IA, ouro e imóveis: as apostas globais para 2025 de uma gestora de US$ 3 trilhões
Os títulos soberanos do governo americano devem diminuir seus retornos em linha com os cortes de juros do Federal Reserve em 2025, mas os títulos de firmas ainda apresentam oportunidades relevantes, com retornos totais na faixa dos 5%, em dólar. O mercado de ações dos EUA deverá continuar aquecido e ser preferência na indústria, enquanto a Ásia (China e Índia) é uma aposta de ganho adicional. Já na Europa, só se for pequenas e médias firmas.
Essas análises de perspectivas para 2025 são do UBS Wealth Management, gestora de patrimônio global, com mais de US$ 3 trilhões sob gestão. Segundo o relatório divulgada na última semana, inteligência artificial (IA), tecnologia e energia são “boas oportunidades dentro das ações, com potencial para proporcionar crescimento de lucro significativo e sustentado”, levando a retornos elevados e de longo prazo para os investidores, diz o documento.
IA e tecnologia dividem aspectos em comum para o diretor de investimentos (CIO) do UBS Wealth Management, Mark Haefele. Segmentos como os de data centers, eletrificação industrial e veículos elétricos se encontram e também exigem mais da área de energias renováveis.
“Esperamos um crescimento significativo em data centers de IA para alimentar a demanda por energia, levando a preços de energia mais altos. Aproximadamente 20-25% do setor tem exposição material a essas tendências”, diz o texto. Enquanto, “eletrificar a economia exigirá US$ 3 trilhões anualmente até 2030, beneficiando firmas de energia e matéria-prima.”
No caso das ações fora dos Estados Unidos, China, Taiwan e Índia são as escolhas da gestora. Taiwan está relacionada às exportações de semicondutores, que “não são facilmente substituíveis” e, por isso, têm poder de precificação. Já a Índia é impulsionada pela demografia favorável e crescimento do PIB, que impulsionam o mercado doméstico. Por fim, o caso da China é mais sensível, com possível reflexo de taxas maiores nos produtos enviados aos EUA, com isso, “setores defensivos e de alto rendimento terão desempenho superior”.
“Consideramos o mercado asiático atraente no geral e esperamos que o índice MSCI Ásia (excluindo Japão) retorne cerca de 15% até o final de 2025”, diz o relatório do UBS WM.
Para a Europa, o UBS espera um crescimento econômico desigual e moderado, mas mais forte do que em 2024. Países como Alemanha, Itália e França enfrentam um cenário mais desafiador, na visão da gestora, enquanto Espanha, Reino Unido e Suíça têm perspectivas melhores. O impulso deverá vir do aumento do consumo pela população, com o arrefecimento da inflação e corte dos juros pelos bancos centrais.
“Esperamos que o crescimento dos lucros europeus seja mais fraco do que em outras partes do mundo, e esperamos que as ações europeias tenham desempenho inferior
às ações dos EUA.” A projeção é por retornos totais de 6% em 2025, segundo o relatório. Pequenas e médias firmas europeias e boas pagadoras de dividendos são as escolhas dos analistas da gestora.
Em busca do ouro
O ouro atingiu novos recordes em 2024, com o preço chegando a US$ 2.790 a onça, um ganho de 35% ao fim de outubro. Taxas de juros mais baixas, riscos geopolíticos e tendências de diversificação do dólar devem continuar impulsionando as compras de ouro por investidores e bancos centrais, segundo Haefele.
Na última década, os bancos centrais compraram em média 325 toneladas de ouro por ano. O UBS estima que, até o fim de 2024, a compra dos bancos chegue a 900 toneladas. O trimestre encerrado em setembro registrou as maiores entradas líquidas em um trimestre desde os três primeiros meses de 2022.
“Acreditamos que os preços podem atingir novas máximas em 2025, sustentados por um aumento nas entradas de fundos negociados em Bolsa”, afirma o relatório.
Hora do mercado imobiliário
Haefele afirma que as perspectivas para o mercado imobiliário residencial e comercial em 2025 são “brilhantes”.
“O mercado imobiliário global está pronto para uma atividade maior no próximo ano, impulsionado por menores custos de capital, maior disponibilidade de dívida e mais de US$ 400 bilhões em capital privado pronto para ser alocado”, diz o CIO no relatório.
Embora as transações tenham caído pela metade nos últimos anos devido aos altos custos de alavancagem, o ambiente atual de menores taxas de juros e spreads de empréstimos mais apertados deve impulsionar a atividade de negócios. A gestora indica três setores vistos como atraentes e com bons retornos:
- Comercial: Galpões logísticos, data centers e torres de telecomunicação estão bem posicionados, principalmente nos EUA e na Europa, em linha com tendências como comércio eletrônico e IA.
- Residencial: Setores de moradia multifamiliar para idosos e estudantes são recomendados, com mais cautela e atenção em países como Reino Unido e China.
- Escritórios: Foco em espaços de escritórios centrais, de alta qualidade, que devem superar propriedades mais antigas e de nível inferior.
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Autor: Monique Lima