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Em livro, maior ‘influencer’ de finanças do Brasil diz que Estado empobrece o povo

Em livro, maior ‘influencer’ de finanças do Brasil diz que Estado empobrece o povo

Bruno Perini começou sardinha. Seu primeiro investimento foi de apenas R$ 100, aos 17 anos. Tornou-se milionário antes de completar 30, cumprindo uma meta pessoal. Sua trajetória foi marcada por perdas e ganhos, como a de qualquer investidor com uma boa história para contar.

E Perini transformou essa jornada em conhecimento. O canal “Você Mais Rico”, com quase 1,8 milhão de inscritos no YouTube, começou como um blog em 2013. Foi por meio dele que o engenheiro formado pelo Exército se tornou, neste ano, o maior influenciador de finanças do Brasil.

A chancela veio da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados monetários e de Capitais) em novembro. Após uma análise de 441 influenciadores pessoas físicas, considerando popularidade, engajamento médio e autoridade, Perini alcançou o topo do ranking, desbancando até mesmo seu sócio, Thiago Nigro (5º lugar na lista), com quem dirige o Grupo Primo.

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O podcast “Os Sócios”, que apresenta junto à esposa, Malu Perini, possui mais de 1,2 milhão de inscritos no YouTube.

Empresário, especialista em investimentos e educador monetário, Bruno Perini também lançou seu primeiro livro este mês.

“Em Nome do Povo”, publicado pelo Citadel Grupo Editorial, tem como objetivo resgatar a história do dinheiro e explicar como governos utilizam a inflação para empobrecer a população. O livro também serve como um incentivo à educação financeira, área à qual Perini se dedicou na última década.

“Assim como posso dizer seguramente que os livros mudaram minha vida para melhor – sem eles eu nunca seria rico, tanto do ponto de vista intelectual quanto do monetário –, espero que este livro mude as perspectivas de algumas pessoas. Se isso acontecer, o esforço terá valido a pena”, diz um dos trechos iniciais da obra.

Bruno Perini: o maior influenciador de finanças do Brasil, segundo ranking da Anbima (Crédito: Divulgação)

Confira abaixo o prólogo e a introdução do livro “Em Nome do Povo”, de Bruno Perini:

Por que escrevi este livro?

Este livro não foi escrito para ser um best-seller.

Tampouco foi feito com o intuito de ganhar dinheiro.

Não que eu não goste de dinheiro, muito pelo contrário, inclusive acho que faz sentido deixar quantidades cada vez maiores de capital em minhas mãos, já que provei que sou melhor que boa parte das pessoas na hora de multiplicá-lo.

No entanto, se o intuito fosse estritamente monetário, eu já teria lançado um livro há anos, talvez mais de um, escrito por algum ghost writer, como boa parte dos “autores” modernos faz.

Não foi o caso. Cada palavra desta obra, para o bem ou para o mal, foi escrita por mim. A única revisão que permiti foi a retirada de erros de português – mas não de todos.

Do ponto de vista da alocação do meu recurso mais escasso, o tempo, este livro também não foi um bom investimento, visto que eu certamente conseguiria muito mais resultado ao lançar novas turmas do meu curso Viver de Renda.

Então, por que escrevi esta obra?

Dostoiévski dizia que a grande vantagem que o homem tem sobre os outros animais é a mentira. Para o autor russo, só o homem era capaz de criar mentiras elaboradas. O historiador israelense Yuval Harari refinou um pouco mais esse pensamento, chegando à conclusão de que nossa vantagem não está em mentir, mas em conseguir acreditar em mentiras ou, usando uma palavra mais elegante, ficções. O homem cria ficções tão poderosas que, em dado momento, chegam a se tornar reais.

Pense comigo por um instante e verá que você está cercado de ficções por todos os lados, a começar por este livro. Em nome do povo foi publicado por uma firma, uma pessoa jurídica, cuja existência, apesar de imaterial, é tão real quanto a minha, com uma série de obrigações, direitos, e que será dona de parte dos resultados desta obra.

