiores do Brasil. O negócio atua em sete estados – Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul – e atende 300 cidades. Neste ano, espera faturar R$ 700 milhões, segundo o CEO da firma, Carlos Humberto de Souza.

Antes de se transformar na Risotolândia, o risoto foi servido em outros clubes de Curitiba, como a Sociedade Morgenau, e teve até um restaurante próprio, chamado “Risoto do Xaxim”. Foi só na década de 70, quando o filho do casal Carlos Antônio Gusso assumiu o negócio a pedido do pais, que o ramo de refeições coletivas passou a ser o carro-chefe.

Risotolândia, nas origens e hoje em dia. Fotos: Reprodução

“Carlos Gusso começa a perceber que o mercado de refeição no almoço não era o risoto, mas sim o arroz e o feijão. Era uma época em que colaboradores de firmas começaram a vir almoçar no ambiente deles na sociedade. Então ele começa a trabalhar com refeição corporativa que temos hoje”, conta Souza, casado com Sandra Gusso de Souza, hoje uma das proprietárias.

Em 2014, Carlos Gusso decidiu se afastar da administração da firma, transferindo o controle para seus quatro filhos, que hoje são os acionistas. “Então, tenho o emprego de genro”, brinca Souza, que ingressou na companhia em 1983 e trilhou uma carreira antes de se tornar CEO. Ele atuou como assessor administrativo, passou pela área comercial, foi diretor adjunto e também superintendente. Embora a propriedade permaneça na família, a governança é compartilhada: há um conselho consultivo que combina dois membros da família e três profissionais externos de reconhecida reputação no mercado.

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Transformações

Uma série de mudanças no Brasil e na capital paranaense impulsionaram a transformação do negócio. Em 1976, o governo federal lançou o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que oferecia benefícios fiscais às firmas que forneciam alimentação para seus colaboradores. Paralelamente, a criação da Cidade Industrial de Curitiba (maior bairro de Curitiba e polo industrial da cidade), em 1973, levou grandes indústrias a se instalarem em áreas mais afastadas do centro, onde não havia estrutura para refeições. “Tinha muita oportunidade”, falou Souza.

Buffet de comida servida pela Risotolândia. Foto: Reprodução

A primeira cliente atendida pela Risotolândia foi a Labra, uma das principais fabricantes de canetas, lápis e artigos para escritório da época. O responsável do departamento de recursos humanos da firma era um dos fãs do risoto de frango. A Risotolândia começou a entregar 90 refeições para os colaboradores do local, com sede em Araucária, na região metropolitana da capital.

Com o negócio de refeições coletivas se expandindo, em 1981 a Risotolândia montou sua primeira cozinha industrial, com capacidade produtiva de 3 mil refeições diárias, em Araucária. Cinco anos depois, o negócio já distribuía 16.500 refeições por dia. No final da década de 90, passou para 34.500. Em 2004, pulou para 245 mil refeições, e, dez anos depois, o número chegou a 440 mil. Atualmente, são 550 mil refeições por dia, e 5.200 colaboradores, sendo 86% mulheres.

De escolas a hospitais

Depois da iniciar no ramo de refeições corporativas, a firma expandiu para outros setores. Ainda na década de 90, a Risolândia ganhou uma licitação e começou a atuar no setor público, especificamente em refeições escolares. Em 2010, a firma passou a atender escolas particulares. No ramo corporativo, hoje atende firmas como Becton Dickinson (B1DX34), Abbott (ABTT34), Grupo Positivo, TAM Aviação Executiva e Intermarine.

Em 2018, decidiu explorar o ramo de saúde, com alimentação especializada para médicos, acompanhantes, colaboradores e pacientes. No período da pandemia, entrou também no ramo de comidas e refeições prontas e ultracongeladas. Por fim, decidiu explorar o ramo de logística e facilities. Hoje, 68% da atuação da firma é no setor público e 32% no privado.

Sete marcas compõem o grupo atualmente: Risotolândia Restaurantes Corporativos, Risotolândia Serviços Inteligentes de Alimentação e It’s Cool (para escolar particulares); Eat’s Good, no segmento de pratos prontos ultracongelados; Campodoro, no setor de logística e transporte; e R Facilities, pensada para terceirizar serviços de recepção, limpeza, jardinagem, portaria e manutenção, além de outras atividades.

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Futuro

Para o futuro, a firma pretende expandir a atuação no setor de saúde, diz Souza. Além disso, enxerga potencial em mercados como o de aeroportos e estações de ônibus. A criação de produtos com maior validade e padrão industrial é outra meta para otimizar processos e reduzir custos. “Estamos em um momento de consolidação e inovação. O Brasil ainda oferece muitas oportunidades, especialmente com a retomada econômica”, finalizou Souza.

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Autor: lucasgmarins

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