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Burnout: equilíbrio entre vida profissional e pessoal é essencial contra esgotamento

Burnout: equilíbrio entre vida profissional e pessoal é essencial contra esgotamento

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu e classificou a síndrome do burnout como uma doença ocupacional em 2022, mas antes disso uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em 2021, já mostrava que um a cada quatro brasileiros estava sofrendo dessa condição.

A situação da doença ocupacional, em conjunto da dificuldade de alcançar o equilíbrio entre vida e trabalho em um mundo cada vez mais conectado e competitivo, mostra que os cuidados para alcançar um bom nível de saúde mental e bem-estar coletivo são urgentes.

Não conseguir ter esse equilíbrio entre vida pessoal e profissional é uma das principais causas que levam ao burnout. Segundo Larissa Fonseca, psicóloga clínica e especialista na doença, é mais complexo alcançar esse patamar quando todos estão hiperconectados, sempre prontos para atender às necessidades de colegas, líderes e clientes.

“O equilíbrio entre vida e trabalho significa organizar-se no tempo, pensamentos e energia de uma forma que conseguimos entregar demandas profissionais sem comprometer nossa saúde física, mental e nossos relacionamentos pessoais”, disse.

No Panorama do Bem-Estar Corporativo 2025, estudo desenvolvido pela Wellhub, 47% dos colaboradores que responderam a pesquisa afirmam que o estresse no trabalho impacta negativamente seu bem-estar mental, e 96% dos trabalhadores relatam algum nível de estresse durante o expediente.

Luciana Benedetto, psicóloga especialista em neuropsicologia e bem-estar da BurnUp, reforça que o desequilíbrio decorre de pressões como metas inatingíveis e longas jornadas. 

“O equilíbrio pode ser definido como a capacidade de atender às demandas profissionais sem impactar ou prejudicar a qualidade de vida e o bem-estar pessoal”, disse Luciana, destacando também a influência da falta de limites claros entre trabalho e vida pessoal.

O que é a Síndrome do Burnout?

A Síndrome do Burnout, também conhecida por síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psicológico que está associado ao estresse crônico no ambiente de trabalho. Normalmente, a doença acontece quando há uma pressão constante, alta carga de responsabilidades ou situações de conflito que levam a esse desgaste extremo. 

Larissa explica que, quando não há limites claros que delimitam o pessoal e o profissional, “ocorre uma sobrecarga emocional e física, que mantém o corpo em estado constante de alerta, elevando níveis de cortisol. Isso leva ao esgotamento característico do Burnout”.

Os primeiros sinais desse esgotamento incluem cansaço extremo, irritabilidade, dificuldade de concentração e sensação de incompetência, distanciamento emocional e social, com associações de dores físicas (dores de cabeça e musculares) e alterações no sono e no apetite.

“Quando os ‘pratinhos’ da vida começam a cair, o sentimento de esgotamento e exaustão vem à tona”

— Luciana Benedetto, psicóloga especialista em neuropsicologia e bem-estar da BurnUp

Estratégias de prevenção 

Criar limites saudáveis entre trabalho e vida pessoal é imprescindível para evitar o burnout, apesar de que a prática tende a ser mais difícil que a teoria. 

A psicóloga sugere que as pessoas organizem seus dias com prioridades e reservem momentos de foco e pausas. “Também é importante desconectar-se de dispositivos eletrônicos durante momentos pessoais”, acrescentou. 

Larissa também acredita que uma avaliação dos melhores horários de funcionamento cognitivo pode ajudar na produtividade e foco de cada um. A parte mais difícil, nesse caso, pode ser o alinhamento prático desse tempo com a firma. 

“Não significa que seremos compreendidos, porém, é uma forma de mostrar particularidades de funcionamento e alinhar expectativas, exigências etc. ”

Outra parte importante é desenvolver práticas de autocuidado, como atividade física, meditação e hobbies. “Criar rituais de desconexão ao final do dia e evitar responder mensagens fora do expediente são passos simples, mas poderosos”, destacou Luciana.

As especialistas concordam que a prática do autocuidado e a disciplina em manter horários bem definidos são práticas indispensáveis. Luciana ressalta que priorizar sua saúde física e emocional, assim como o gerenciamento de tempo para atividade física e descanso são importantes.

O papel das firmas no equilíbrio

As firmas possuem um grande papel para que haja esse equilíbrio. Afinal, segundo os dados da Wellhub, 82% dos colaboradores brasileiros acreditam que a firma tem a responsabilidade de ajudar a cuidar do bem-estar. Além disso, 92% dos entrevistados disseram que o bem-estar no trabalho é tão importante quanto o salário, ou seja, não existe mais espaço para sacrificar o bem-estar.

“As firmas devem criar uma cultura que valorize a saúde mental, respeitar limites de horários e oferecer suporte psicológico”, afirmou Larissa.

Luciana acrescenta que ter políticas como trabalho remoto e jornadas flexíveis permitem maior autonomia dos colaboradores, e que “ajudam os profissionais a equilibrar melhor suas responsabilidades pessoais e profissionais”. Ela ressalta, porém, que é necessário garantir que não haja sobrecarga ou invasão de espaço pessoal.

“Essas práticas ajudam os profissionais a equilibrar melhor suas responsabilidades pessoais e profissionais, desde que acompanhadas por orientações claras para evitar excessos”

A neuropsicóloga acredita que ter um aliado corporativo como a BurnUp ajuda a desenvolver um plano para melhorar o bem-estar dos colaboradores, já que toda a estratégia é baseada em conteúdo qualificado e pesquisas.

Quando buscar ajuda profissional

Reconhecer a hora de procurar apoio é um passo essencial na prevenção e tratamento do burnout. “Quando a sensação de exaustão não melhora, mesmo após tentativas de descanso, é hora de buscar um psicólogo ou outro profissional de saúde mental”, recomendou Larissa.

Luciana reforçou que sintomas persistentes, como queda de desempenho, impacto nas relações pessoais e sensação de esgotamento contínuo, são sinais claros. “A BurnUp facilita essa jornada ao conectar pessoas a profissionais e oferecer conteúdos educativos que ajudam no momento de descoberta”, destacou.

Conscientização

A pandemia trouxe à tona a importância da saúde mental no trabalho, e as duas especialistas enxergam que existe um movimento crescente de conscientização.

Segundo os dados da Wellhub, os níveis globais de saúde mental caíram drasticamente durante a pandemia de Covid-19 e ainda não se recuperaram. Antes, a estimativa era que 12,5% da população teria problemas de saúde mental em algum momento de suas vidas, mas, em 2022, o número de pessoas que tiveram depressão ou ansiedade já tinha alcançado 25%. 

A pesquisa aponta que a crise na saúde mental afeta os orçamentos para benefícios no trabalho: companhias e trabalhadores gastaram US$ 77 bilhões com transtornos de saúde mental em 2020 só nos EUA.

Por isso, a conscientização se torna um passo tão importante para evitar a síndrome do burnout ou outras condições psicológicas, assim como os planos de ação, sejam eles por meio de benefícios aos colaboradores ou por outros meios.

“Percebo firmas, lideranças e indivíduos mais atentos ao tema e buscando formas de promover práticas saudáveis”, concluiu Larissa.

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Autor: Victória Anhesini

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