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Passos simples para multiplicar o seu dinheiro e garantir um 14º salário

Trabalhadores que não contam com o 14º salário pago pelas firmas se veem em um dilema no fim do ano: como garantir um bônus extra para cobrir as despesas das festas e outras necessidades? Embora o benefício seja uma prática adotada por algumas companhias, ele não é uma obrigação legal, o que deixa grande parte dos brasileiros de fora dessa bonificação.

Felizmente, especialistas em educação financeira apontam que é possível conquistar esse 14º salário por conta própria. A chave para isso está em adotar uma estratégia de poupança e investimentos ao longo do ano. Com disciplina e planejamento monetário, qualquer pessoa pode criar uma reserva destinada a cobrir esses gastos, independentemente de uma política firmarial.

Há cinco anos, desde que se tornou pessoa jurídica, a analista de marketing Ana Paula Oliveira, de 36 anos, reserva R$ 300 desde janeiro para faturar R$ 3.600 em dezembro. Se ela receber, durante esse período, horas extras ou bonificação, toda a grana é reservada. O dinheiro, ela conta, serve para pagar contas pendentes no fim do ano, fazer reformas em seu apartamento ou até mesmo fazer uma viagem.

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Para não cair na tentação de gastar todo o salário do mês, assim que recebe o valor, Oliveira guarda numa caixinha do banco batizada de “meu 14º salário”. “Embora eu não trabalhe com carteira assinada, a firma que eu presto serviço oferece, todo fim do ano, uma bonificação que, ao meu ver, funciona como um 13º salário. Mas comecei a perceber que, nessa transição de fim para início de ano, eu gastava muito ou queria realizar alguns objetivos que eu não teria como. Foi quando eu resolvi me pagar meu próprio 14º salário”, diz.

A primeira etapa para planejar o 14º salário, segundo José Augusto Balotari, assessor da Manchester Investimentos, é definir com clareza os objetivos monetários do ano. “Antes de pensar em como poupar para o 14º, é importante primeiro entender quais são suas metas para o ano. Isso inclui pagar o material escolar, cobrir custos de viagem, ou até mesmo garantir recursos para o pagamento de impostos como o IPVA ou o IPTU“, explica.

O especialista sugere que os trabalhadores dividam seus objetivos em categorias, o que facilita o controle das finanças ao longo do ano. Outro ponto importante é a necessidade de ajustar o comportamento monetário. O planejamento deve considerar imprevistos e gastos sazonais, que sempre surgem ao longo do ano.

Hudson Pereira, sócio da One Investimentos, complementa a ideia ao sugerir que a poupança seja tratada como uma despesa fixa. Para ele, uma das principais falhas que os brasileiros cometem é esperar pelo que sobrar no fim do mês para poupar. Isso quer dizer que investir deve ser uma prioridade mensal, como pagar contas de energia elétrica ou água. “Quando se trata de finanças pessoais, a mentalidade precisa mudar para o ‘investir primeiro, gastar depois’, ou seja, a reserva de emergência e os investimentos devem ser uma parte integral do orçamento”, diz.

Como revisar o orçamento e cortar despesas?

A recomendação dos especialistas é que o trabalhador separe suas despesas em três categorias: 70% para despesas fixas essenciais, 20 a 25% para despesas variáveis necessárias, e 5 a 10% para poupança e investimentos. Esse tipo de divisão do orçamento permite que o planejador tenha controle sobre o seu dinheiro, e facilite o processo de redução de despesas ao longo do ano.

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Para quem busca um controle mais rigoroso, Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver, sugere a prática de anotar todos os gastos, uma medida simples, mas que, conforme ela, é extremamente eficaz. “Quem não anota, não controla. E quem não controla, não gerencia”, observa. Ela alerta ainda que é fundamental cortar gastos desnecessários, especialmente os impulsivos. O planejamento monetário precisa envolver escolhas conscientes sobre o que é realmente necessário e o que pode ser adiado ou eliminado.

Entre os principais vilões do orçamento, está o parcelamento de compras, especialmente no crédito, que muitas vezes cria um efeito dominó de endividamento. A primeira mudança para quem quer ter uma vida financeira saudável é pagar as compras à vista. Isso permite que o trabalhador tenha mais controle sobre o seu fluxo de caixa e consiga investir mais ao longo do ano.

Investimentos de baixo risco: como começar?

Começar a investir de forma segura é uma das principais recomendações dos especialistas. A construção de uma reserva de emergência deve ser a prioridade para quem busca alcançar o décimo quarto salário. Essa reserva deve ser composta por ativos de alta liquidez e baixíssimo risco, como o Tesouro Direto LFT (Letra Financeira do Tesouro), que é uma das opções mais seguras e acessíveis para pequenos investidores.

