Veja como é calculado o valor da Selic e porque ela impacta os seus investimentos
O primeiro Boletim Focus divulgado após o anúncio do pacote de contenção de gastos do governo, feito na última quarta-feira (27), trouxe nesta segunda-feira (2) uma revisão para cima nas projeções da Selic em 2025, agora estimada em 12,63%, ante os 12,25% previstos antes do pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O aumento reflete expectativas mais altas para inflação e dólar. Mas, afinal, o que é a Selic e como ela impacta os rendimentos dos investidores? O E-Investidor esclarece as principais dúvidas sobre esse indicador essencial.
Como o valor da Selic é calculado e qual a sua função?
A Selic, principal ferramenta de política monetária do Banco Central, tem como função controlar a inflação. Quando a Selic é elevada, os juros cobrados em financiamentos, empréstimos, cheques especiais e cartões de crédito aumentam, desestimulando o consumo e ajudando a conter a alta de preços.
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O inverso ocorre quando o BC reduz a taxa, buscando impulsionar o consumo e aquecer a economia. Desde 1996, a Selic é revisada a cada 45 dias em reuniões fechadas do Comitê de Política Monetária (Copom). O cálculo considera fatores como inflação, câmbio, comércio exterior, atividade econômica e projeções de crescimento do país.
A próxima reunião do Copom acontece na semana que vem, nos dias 11 e 12 de dezembro. O mercado espera que nesta última reunião de 2024, a Selic, seja elevada em 0,50% ponto percentual saindo do atual patamar de 11,25% para 11,75%.
O que significa o nome Selic?
A Selic, sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, é a taxa básica de juros do Brasil, operada diariamente pelo Banco Central por meio da emissão, compra e venda de títulos públicos do Tesouro Nacional. Essa taxa influencia diretamente todas as demais taxas de juros no país.
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Na prática, o juro é o custo pago por quem toma dinheiro emprestado e a remuneração para quem empresta. Assim como no aluguel de um imóvel ou carro, onde se paga pelo uso temporário do bem, no caso do dinheiro, o tomador paga um percentual, o chamado “prêmio”, ao emprestador, como bancos ou financeiras, que deixam de utilizar esse recurso para outra finalidade durante o período do empréstimo.
Quais investimentos fazer com a Selic em alta?
A Selic influencia diversos tipos de investimentos. Na renda fixa, o impacto é direto, já que a taxa básica de juros é usada para calcular a remuneração de várias aplicações. Na renda variável, a repercussão é indireta, refletindo os efeitos dos juros na economia, que tornam alguns ativos monetários mais ou menos atrativos.
Com a Selic acima de 8,5% ao ano, a poupança oferece rendimento fixo de 6,17% ao ano (ou 0,5% ao mês), acrescidos da Taxa Referencial (TR). Apesar disso, especialistas consideram a poupança uma opção pouco vantajosa, já que os ganhos ficam limitados à Selic, sendo superados por outras alternativas.
Na renda fixa, títulos públicos como o Tesouro Selic e títulos privados pós-fixados, como CDBs e LCIs, se beneficiam de uma Selic alta, pois seus rendimentos tendem a aumentar, acompanhando o CDI, que segue de perto a taxa básica de juros. Nesse cenário, investir em renda fixa pode ser uma estratégia mais interessante, com maior potencial de ganhos.
Ainda assim, é essencial considerar o juro real — a diferença entre os juros nominais e a inflação no período — para avaliar o rendimento efetivo da aplicação. Em tempos de Selic elevada, os especialistas indicam que o foco em títulos de curto a médio prazo pode ser vantajoso, para que o investidor aproveite os ganhos imediatos com os juros altos.
Qual a relação da bolsa com a Selic?
A relação da Selic com o mercado de ações e os fundos imobiliários é indireta, já que o desempenho desses investimentos está mais ligado aos resultados das firmas e ao mercado imobiliário. No entanto, a taxa básica de juros impacta a economia como um todo, influenciando fatores como demanda por produtos, lucros firmariais e preços de aluguéis, o que, por sua vez, afeta o valor das ações e fundos imobiliários.
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Quando a renda fixa se torna menos atrativa, investidores podem migrar para a bolsa, aumentando a demanda por ações e, consequentemente, os preços dos papéis. O mesmo ocorre com fundos imobiliários, que tendem a se beneficiar de uma economia aquecida, favorecendo a distribuição de aluguéis geridos pelos fundos.
Por outro lado, uma alta na Selic pode desestimular a economia, afetando os resultados das firmas e a valorização dos imóveis, além de atrair investidores de volta para a renda fixa. Esse movimento pode desvalorizar ações e fundos imobiliários, refletindo os impactos de uma economia mais desacelerada.
Atualmente, o mercado acionário brasileiro apresenta um índice Preço/Lucro (P/L) em torno de 8 vezes, abaixo da média histórica de 11 vezes. Esse cenário sugere um mercado com ações subvalorizadas em relação aos lucros das firmas.
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Autor: Leo Guimarães