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O Banco do Brasil (BBAS3) pode patinar em 2025? Veja como ficam os dividendos

Após entrar desacreditada pelo mercado e enfrentar forte volatilidade nas ações com a eleição do presidente Lula, a nova gestão do Banco do Brasil (BBAS3) mostrou seu valor aos acionistas. Desde a posse da atual presidente da companhia, Tarciana Medeiros, os papéis do BB disparam 67,1%, indo de R$ 15,06 no dia 16 de janeiro de 2023 (data da posse da CEO do BB) para R$ 25,17 na última quarta-feira (4).

A alta é reflexo dos resultados monetários apresentados pelo banco estatal. Somente no terceiro trimestre de 2024, o BB reportou um lucro líquido ajustado de R$ 9,5 bilhões, alta de 8,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a setembro de 2024, a companhia lucrou R$ 28,3 bilhões, crescimento de 8,4% na comparação com os mesmos meses de 2023. Se os números atuais estão positivos e reforçam o otimismo do mercado, o roteiro de 2025 será o mesmo?

Na visão dos analistas, o próximo ano não deve apresentar tanta tranquilidade e baixa volatilidade no valor da ação do Banco do Brasil, o que deve exigir estômago do investidor. As expectativas para o balanço indicam desaceleração. No entanto, essa redução não será pela gestão do banco, que ainda continua com uma boa relação com o mercado, mas sim pela desaceleração do agronegócio. Os dados do Produto Interno Bruto do terceiro trimestre de 2024 mostram essa piora do setor, o qual é a joia da coroa do BB.

No terceiro trimestre de 2024, o agronegócio mostrou uma contração de 0,9% em relação ao trimestre anterior. Na comparação entre o terceiro trimestre de 2024 e o terceiro trimestre de 2023, o PIB do agronegócio apresentou uma queda de 0,8%. Já no acumulado de 12 meses até setembro de 2024, o PIB do agronegócio recua 2,9% na série sem ajuste sazonal.

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“O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado em novembro mostrou que alguns produtos, cujas safras são significativas no terceiro trimestre, apresentaram queda na estimativa de produção anual e perda de produtividade, como cana (-1,2%), milho (-11,9%) e laranja (-14,9%)”, diz o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa piora do agro já refletiu no balanço da companhia no terceiro trimestre de 2024. Vale lembrar que a carteira do agronegócio encerrou o período como a maior do banco, ocupando cerca de 32,7% da carteira total. O segundo lugar ficou com a carteira da pessoa física, que é equivalente a 32% da carteira total. Desse modo, a inadimplência do Banco do Brasil cresceu 0,53 ponto porcentuais no terceiro trimestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a 3,3%. As Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) dispararam 34,2% em um ano, chegando a R$ 10 bilhões no terceiro trimestre de 2024.

Banco do Brasil deve enfrentar incertezas em 2025

Na visão de Milton Rabelo, analista da VG Research, existem algumas incertezas sobre os futuros resultados do Banco do Brasil, em função dos desafios enfrentados pelo agronegócio. Ele acredita que o Banco do Brasil deva reportar balanços complicados no início do próximo ano.

“Eventos climáticos e volatilidade nas cotações de algumas commodities devem pressionar as Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) do Banco do Brasil em 2025, porém, em algum momento esses problemas serão superados, o que possibilitará mais clareza sobre os futuros resultados do banco estatal, que ainda tem apresentado números muito positivos”, diz o especialista.

Matheus Nascimento, analista da Levante Inside Corp, aponta que, além do agronegócio deteriorado, o Banco do Brasil deve enfrentar um cenário macroeconômico difícil no próximo ano, com inflação acelerada e juros elevados. Ele comenta que os bancos, em geral, podem ter uma expansão de até 5% nos lucros e o Banco do Brasil está nesse meio. Além disso, ele calcula que a firma pode apresentar um ritmo de expansão robusto nos volumes das carteiras de crédito.

“Observamos que a companhia pode seguir apresentando assimetria ao investidor. Por outro lado, como tese comum para o segmento, seguimos observamos a qualidade dos resultados reportados, sobretudo com relação à qualidade das carteiras de crédito, principalmente a do agronegócio”, afirma.

