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Justiça decide contra exportadores de café, em crise por conta da valorização da commodity

Vista aérea de plantação de café. Foto: Getty Images/ wsfurlan

Um juiz brasileiro decidiu contra a grande exportadora de café Montesanto Tavares Group Participações SA, que vem tentando renegociar dívidas com bancos e firmas, incluindo a comerciante de commodities Cargill.

As firmas pertencentes ao grupo cafeeiro – Atlântica Exportação e Importação e Cafebras Comércio de Cafés do Brasil – tiveram seu pedido conjunto de um período de carência de 60 dias para o pagamento da dívida negado, enquanto negociam com os credores a fim de evitar a declaração de falência. A decisão foi do juiz Murilo Silvio de Abreu, e a decisão inicial ainda pode ser objeto de recurso.

“Entendo a situação de crise dos autores, que foi bem demonstrada, mas exigir que esses credores arquem com o ônus por 60 dias, com todo o respeito, não é razoável”, disse o juiz em uma decisão de 3 de dezembro vista pela Bloomberg News.

É provável que a última medida aumente as preocupações sobre o crescente estresse monetário nos mercados globais de café.

Os preços futuros dos grãos arábica – a variedade preferida para as cervejas de alta qualidade – estão em alta, saltando cerca de 70% entre janeiro e o final de novembro, atingindo o valor mais alto em mais de quatro décadas. Quando os preços sobem, os corretores exigem que os produtores e exportadores de café coloquem mais dinheiro na forma de depósitos de margem para cobrir possíveis perdas.

LEIA MAIS: Por que a alta do café virou um problema para os produtores brasileiros

A Atlântica afirmou ser responsável por 8% das vendas de arábica do Brasil. A firma, assim como a firma irmã Cafebras, são de propriedade da Montesanto. Os advogados que representam o grupo controlador disseram que as firmas estão estudando as próximas medidas a serem tomadas no processo legal.

Documentos judiciais preenchidos pela Montesanto mostram uma lista de firmas às quais a Atlântica e a Cafebras devem cerca de R$ 530 milhões (US$ 87,8 milhões) na forma de chamadas de margem. Essa lista inclui a Cargill, bem como o Grupo Marex e o Banco Pine entre os principais credores.

A Cargill, a Marex e o Banco Pine não quiseram comentar.

Além dos compromissos de margem relacionados aos derivativos de café, a Atlântica e a Cafebras também listaram entre seus principais credores alguns dos principais bancos do Brasil. As firmas haviam assinado contratos com os bancos com base na receita de exportação prevista.

O total foi de cerca de US$ 190 milhões para esses contratos com bancos, incluindo o Banco do Brasil SA e o BTG Pactual SA, listados como principais credores. O Banco do Brasil e o BTG Pactual não quiseram comentar.

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Autor: Bloomberg

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