Em ata, Copom atribui alta dura nos juros à ‘materialização do risco’ de inflação
O Banco Central do Brasil afirmou que os riscos inflacionários estão se materializando devido a fatores como a câmbio desvalorizado e a demanda resiliente, forçando o Comitê de Política Monetária (Copom) a sinalizar unanimemente que os juros deverão ultrapassar os 14% ao ano ainda no primeiro trimestre de 2025.
“Os riscos de alta da inflação, como a resiliência da inflação de serviços, o desancoragem das expectativas e a depreciação cambial, se materializaram”, escreveu o BC na ata da reunião de 10-11 de dezembro, quando elevaram a taxa Selic em um ponto percentual completo para 12,25% ao ano. Várias medidas de preços ao consumidor se deterioraram, tornando mais desafiadora a convergência da inflação para a meta de 3%, acrescentaram.
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Esse cenário “menos incerto e mais adverso” exigiu “uma ação política mais oportuna para manter o compromisso firme de convergir a inflação para a meta”, escreveram no documento publicado na terça-feira.
O comitê “decidiu unanimemente aumentar a taxa Selic em 1,00 p.p. e anunciar que, se o cenário esperado se confirmar, antecipa um ajuste da mesma magnitude nas próximas duas reuniões”.
Os formuladores de políticas liderados por Roberto Campos Neto prometeram mais dois aumentos do mesmo porte, enquanto a inflação anual acelera acima tanto da meta de 3% quanto do teto de tolerância de 4,5%, com medidas núcleo também em alta.
A atividade econômica permaneceu resiliente, impulsionada pelo consumo mais forte das famílias, que recebe impulso do desemprego em níveis historicamente baixos e do aumento dos gastos governamentais. Nesse contexto, os investidores chegam a precificar a possibilidade de que o próximo aumento do custo dos empréstimos em janeiro seja maior que um ponto percentual.
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Nas atas, os banqueiros centrais elevaram para 5% sua estimativa da taxa neutra, que não restringe nem estimula a economia. O conselho também se comprometeu a monitorar “mais de perto” como tanto um real mais fraco quanto o recente agravamento das expectativas dos investidores são transmitidos para os preços ao consumidor.
Os investidores ficaram desanimados com um plano de corte de R$ 70 bilhões em gastos nos próximos dois anos, após o governo fazer o anúncio junto com benefícios fiscais para famílias mais pobres. Eles venderam ativos locais como o real, que se enfraqueceu cerca de 20% este ano e figura como a pior moeda entre as principais, apesar da intervenção do banco central.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou sua crítica às altas taxas no domingo, após quase uma semana de internação hospitalar após cirurgia cerebral. “Ninguém” tem mais responsabilidade fiscal do que ele, disse Lula em um esforço para acalmar as preocupações do mercado sobre sua tentativa de manter a economia aquecida.
Juros de 14% em 2025
Na última quarta-feira (11), o Copom decidiu acelerar o ritmo de aperto nos juros, ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano.
Ele também surpreendeu ao prever mais duas altas da mesma magnitude, após citar risco de piora da dinâmica inflacionária a partir do anúncio de medidas fiscais do governo.
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Autor: Bloomberg