Lula deve passar por novo procedimento para bloquear fluxo de sangue no cérebro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve passar por um novo procedimento para interromper o fluxo de sangue em uma região de seu cérebro e impedir novos sangramentos. A informação foi inicialmente publicada pela jornalista Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo.
O procedimento está previsto para quinta-feira (12). Lula segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), e vem evoluindo bem.
O presidente da República será submetido a uma embolização das artérias meníngeas – que irrigam as meninges, membranas que revestem o sistema nervoso central.
A técnica interrompe o fluxo de sangue no local desejado por meio de um cateter, obstruindo a artéria e bloqueando o fluxo sanguíneo.
Com isso, segundo a equipe médica que atende o presidente, a expectativa é a de que não ocorram novos sangramentos, o que diminui o risco para Lula.
Lula está “lúcido” e “orientado”
Segundo o boletim médico divulgado no início da tarde desta quarta-feira (11), o presidente da República segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, em recuperação após cirurgia que drenou uma hemorragia intracraniana. O procedimento foi bem-sucedido.
O boletim médico informa que Lula “permanece ainda com dreno, enquanto aguarda novos exames de rotina”.
Após a divulgação do novo procedimento ao qual Lula será submetido nesta quinta, o Sírio-Libanês divulgou uma atualização do boletim médico, confirmando essa informação.
Leia a íntegra do comunicado da equipe médica de Lula:
“O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece sob cuidados intensivos no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Passou o dia bem, sem intercorrências, realizou fisioterapia, caminhou e recebeu visitas de familiares.
Como parte da programação terapêutica, fará complementação de cirurgia com procedimento endovascular (embolização de artéria meníngea média) amanhã, pela manhã.
Outras atualizações serão dadas durante coletiva de imprensa a ser realizada amanhã às 10 horas.
O Presidente segue sob acompanhamento da equipe médica, sob os cuidados do Prof. Dr. Roberto Kalil Filho e da Dra. Ana Helena Germoglio.“
Mais cedo, no fim da manhã desta quarta, o cardiologista Roberto Kalil, médico de Lula, já havia antecipado aos jornalistas que o presidente estava bem. Lula, que está acompanhado apenas pela primeira dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, ainda não pode receber visitas.
Ainda não há previsão oficial de alta, mas a expectativa da equipe médica, caso o presidente continue evoluindo bem, é que Lula permaneça na UTI por cerca de 48 horas e volte a Brasília (DF) no início da próxima semana.
A cirurgia
De acordo com os médicos, Lula passou por um procedimento chamado “trepanação” para drenar um hematoma intracraniano decorrente de uma queda sofrida em outubro, após ser levado ao hospital com queixas de fortes dores de cabeça.
No dia 19 de outubro, o petista sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, em Brasília (DF). De lá para cá, foram 52 dias até que Lula tivesse de ser submetido à cirurgia para a drenagem do hematoma.
Lula caiu no banheiro do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Segundo relato do próprio Lula, ele estava sentando em um pequeno banco, para cortar as unhas do pé, quando o perdeu o equilíbrio, caiu e bateu a cabeça em uma quina – o que causou grande sangramento no local.
O acidente ocorreu em uma noite de sábado, quando Lula e Janja se preparavam para uma viagem oficial à Rússia – eles haviam acabado de retornar de compromissos em São Paulo.
Dores de cabeça
Durante toda a última segunda-feira (9), Lula se queixou de dores de cabeça, e os sintomas pioraram à noite. Ele foi levado, então, ao Hospital Sírio-Libanês de Brasília, onde realizou uma série de exames. Logo em seguida, quando se detectou a necessidade de cirurgia de emergência, Lula foi transferido para a unidade do hospital em São Paulo (SP).
Após ser submetido a uma cirurgia de emergência para drenar o hematoma no cérebro, Lula foi encaminhado à UTI, onde permanece em observação.
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A cirurgia consistiu na perfuração do crânio com orifícios pequenos a partir dos quais são introduzidos drenos ─ procedimento considerado comum em neurocirurgia e que, segundo a equipe médica, não envolve violação importante do crânio e normalmente tem um processo de cicatrização espontâneo.
Inicialmente, a própria equipe médica havia informado, em boletim, que Lula passou por uma craniotomia. Os dois procedimentos são parecidos, mas o último se refere a aberturas maiores do crânio — portanto, é mais invasivo.
Em entrevista coletiva, o médico Roberto Kalil Filho, chefe da equipe responsável pelo procedimento, disse que o sangramento foi comprovado na ressonância magnética realizada em Brasília.
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Autor: Fábio Matos