Hudson Pereira reforça a importância de começar com investimentos de baixo risco, especialmente para quem está iniciando. Ele sugere que os trabalhadores apostem em produtos de renda fixa, como o Tesouro Selic, que não só é acessível, mas também tem garantia do Tesouro Nacional e isenção de impostos para investimentos abaixo de R$10 mil.

Aos investidores que já possuem alguma experiência ou um capital maior, o conselho é a diversificação de investimentos, com a inclusão de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de bancos sólidos e fundos de investimento com baixa volatilidade. Esses investimentos podem oferecer um rendimento superior ao da poupança, conforme os especialistas, e ainda são suficientemente seguros para quem não quer correr grandes riscos.

Reserva de emergência e mudanças de hábitos

A reserva de emergência deve cobrir entre três a seis meses de despesas mensais, sendo composta por ativos de fácil resgaste, como os já mencionados Tesouro Selic e CDBs com liquidez diária. A construção dessa reserva oferece uma rede de segurança, permitindo que o trabalhador tenha uma “almofada” financeira para lidar com imprevistos sem recorrer a dívidas de longo prazo.

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Hudson Pereira destaca que a reserva de emergência é particularmente importante para trabalhadores autônomos ou aqueles com fontes de renda instáveis. Para esses casos, a reserva deve ser maior, já que o trabalhador pode enfrentar períodos sem a garantia de pagamento regular. “A segurança de saber que você pode contar com esse montante é o que vai permitir que você tenha tranquilidade para buscar novos investimentos e alcançar suas metas financeiras”, acrescenta.

No Brasil, observam os especialistas, muitas pessoas ainda têm dificuldades para poupar devido à falta de educação financeira básica. Para ter uma renda extra no fim do ano, é necessário que os trabalhadores comecem a poupar aos poucos, mesmo que a porcentagem seja pequena. A ideia, por exemplo, é poupar 5% a 10% do salário. Com o tempo, isso vai gerar uma reserva expressiva.

Pereira defende que a mentalidade de poupar deve ser inserida no cotidiano. Ele cita o famoso autor Robert Kiyosaki, de Pai Rico, Pai Pobre, que afirma que a educação financeira começa com o hábito de poupar regularmente, independentemente da quantidade. “A chave é começar. Quando você começa a poupar, mesmo que pouco, o seu cérebro começa a reconhecer que precisa buscar alternativas para aumentar a sua capacidade de poupança“, diz.

Pequenos hábitos cotidianos podem gerar grandes economias. Registrar todos os gastos, reduzir refeições fora de casa e evitar compras impulsivas são boas maneiras de “não jogar dinheiro fora”. Com o tempo, esses ajustes se traduzem também em uma economia considerável. Ou seja, o objetivo de conquistar o décimo quarto salário se torna mais palpável à medida que os trabalhadores aprendem a ter uma disciplina financeira e a construir uma base sólida de investimentos.

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Para os trabalhadores que recebem bonificações ou outras fontes de renda variáveis, os especialistas orientam que essas quantias sejam usadas com sabedoria. Isso quer dizer que é necessário não tratar o dinheiro como parte do orçamento regular. Em vez disso, uma boa ideia é reservar o dinheiro extra para poupança ou investimentos, visando aumentar a capacidade de acumulação de patrimônio.

As firmas também podem ser parceiras no processo de educação financeira e planejamento para o décimo quarto salário. Balotari sugere que as organizações possam ajudar seus colaboradores oferecendo cursos de educação financeira ou até parcerias com plataformas especializadas. “firmas que incentivam seus funcionários a cuidar de suas finanças pessoais tendem a ter um ambiente de trabalho mais produtivo e engajado”, conclui.

E-Investidor ensina 5 passos rápidos para construir um 14º salário

  • Defina suas metas financeiras
    Determine o valor que você quer alcançar e quais objetivos monetários deseja cobrir com o décimo quarto salário (ex: impostos, viagens, compras grandes).
  • Reveja seu orçamento mensal
    Separe suas despesas fixas, variáveis e determine quanto pode ser poupado ou investido a cada mês. Priorize economizar antes de gastar.
  • Estabeleça uma reserva de emergência
    Construa uma reserva de emergência para imprevistos, usando investimentos de baixo risco e alta liquidez, como Tesouro Selic ou CDBs.
  • Invista em produtos de renda fixa
    Comece a investir em opções seguras e com liquidez, como Tesouro Direto e CDBs, para fazer seu dinheiro crescer de forma gradual.
  • Eduque-se financeiramente
    Mantenha-se informado sobre finanças pessoais, ajuste seus hábitos de consumo e busque sempre otimizar suas economias para garantir que o 14º salário seja alcançado com sucesso.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Murilo Melo

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