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12 ações se salvam da disparada do dólar enquanto a maioria afunda. Vale o investimento?

A disparada de 26,6% do dólar em 2024, com a moeda indo de R$ 4,85 para a máxima histórica de R$ 6,09 no fechamento de terça-feira (17), pode ter causado insônia em boa parte dos brasileiros que vão viajar para o exterior. Também na terça, a moeda americana bateu um novo recorde e chegou a ser cotada a R$ 6,20, na maior alta do dia.

Se o nervosismo do mercado costuma ser turbinado nesses momentos, há aqueles que podem lucrar com a situação. Esse é o caso de quem investe em firmas que possuem receitas e lucros atrelados ao dólar. Assim, o resultado em reais acompanha esse avanço, podendo refletir em dividendos diretos para o investidor.

Para saber quais firmas podem ter impacto direto do dólar na cotação das suas ações, o E-Investidor pediu um levantamento para Einar Rivero, CEO da Elos Ayta Consultoria. O estudo identifica os períodos em que o dólar bateu sua máxima histórica ao longo de mais de duas décadas. O primeiro período é de 1º de janeiro de 2002, com o dólar indo de R$ 2,41 até a faixa do R$ 3,95 no fechamento do dia 10 de outubro de 2002. O segundo ciclo é 1º de janeiro de 2015 até 23 de setembro de 2015, com o dólar indo de R$ 2,65 para R$ 4,17 no período.

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O terceiro período é do dólar indo de R$ 4,01 para R$ 5,88, entre os dias 1º de janeiro de 2020 até R$ 5,88 no dia 13 de maio de 2020. E o quarto e último ciclo é de 1º de janeiro de 2024 até 16 de dezembro de 2024, quando o dólar foi de R$ 4,85 para R$ 6,09. Ou seja, o levantamento começa no primeiro dia daquele ano até a data em que o dólar bateu sua máxima histórica de fechamento.

As firmas que mais apareceram no levantamento são dos setores de exportação de papel e celulose, carnes, bens industriais e insumos agrícolas. O setor campeão foi o de frigoríficos, com Minerva (BEEF3) aparecendo em  2015 e 2020, JBS (JBSS3) em 2015 e 2024 e Marfrig (MRFG3) em 2020 e 2024. Os demais segmentos tiveram 1 cada. Bens industriais foi representado por Embraer (EMBR3) em 2002 e 2024 Já o segmento de papel e celulose teve a Klabin (KLBN11), que apareceu duas vezes no ranking, em 2015 e 2020. Assim como a SLC Agrícola (SLCE3), que deu as caras em 2015 e 2020 pelo agronegócio.

No entanto, analistas ouvidos pelo E-Investidor comentam que outras firmas que apareceram na lista, mas apenas uma vez, também possuem suas receitas atreladas ao dólar, e inicialmente, podem ser atrativas para o investidor nesse quesito. Gianluca Di Mattina, especialista em investimentos da Hike Capital, lembra que WEG (WEGE3), Gerdau (GGBR4), Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3), mesmo aparecendo somente uma vez no levantamento, podem ser vistas como ações que podem ser impactadas pela alta do dólar por serem firmas exportadoras.

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Joaquim Paiffer, co-fundador e presidente do conselho de administração da Atom, também diz que outras firmas que não estão na lista podem ser vistas como atraentes para o investidor, como Petrobras (PETR4). Ele reforça que JBS e Vale também podem se beneficiar da alta do dólar. A Vale pela exportação de minério de ferro e a JBS pela carne enviada ao exterior. Allan Couto, economista e especialista em negócios, concorda com Vale e Petrobras, mas ele também cita que a Ambev (ABEV3) pode ser outra beneficiada. Ele diz que isso acontece devido ao fato de a firma ter operação em outros países, nos quais a moeda trabalhada é o dólar.

Quais ações podem pagar mais dividendos com a alta do dólar?

Entre o levantamento e as estimativas dos analistas, foram citadas 12 ações que podem se beneficiar da alta do dólar. No entanto, para comprar essas ações, o investidor deve aprender a separar o joio do trigo. Embora em alguns momentos as ações tenham apresentado um bom desempenho com a alta do dólar, os analistas comentam que o investidor deve olhar para outros fatores antes de escolher uma para investir.

Joaquim Paiffer, co-fundador e presidente do conselho de administração da Atom, lembra que o melhor é procurar a firma com receita dolarizada, mas que também tenha uma maior imunidade em relação ao atual cenário macroeconômico. Ao longo dessa última semana, o mercado passou a precificar uma Selic próxima de 15% ao ano para 2025, com a inflação acima do teto da meta em 2024 devido às questões fiscais. “As taxas de juros explodiram e isso é um fator importante de custo das companhias que estão fazendo investimentos e podem precisar de financiamento, deteriorando o caixa e pode dificultar a distribuição dos dividendos”, aponta Paiffer.

Com base nessas estimativas, os analistas selecionaram algumas das ações citadas para o investidor ter na carteira. Gianluca Di Mattina, da Hike Capital, diz ter preferência pelas ações da Marfrig (MRFG3) e Vale (VALE3). Já Joaquim Paiffer, da Atom, comenta que suas preferidas entre as citadas são Vale e Petrobras (PETR4). Na visão de Allan Couto, economista e especialista em negócios, o melhor no momento são as ações da Petrobras e Ambev (ABEV3).

O que esperar dos dividendos das ações ligadas ao dólar?

Gianluca Di Mattina, da Hike Capital, escolheu a firma do setor de frigoríficos pelo fato de estimar que os dividendos da Marfrig devem refletir um retorno de 15% em 2025. “Vemos esse dividend yield (rendimento em dividendos) para a Marfrig como reflexo da reestruturação da BRF e recuperação do preço da proteína animal, favorecendo a lucratividade da companhia e redução da sua alavancagem”, diz Di Mattina.

O especialista também recomenda compra para as ações da Vale. Ele calcula que o rendimento em dividendos da mineradora deve ficar em 8% em 2025 devido à possível alta do minério de ferro no mercado internacional, além da alta capacidade de geração de caixa e distribuição de dividendos.

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Já Joaquim Paiffer, da Atom, comenta que Vale e Petrobras podem pagar um rendimento em dividendos de 10% e 14% em 2025. Em relação à petroleira, ele não está sozinho. Na visão de Allan Couto, a estatal tende a ter um aumento da demanda por petróleo e a valorização do dólar deve impulsionar os lucros. Para ele, isso deve permitir um pagamento robusto de dividendos da Petrobras de até 10% do valor de mercado da firma em 2025. No caso da Ambev, ele relata que espera um dividend yield de até 7%. A recomendação é de compra porque o papel tem um atraente ponto de entrada para o investidor.

Em linhas gerais, o investidor pode adotar a estratégia de procurar as firmas que estão descontadas e podem ter o lucro e os dividendos impactados positivamente pela alta recente do dólar, ao invés de ir para a especulação do sobe e desce diário. O ideal é seguir por um caminho seguro para ter um rendimento sustentável e sem grandes perigos para o patrimônio para ter bons dividendos com a alta do dólar.

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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Bruno Andrade

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