Cão Véio, de Fogaça e Badauí, está “brabo” e mira chegar a 50 lojas com franquias
A ideia de abrir um restaurante no formato de “pub” inglês foi de Fernando Badauí, cantor da icônica banda de rock alternativo CPM 22. O chef Henrique Fogaça, dono do Sal Gastronomia, entrou com recursos, quando ainda nem fazia parte do corpo de jurados do programa MasterChef. E foi assim que, nos idos de 2013, nasceu o Cão Véio, um “gastropub” reunindo, na mesma estética, rock e… cachorros.
Fogaça assina o cardápio de pratos, lanches e petiscos, regado a muita cerveja artesanal. “Eles queriam colocar o nome de ‘old dog’ no bar. Eu falei, ‘cara, a gente nem fala inglês aqui’. Vai ser Cão Véio”, relembra o chef, em conversa com o InfoMoney. O promoter Marcos Kichimoto, o Kichi, também foi sócio da empreitada até seu falecimento, em decorrência de um infarto, no ano de 2021.
O plano de expansão por franquias começou a ser colocado em prática três anos após a abertura da primeira loja. Fogaça reconhece que o Cão Véio não entendia muito bem como esse modelo de expansão funcionava e que as primeiras unidades foram abertas “na raça e coragem”.
“Não existia um contrato com cláusulas específicas para manter um padrão em todos os pontos”, explicou. Isso abriu brecha, por exemplo, para que alguns franqueados utilizassem ingredientes mais baratos e de menor qualidade, colocando a reputação da marca em risco. Foi por essa razão que o Cão ficou anos sem abrir uma unidade nova.
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Largou o osso por pouco tempo
O plano foi retomado depois que Badauí e Fogaça contrataram os serviços de uma firma especializada em formatação e expansão de negócios via franquias. Marcel Akira, que já havia sido gerente do Cão Véio, passou a ser sócio da dupla e atualmente é responsável pela relação com os franqueados.
Além de uma unidade própria na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista, o Cão Véio agora tem mais 14 franquias. Oito dessas lojas já estão abertas – são cinco em São Paulo, duas no Paraná e uma Goiás. As outras seis ainda estão em implantação. Os donos preveem que a rede deve fechar o ano com receita próxima a R$ 24 milhões. Cada unidade fatura, em média, R$ 250 mil por mês. Segundo os sócios, algumas fazem bem mais que isso, chegando a R$ 380 mil na fase de inauguração.
“Quando a loja é nova, todo mundo quer conhecer. Mas depois do ‘boom’ sempre tem uma caída. O desafio é buscar o ponto de equilíbrio”, diz Fogaça.
Com as 15 lojas em operação, o faturamento da rede ficaria entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões, calculam os sócios. A expectativa é que as franquias que ainda não abriram estejam funcionando até a primeira metade de 2026. Badauí explica que a montagem de uma unidade do Cão Véio é um processo que beira o artesanal.
“Por isso, às vezes, demora um pouco mais a entrega da loja”, afirma. “Tem que ter sensibilidade na escolha do imóvel, pois precisa ser um lugar que combine com o negócio, no bairro certo”.
E ainda tem toda a parte de treinamento. Os franqueados passam por uma imersão de duas semanas na matriz, em São Paulo, para assimilar cada detalhe da atmosfera do restaurante. Da cozinha à preparação dos drinques, passando pela trilha sonora ambiente, um elemento característico do Cão Véio, cria de músicos.
Além disso, videoaulas sobre a preparação de todos os pratos do cardápio são disponibilizadas dentro de uma plataforma on-line, que ganhou o nome de “Universidade Cão Véio”.
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O Cão pronto para correr
A ideia é que o plano de expansão ganhe ritmo nos próximos anos. A rede de gastropubs acredita que é possível chegar a 50 unidades até 2028, atingindo um faturamento de R$ 100 milhões.
O investimento mínimo para ser um franqueado do Cão Véio é de R$ 600 mil reais. As lojas, normalmente, têm capacidade para 60 lugares, mas os sócios do restaurante também trabalham no projeto de um formato express, de tamanho menor (de 25 a 30 lugares), ainda não lançado.
“Se fossemos abrir uma outra loja própria, seria nesse formato, para testar o modelo e servir de exemplo para outros franqueados. Uma loja mais barata, menorzinha, para atender bastante delivery”, diz Badauí.
Por hora, a ideia é crescer via franqueados. Os sócios reconhecem que a loja própria exige muito esforço e sobra pouco tempo para conciliar o negócio com turnês do CPM 22 e novas temporadas do MasterChef.
Marcando território no exterior
O Cão Véio não tem ambição pequena e também pretende passear no exterior. Fogaça revela que, no próximo mês de janeiro, deve aproveitar as férias com a família em Orlando, nos Estados Unidos, para negociar a abertura de um restaurante da marca com um parceiro local.
A expansão internacional também seria assessorada pela Avant, a firma que Fogaça e Badauí contrataram para expandir o Cão Véio por franquias. “Temos totais condições para uma expansão internacional, desde que o franqueado tenha uma estrutura financeira e conhecimento do negócio”, explica Lucas Camargo, CEO da Avant Franquias.
É também com o acompanhamento da firma de Camargo que Fogaça vai trabalhar na expansão de um outro restaurante seu, o Jamile, que já tem uma franquia contratada em Curitiba. A ideia, segundo o chef, é montar um grupo para fazer a gestão dos três restaurantes em que é sócio: Cão Véio, Sal Gastronomia e Jamile.
“Crescendo o Jamile, vamos ter que fazer uma gestão única, com o mesmo tipo de sistema, como já estamos fazendo o Cão Velho e o Sal”, explica.
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Autor: Mitchel Diniz