Zelensky pede a Biden que reúna apoio para adesão da Ucrânia à Otan
KIEV (Reuters) – O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu neste domingo ao governo do presidente norte-americano, Joe Biden, que ajude a convencer os membros da Organização do Tratado do Atlântico do Norte (Otan) a convidar a Ucrânia para fazer parte da aliança militar contrária à Rússia.
Kiev quer que os membros da Otan façam um convite em uma reunião da aliança em Bruxelas nesta semana, enquanto a guerra na Ucrânia se aproxima da marca de três anos e a Rússia obtém ganhos no campo de batalha.
Zelensky falou a jornalistas em Kiev ao lado do novo presidente do conselho de Estados-membros da União Europeia, Antonio Costa, que viajou para a Ucrânia em seu primeiro dia no cargo para demonstrar apoio a Kiev contra a Rússia.
O líder ucraniano, que vem calibrando as posições da Ucrânia antes de Donald Trump suceder Biden em janeiro, reconheceu que alguns aliados da Otan ainda estão cautelosos em convidar Kiev para se juntar à aliança.
“Faltam dois meses para o atual governo dos Estados Unidos”, disse ele. “Eles têm influência sobre os poucos céticos europeus em relação ao nosso futuro (na Otan).”
Trump criticou a escala do apoio dos EUA à Ucrânia e prometeu acabar com a guerra rapidamente, sem dizer como.
Avanço russo
As tropas de Moscou têm capturado vilarejo após vilarejo no leste da Ucrânia, parte de um esforço para tomar a região industrial de Donbas, enquanto os ataques aéreos russos têm como alvo uma rede de energia ucraniana com a chegada do inverno.
Em novembro, o governo Biden concedeu à Ucrânia permissão para usar armas ocidentais para atacar ainda mais o território russo. Moscou respondeu atacando a Ucrânia com um novo míssil balístico de alcance intermediário e ameaçou novos ataques a instalações do governo em Kiev.
Há muito tempo, Kiev exige que Moscou retire todas as tropas de seu território e afirma que a Ucrânia deve receber garantias de segurança comparáveis à adesão à Otan para evitar que a Rússia ataque novamente. Moscou, que controla quase um quinto do território ucraniano, exige o reconhecimento de sua anexação de terras ucranianas e a neutralidade permanente da Ucrânia.
Em uma entrevista na semana passada, Zelensky apresentou a ideia de que seu país poderia se tornar membro da Otan mesmo enquanto a Rússia ocupa parte do território capturado, uma solução que, segundo ele, poderia encerrar a “fase quente” da guerra.
Neste domingo, Zelensky esclareceu que qualquer convite para se juntar à aliança deve se estender a todo o território ucraniano, mesmo que o acordo de defesa coletiva da aliança possa não operar em áreas ocupadas pelas forças russas.
“Não pode haver convite da Otan para (apenas) uma parte do território ucraniano”, disse ele, afirmando que um convite estendido apenas a partes da Ucrânia equivaleria a reconhecer que outras partes não eram mais ucranianas.
Costa, que visitou a Ucrânia junto com o novo chefe de política externa da UE e o chefe de ampliação do bloco no dia em que todos assumiram o cargo, disse que a UE “esteve com vocês desde o primeiro dia desta guerra de agressão, e vocês podem contar conosco para continuar a estar com vocês”.
“Essas não são apenas palavras”, acrescentou Costa, ex-primeiro-ministro português que substituiu Charles Michel como presidente do Conselho Europeu e presidente das cúpulas da UE.
Costa disse que o processo de adesão da Ucrânia à UE foi marcado por “um senso de urgência” e que o bloco poderia tomar medidas para integrar a Ucrânia antes de sua entrada, como coordenar as regras de roaming de telefones celulares e permitir que alguns produtos entrem no mercado único.
“Não podemos administrar esse processo como se fosse algo normal, porque se trata de uma escolha geopolítica”, disse ele.
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Autor: Felipe Moreira