Prefixados a mais de 15% ao ano. Veja os prós e os contras de ‘segurar’ essa remuneração
Nesta segunda-feira (16), os títulos prefixados do Tesouro Direto com vencimento em 2027 ultrapassaram, pela primeira vez, a marca dos 15% ao ano. Nas emissões privadas, alguns bancos pagam até 16,40% no CDB.
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É uma renda passiva que poucas firmas conseguem oferecer e que colocam em xeque o famoso aforismo do investidor Luiz Barsi, rei dos dividendos, de que “a renda fixa é perda fixa”. Investir em prefixados, no entanto, exige prudência porque, dependendo do humor do mercado, pode ser um investimento muito semelhante à renda variável.
“O investidor deve agir com cautela, fazendo preço médio e aproveitando o cenário atual, mas sempre consciente de que não é necessário acertar o fundo do poço para alcançar rentabilidades interessantes”, comenta Lucas Pereira, analista de renda fixa da AMW. “Investir em prefixados com o objetivo de aproveitar a marcação a mercado é, na prática, semelhante a um investimento em renda variável”, diz.
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O problema de ativos prefixados, argumenta Simone Albertoni, analista sênior de Renda Fixa da Ágora, é que em um cenário de juros mais altos, o papel sofre com as oscilações de preços diárias. “Então, se o investidor precisar resgatar antes do vencimento ele pode ter a remuneração prejudicada.”
Como o Banco Central já contratou mais dois aumentos de juros até março, precificando a Selic em 14,25% em março, este poderia não ser um bom momento para prefixados. Os juros futuros futuros com vencimento em outubro de 2027 estão em sua máxima histórica.
Pereira avalia que, em muitos casos, é melhor acompanhar a queda gradual das taxas de juros futuras do que tentar prever o momento em que os títulos oferecerão os maiores rendimentos. “Seguir a tendência e as expectativas do mercado pode ser uma boa estratégia, mas é importante lembrar que o mercado também erra e pode reverter suas projeções”, diz.
No curto prazo renda fixa é variável
E volatilidade no mercado de juros é o que não está faltando. Jonas Chen, gestor da B.Side Investimentos diz que tem orientado seus clientes a aproveitarem os juros mais gordos dos titulo prefixados, que, na prática, rendem acima do tão sonhado 1% ao mês. “Mas não se deve investir tudo de uma vez, as taxas podem mudar rapidamente, num único dia, em questão de horas”, lembra.
Julio Ortiz, CEO e co-fundador da CX3, comenta que essa volatilidade traz riscos não só para a carteira do investidor, como para o mercado em si, com os bancos precisando aplicar juros cada vez mais altos. “Imagine que um banco emprestou dinheiro com um custo fixado em 10% ao ano. Agora, de repente, ele precisa pagar 15%. Isso significa que o custo subiu 50%.”
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Ele lembra que essa nova dinâmica vem acontecendo de forma muito rápida. “É importante lembrar que até junho deste ano – e junho foi praticamente ontem, certo? – o cenário era completamente diferente”, conta, relembrando de quando se falava em queda de juros. “O próprio Copom, em junho, projetava que a taxa de juros estaria em 9% em dezembro de 2024”, relembra. De lá pra cá houve uma mudança drástica nas expectativas, que se intensificou com o anúncio “frustrado” do pacote fiscal de Haddad no final de novembro. “Isso foi um verdadeiro ‘game changer’”, avalia.
Para quem pretende carregar o título até o vencimento, os prefixados dão a certeza de quanto será o retorno ao final do período contratado. A incerteza, no entanto, recai sobre o comportamento da inflação. “Isso pode impactar significativamente o poder de compra do investidor”, comenta Lucas Pereira da AMW.
IPCA + ou prefixados?
Para ele, os títulos atrelados ao IPCA oferecem maior segurança e podem contribuir para portfólios muito rentáveis. “Especialmente considerando as taxas atrativas que estão sendo praticadas atualmente”. Em um ambiente de inflação acima do esperado, Pereira recomenda os títulos indexados à inflação, que garantem um retorno real acima da alta dos preços. “Já os títulos prefixados, nesse caso, sofreriam consideravelmente, com a inflação corroendo grande parte de seus ganhos.”
Chen da B. Side sugere prazos de dois a cinco anos para papeis ligados à inflação, já que, no curto prazo, os prefixados tendem a entregar uma rentabilidade melhor. “A menos que a inflação suba drasticamente. Os títulos de inflação oferecem algo como IPCA+6,5% a 8%. Já os prefixados, para o próximo ano, entregam algo em torno de 13% a 14%. Assim, no curto prazo, o prefixado tende a ser mais vantajoso.”
Simone Albertoni concorda que os títulos prefixados devem ter prazos mais curtos de até dois anos. “Mas nossa preferência, neste momento, tem sido maior para os títulos atrelados ao CDI, e podemos pensar em prazos curtos e médios neste cenário. Para prazos mais longos, mais que 4 e 5 anos, os títulos atrelados a inflação podem ser mais interessantes.”
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Autor: Leo Guimarães