Pessoas jurídicas, inclusive, são as pessoas mais ricas do mundo. Enquanto alguns discutem se bilionários deveriam existir, há pessoas jurídicas que faturam centenas de bilhões por ano e por isso valem trilhões de dólares. E como essas “pessoas” são criadas? Basicamente alguns indivíduos assinam papéis que outros dizem ser suficientes, e no final todos acreditam na existência desse novo ser, ainda que ninguém possa tocá-lo.

E entre as maiores ficções já criadas está o dinheiro. Você com certeza conhece alguém que não acredita em Deus, há pessoas que não acreditam no Estado, em nações, mas todos acreditam no dinheiro. O que começou como um meio de troca material e que hoje é cada dia mais abstrato, bits e bytes mostrados em telas de smartphones, teve sucesso onde outras ficções poderosíssimas, como governos e deuses (não o seu, as ficções são sempre as divindades dos outros), falharam.

Dando um exemplo, após a retirada das tropas americanas do Afeganistão, em 2021, o país foi rapidamente retomado pelo grupo radical Talibã. Em sua marcha rumo à capital, o grupo foi destruindo todos os símbolos ocidentais que encontrou pelo caminho, desde cruzes cristãs até cabeças de manequins em lojas de roupa. Mas o que você acha que aconteceu quando o Talibã recuperou o controle do sistema bancário afegão e encontrou bilhões de dólares lá dentro?

Será que eles queimaram todas as notas de 100 dólares, aquelas com a face de Benjamin Franklin? Obviamente não, porque o Talibã acredita no dólar. Eles também acreditam no dinheiro.

Diante de tamanha importância, aqui está o primeiro motivo para escrever este livro: eu realmente queria dar minha contribuição para o estudo do dinheiro, algo que fará parte da vida das pessoas do nascimento até o derradeiro fim.

Com a crescente evolução tecnológica, você, meu caro leitor, provavelmente terá várias carreiras. Você pode se formar em Direito, anos depois descobrir que quer ser blogueiro e, uma década mais tarde, acabar no mercado pet. A vida é uma caixinha de surpresas. Porém, o que você nunca deixará de fazer é mexer com dinheiro. Dentre tudo que você poderá estudar, esse é um dos assuntos mais importantes e de emprego mais cotidiano: todo dia você precisará tomar decisões financeiras – e a maior parte das pessoas faz péssimas escolhas nessa área por falta de conhecimento.

Um segundo motivo está no fato de que realmente acredito que livros são objetos mágicos, verdadeiras máquinas do tempo. Quando o filósofo estoico Zenão de Cítio consultou um oráculo para perguntar sobre como se tornar um sábio, este respondeu: “Para atingir a sabedoria e viver a melhor vida, você deve passar a ter conversas com os mortos”. De início, Zenão não entendeu, mas, após passar em frente a alguns volumes com publicações de filósofos já falecidos, compreendeu que o oráculo estava falando sobre livros.

Por meio de um livro podemos adquirir o conhecimento daqueles que nos precederam. Tenho extensas “conversas com os mortos” – talvez, e felizmente, a melhor palavra seja “monólogos”, já que a comunicação é de mão única. Nessas conversas conheci economistas mortos há décadas, autores falecidos há séculos e filósofos que nos deixaram há milênios.

Esta é inclusive uma segunda grande vantagem do homem em relação a outros animais: nossos registros escritos. Ou você conhece alguma outra espécie que consegue acumular grandes quantidade de conhecimento de maneira externa? Leões não escrevem livros de suas caçadas, abelhas não têm controles de estoque ou registros administrativos, golfinhos não compõem poemas épicos sobre deuses marinhos, mas o homem fez e faz tudo isso.

Graças à escrita, deixamos de ser uma espécie condenada à amnésia. O conhecimento, antes restrito à oralidade, ao “quem conta um conto aumenta um ponto” e à parca duração de nossas memórias, passou a ficar registrado de maneira muito mais fidedigna. E não que isso signifique que o conhecimento dos antigos nunca se perdeu, porque parte dele ficou pela história, mas sem os livros estaríamos o tempo todo redescobrindo o que um grego ou egípcio já sabia há 2.500 anos.

