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Dono de banco preso em operação da PF foi delatado pelo PCC, diz TV

Dono de banco preso em operação da PF foi delatado pelo PCC, diz TV

Um dos presos na operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) para desarticular um grupo formado por fintechs que teriam movimentado R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos para diversas organizações criminosas é um policial civil de São Paulo que já tinha sido acusado de corrupção por um delator do Primeiro Comando da Capital (PCC). 

De acordo com reportagem exibida pela TV Globo, Cyllas Elia, dono do 2 Go Bank, foi detido em São Paulo (SP) na última terça-feira (26). A Operação Tai-Pan também foi realizada em outros cinco estados – Espírito Santo, Paraná, Ceará, Santa Catarina e Bahia –, além do Distrito Federal. 

Segundo os investigadores, a organização criminosa era chefiada, em parte, por chineses e operava um complexo sistema bancário ilegal de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo pelo menos 15 países. 

Além de dono de banco, Elia é policial civil em São Paulo. Segundo a TV Globo, ele havia sido delatado pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Ggritzbach, que foi executado no dia 8 de novembro, em pleno Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), crime que está sendo investigado. 

Dias antes de ser assassinado, Ggritzbach havia delatado policiais por suspeita de corrupção, além de integrantes do PCC. As denúncias foram apresentadas ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Civil. Em uma das denúncias, segundo a reportagem, Ggritzbach havia delatado Elia. 

A defesa do dono do 2 Go Bank ainda não se manifestou sobre o caso.  Por meio de nota, a instituição financeira afirma que “está colaborando com as investigações e segue à disposição das autoridades”.

Em entrevista à TV Globo, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, que comanda a força-tarefa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), informou que Elia pediu afastamento da Polícia Civil há cerca de um ano e meio.

Operação Tai-Pan

Segundo a PF, as fintechs sob suspeita teriam montado um “complexo sistema bancário paralelo e ilegal” e movimentado bilhões de reais dentro do país e a partir ou para países como Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Dubai e, especialmente, Hong Kong e China, para onde se destinava a maior parte dos recursos de origem ilícita.

Cerca de 200 agentes foram às ruas para cumprir 16 ordens de prisão preventiva e 41 ordens de busca e apreensão. A ofensiva mira supostos crimes contra o sistema monetário, ocultação de capitais, organização criminosa e evasão de divisas.

As ordens foram expedidas pela Justiça Federal e cumpridas em endereços residenciais e comerciais nos Estados de São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Ceará e Bahia, além do Distrito Federal. As diligências ocorreram nas cidades de Campinas Cajamar, Guarulhos, Itaquaquecetuba, São Paulo, Brasília, Vila Velha, Foz do Iguaçu, Fortaleza, Florianópolis, São José e Feira de Santana.

Ainda de acordo com a PF, novos modelos e instrumentos de lavagem e evasão permitiram que o crescimento das movimentações do grupo, que saltaram da casa de milhões para valores na casa de bilhões de reais. Por essa razão, a Justiça Federal ainda determinou o bloqueio de bens e valores de mais de R$ 10 bilhões contra mais de 214 pessoas jurídicas.

Possível ligação com PCC

O empresário Antônio Vinícius Lopes Ggritzbach, assassinado no dia 8 de novembro no aeroporto de Guarulhos, já havia sido “jurado de morte” pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do país. Ele era o pivô de uma guerra interna no PCC. 

A polícia investiga se o assassinato foi cometido a mando da organização criminosa, mas outras possibilidades não estão descartadas – como “queima de arquivo”, já que a vítima havia fechado um acordo de delação premiada e teria diversos desafetos. 

Antônio e o agente penitenciário David Moreira da Silva foram acusados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) pelos assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”. Ambos foram mortos a tiros em 2021, na zona leste da capital paulista. 

De acordo com o MPSP, Cara Preta era um dos integrantes mais influentes do PCC e estaria envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros crimes. Sem Sangue seria o seu “braço direito”. 

Antônio e David chegaram a ser presos e foram denunciados à Justiça pelo crime, mas passaram a responder ao processo em liberdade.

O empresário deixou a penitenciária de Presidente Venceslau (SP), em junho do ano passado, com tornozeleira eletrônica. Os advogados de Antônio alegavam que seu cliente corria o risco de ser morto pelo PCC dentro da cadeia.

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Autor: Fábio Matos

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