Rentabilidade do Banco do Brasil deve cair, mas nem tudo está perdido

Para a equipe do BTG Pactual, a rentabilidade do banco estatal medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês) deve apresentar uma redução. O banco estima que a rentabilidade do Banco do Brasil deve encerrar 2025 em 19,3%, uma queda de 1,8 ponto porcentual em relação ao ROE estimado pelo BTG para o fim de 2024. E outra baixa de 3,6 pontos porcentuais em relação ao ROE do quarto trimestre de 2023.

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Ainda que o banco estime essa piora na rentabilidade, o BTG lembra que, na última teleconferência com o mercado, o CFO do Banco do Brasil, Marco Geovanne Tobias, tranquilizou os investidores. O executivo comentou que a piora do agro ocorreu devido a um aumento no número de processos de recuperação judicial no segmento de agronegócio, agora totalizando mais de 200 nomes e correspondendo a 15% do saldo de empréstimos vencidos do BB.

“Ele também observou que o aumento da inadimplência no segmento foi pressionado por vários fatores (como menores preços de commodities, maiores custos de produção e eventos climáticos severos) e que o banco tem um balanço patrimonial forte e capacidade para enfrentar essas questões”, dizem Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, que assinam o relatório.

O BTG acredita que a companhia deve segurar as pontas na última linha do balanço ao longo de 2025. Os analistas do banco estimam que o lucro do Banco do Brasil será de R$ 38,1 bilhões no acumulado de 2025, uma alta de 1,6% em relação ao lucro projetado em 2024, sendo de R$ 37,5 bilhões.

Quanto o Banco do Brasil pode pagar em dividendos em 2025?

Embora o cenário do próximo ano seja difícil para o Banco do Brasil, os analistas comentam que a gestão da firma é “boa” e que o banco deve continuar  apresentando lucro. Com isso, os analistas estimam que o Banco do Brasil será o maior pagador de dividendos entre os bancos no próximo ano.

Para os analistas do BTG Pactual, o Banco do Brasil pode pagar 11,5% do seu valor de mercado em dividendos no próximo ano. Para Milton Rabelo, analista da VG Research, os dividendos do Banco do Brasil podem chegar a 12% do valor de mercado da firma. A tese de BTG e VG é que o banco deve manter um bom caminho de lucratividade com um bom pagamento de dividendos no atual payout do Banco do Brasil, de 45% do lucro.

Já Matheus Nascimento vê o fato de o banco ter elevado o porcentual do lucro pago em dividendos (payout) da faixa dos 40% para até 45% no começo do ano como um dos pontos principais para a companhia ser a maior pagadora de dividendos entre os bancos. Até o momento, esse é o maior payout oficial entre as firmas do setor.  Com isso, ele estima um dividend yield do Banco do Brasil entre 9,5% e 10% em 2025.

Com base nessas estimativas de dividendos e lucro, os analistas se mantêm otimistas com a ação. O BTG Pactual tem recomendação de compra para o Banco do Brasil com preço-alvo de R$ 34,00 para o fim de 2025, uma potencial alta de 36,7% na comparação com o fechamento de terça-feira (3), quando a ação encerrou o pregão a R$ 24,87.

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A VG Research recomenda compra com preço-alvo de R$ 36,00 para o fim de 2025, uma possível alta de 43,02% em relação ao fechamento de quarta-feira (4). A Levante também recomenda compra e diz que o Banco do Brasil traz uma combinação de dividendos atrativos somados a um potencial de valorização atraente para o investidor.

Ou seja, o próximo ano pode ser desafiador o para o Banco do Brasil (BBAS3) devido a toda a pressão do agronegócio e a piora do cenário macroeconômico. No entanto, os analistas comentam que, se o investidor quiser enfrentar essa volatilidade e dar um voto de confiança na gestão da equipe comandada por Tarciana Medeiros, o banco pode superar essas dificuldades e ser o maior pagador de dividendos entre os quatro grandes bancos.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Bruno Andrade

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