Por fim, o economista austríaco Ludwig von Mises dizia que “o homem rico pode se dar ao luxo de adotar caminhos insensatos por mais tempo que o pobre”. Como um fã incondicional da leitura, eu sempre quis escrever um livro. Ainda que não seja a melhor decisão do ponto de vista monetário, creio que já tenho o suficiente para adotar o caminho insensato de alocar uma grande quantidade de tempo nesta obra, ainda que ela gere um retorno baixo na parte financeira, mas talvez gere um retorno altíssimo em outras áreas…

Assim como posso dizer seguramente que os livros mudaram minha vida para melhor – sem eles eu nunca seria rico, tanto do ponto de vista intelectual quanto do monetário –, espero que este livro mude as perspectivas de algumas pessoas. Se isso acontecer, o esforço terá valido a pena.

Por que você deveria ler este livro?

Sendo absolutamente direto, perdendo o pódio apenas para as gravações das aulas do meu curso Viver de Renda, este foi o conteúdo que me deu mais trabalho para ser feito. Afirmo categoricamente que me tornei ainda mais fã dos meus autores favoritos após acabar de escrever esta obra.

E não que algo que dê muito trabalho passe de maneira automática a ser mais valioso. O valor vem da relação entre oferta e demanda (falaremos disso mais adiante). Mas se há uma regra não dita no mundo da produção de conteúdo, é que aquilo que deu mais trabalho para o autor geralmente é mais interessante para o consumidor.

Como diriam os romanos, verba volant, scripta manent. A palavra falada voa, a escrita permanece. Aquilo que é falado em vídeos, embora teoricamente também seja eterno, muitas vezes é feito de modo sumário e apressado, sem muita reflexão. Já nesta obra, pude revisar e depurar cada pensamento – devo ter lido cada página pelo menos umas dez vezes durante o processo – de um modo impossível de ser reproduzido em redes sociais, que exigem atualização constante, em alguns casos mais de uma vez ao dia.

Podemos dizer que as redes sociais são meu fast-food, e há ótimas opções de fast-food por aí, enquanto neste livro eu pude cozinhar em fogo baixo – e todos sabem (ou deveriam saber) que a mágica na culinária acontece em fogo baixo.

Introdução

Por falta de uma compreensão geral, o crime de uma emissão excessiva (de moeda) por parte de um monopolista continua não somente a ser tolerado, mas até aplaudido.

A frase de abertura deste capítulo foi escrita por Friedrich August von Hayek, economista austríaco laureado com o Nobel de Economia (melhor dizendo, com a medalha do Banco Central da Suécia em memória de Alfred Nobel), no livro A desestatização do dinheiro, publicado em 1976.

Passadas quase cinco décadas desde essa afirmação, pouca coisa mudou: o grosso do povo continua a aplaudir esse tipo de movimento, justamente porque não compreende suas consequências.

O filósofo escocês David Hume, um dos primeiros a estudar com mais profundidade o dinheiro, usava um exemplo interessante de uma fada que, magicamente, multiplicava a quantidade de moeda nos bolsos e cofres de todos. Será que com essa multiplicação todos ficariam duas vezes mais ricos?  Hume explicava que não, e ao longo desta obra você entenderá o porquê… Mas, independentemente disso, se essa fada concorresse a um cargo político, teria grandes chances de ser eleita.

O objetivo desta obra é lhe apresentar uma breve história mostrando como o casamento entre política e dinheiro, tido por muitos como algo normal e até necessário, surgiu. Para isso, vamos percorrer todo um caminho, saindo do escambo, passando pelas moedas-mercadoria, moedas de metais preciosos, moedas com lastro em ouro, e portanto em escassez, até finalmente atingirmos o estágio atual, no qual usamos um dinheiro sem lastro algum, cada vez mais digital, baseado apenas na confiança depositada numa classe política que, consistentemente, viola essa relação fiduciária – e, infelizmente, entenderemos por que isso provavelmente não irá mudar.

Se hoje, vivendo num Estado laico, achamos curioso e até estranho como no passado era comum misturar religião e política, ao final deste livro espero que você veja que misturar aquilo que existe de mais importante em uma economia, a moeda, com o Estado também não foi das melhores ideias (exceto se você for um governante).

E por Estado entenda que estou falando do aparato administrativo quase fixo de um país. Em locais com eleições livres, governos vêm e vão, podem mudar a cada poucos anos; já o Estado fica e muda muito menos.

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Autor: Mitchel Diniz

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