Após pacote de Haddad, renda fixa brilha no curto, médio e longo prazos; veja os melhores títulos para dezembro
Dezembro começa sob o impacto do pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apesar da proposta de cortes de R$ 70 bilhões nas despesas, os principais indicadores econômicos, como o dólar e os juros, refletem a limitada confiança do mercado na eficácia do ajuste fiscal e na sustentabilidade da relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Para o investidor pessoa física, a recomendação permanece na renda fixa.
Fabio Gallo, colunista do Estadão e professor de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), diz que o cenário base de dezembro permanece inalterado em relação a novembro. “Ainda não é momento para renda variável ganhar tração entre o grande público. Os juros devem subir”, diz o professor.
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Na visão de Luigi Wis, especialista em investimentos da Genial, a mensagem deixada pelo governo é a de continuidade de problemas no front fiscal, o que vai pressionar inflação e, consequentemente, forçar o Banco Central a ser mais agressivo no aumento da Selic. “Com isso, as taxas de juros oferecidas pelo Tesouro e pelo bancos, por meio de Certificados de Depósito Bancário (CDB) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), ficam ainda mais atrativas. É um excelente momento para garantir retornos muito elevados em todas as modalidades da renda fixa.”
Curto, médio e longo prazo
Dentro desse cenário, Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos, destaca quatro tipo de produtos. O primeiro seria o Tesouro Selic, ideal para reservas de emergência devido à liquidez diária e à segurança. Os CDBs de bancos médios, que oferecem taxas superiores ao Tesouro Selic, “embora com riscos associados ao emissor” e os LCIs/LCAs, com isenção de Imposto de Renda (IR) deixando essas opções atraentes, “especialmente para investidores de alta renda.” Ele ainda cita os Fundos DI, que permitem diversificação com gestão profissional, “mas exigem atenção às taxas de administração”.
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Wis, da Genial, reforça que o investidor conservador deve levar em conta o cenário mais adverso e buscar alocações de menor risco, atreladas ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ou ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “Para investimentos de curto prazo as opções de renda fixa atreladas ao CDI são as mais indicadas, como o Tesouro Selic, CDBs atrelados ao CDI ou fundos DI”, diz.
Neste caso, avalia, o Tesouro Selic para aplicações até R$ 10 mil é bastante interessante porque o investidor fica isento da taxa do Tesouro Direto (0,2% ao ano), além de CDBs de liquidez diária com rendimento de pelo menos 100% do CDI e fundos referenciados DI com taxas de administração inferiores a 0,20% ao ano.
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Para investimentos de curto prazo sem necessidade de liquidez diária, as melhores alternativas sãos as LCI/LCAs para vencimento de até 1 ano. “São isentas de IR e, neste prazo, a alíquota de IR fica pesada, beneficiando muito as alternativas isentas do tributo”, comenta. Para aplicações de dois anos, os CDBs costumam ser mais atrativos porque neste prazo a alíquota de IR é menor e esse tipo de produto costuma ter um porcentual do CDI bem mais elevado que as LCI/LCAs. “Ficam com rendimento liquido maior”, diz.
Para aplicações de longo prazo não tem muito o que pensar: títulos atrelados ao IPCA. “No Tesouro Direto já temos títulos pagando IPCA+7%, enquanto que em CDBs de 3 anos ou mais as taxas se aproximam de IPCA+8%”, observa Wis.
“Bolsa tá barata”… Mas pode ficar mais
Diante de tanto prêmio, o professor Fábio Gallo avalia que não dá para falar em renda variável ao investidor médio, apesar de o cenário também abrir oportunidades no mercado de ações. “Não dá para afirmar com confiança que estamos diante de uma oportunidade clara de entrada na Bolsa, ela pode cair mais”, diz. Além disso, observa, o Brasil oferece retornos excepcionais em renda fixa – a taxa real ultrapassa os 7%, comparável a mercados de altíssimos juros, como a Turquia.
Ele diz ainda que investidores mais experientes, antes mesmo de se arriscar na renda variável, pode buscar a renda fixa corporativa, com firmas de alta qualidade pagando taxas extremamente competitivas. “Para o investidor médio, que busca segurança e retorno consistente, a renda fixa resolve a maior parte das necessidades financeiras sem expor o patrimônio à volatilidade da Bolsa”. Na visão de Gallo, faz mais sentido investir na dívida dessas firmas, travando juros altos, do que comprar suas ações e enfrentar a volatilidade do mercado.
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Autor: Leo Guimarães