Mais renda fixa e internacional e menos bolsa; estudo mostra interesse do investidor
Em meio a preocupações com política fiscal no Brasil, deterioração do cenário doméstico interno e queda do Ibovespa, o apetite dos investidores por produtos de renda variável caiu para o menor nível do ano, mostra pesquisa com assessores da XP, divulgada nesta semana.
O material, assinado por Fernando Ferreira, CFA estrategista chefe e head do research, e Felipe Veiga, estrategista de ações, revela que a intenção de aumentar a exposição nessa classe de ativos caiu para 11% em dezembro, contra 16% em novembro. No início do ano, para efeito de comparação, a intenção estava na casa dos 65%. Já a faixa de investidores que planejam reduzir alocação na renda variável está em 40%, ante 18% no mês passado.
Por outro lado, o interesse por ativos locais de renda fixa aumentou na comparação com novembro, bem como o desejo por investimentos internacionais e criptomoedas. Veja detalhes do relatório a seguir.
Ações e FIIs em baixa
O interesse especificamente por ações, segundo o relatório, recuou de 30% em novembro para 18% neste mês. “As ações brasileiras vêm sofrendo em meio a um ciclo de alta de juros e ao aumento de preocupações fiscais. Desde a nossa última pesquisa, observamos uma deterioração adicional, devido ao recente anúncio do pacote de contenção de gastos do governo e à aceleração da alta de juros pelo Copom para 1 p.p“, escreveram Ferreira e Veiga.
E não só os investidores que estão pessimistas com a bolsa. Em uma escala de 0 a 10, 65% dos assessores de investimentos deram nota 5 ou menor para o Ibovespa, por exemplo. A maior parte deles (58%) também acredita que o índice deve ficar abaixo dos 130 mil pontos nos próximos 12 meses. Nesta quarta-feira (18), ele está na casa dos 124 mil pontos.
Houve também queda no interesse por fundos de renda variável (de 4% para 2%) e fundos multimercados (de 8% para 5%), bem como por fundos imobiliários (FIIs), que vêm operando com viés de baixa nos últimos meses, de 32%, em novembro, para 18% agora em dezembro.
Renda fixa em alta
Na contramão da renda variável local, os investidores estão otimistas com a renda fixa do Brasil. Entre os investidores consultados, 85% demonstraram interesse em Tesouro Direto e demais ativos de renda fixa, ante 78% no mês passado, e 66% em fundos de renda fixa, contra 60% em novembro.
As aplicações nessa classe de ativos ficaram mais atrativas após a elevação dos juros no Brasil, para 12,25% ao ano. Após a alta, o famoso 1% ao mês voltou, segundo especialistas, tanto no Tesouro Direto como no crédito privado.
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Investimentos internacionais e criptomoedas
Os investimentos internacionais também ganharam mais espaço. Entre os investidores consultados, 52% deles disseram ter interesse em ativos gringos, ante 36% no mês passado. As classes mais desejadas são bonds, ETFs (fundos negociados em bolsa), ações internacionais, dólar e fundos internacionais.
Esse crescimento ocorre em meio ao avanço da moeda norte-americana, que chegou a bater nos R$ 6,20, impulsionada por dúvidas sobre o cenário doméstico e fatores externos, bem como o bom desempenho da bolsa americana, puxada pelo hype da inteligência artificial (IA) e pela vitória de Donald Trump. O S&P 500 caminha para fechar o ano com alta de 27%, ante queda de 7% do Ibovespa.
Já o interesse por cripto pulou de 20% em novembro para 33% neste mês. O aumento também ocorre após o crescimento do setor. De acordo com especialistas, 2024 foi o ano de amadurecimento da indústria de ativos digitais, principalmente por causa da entrada de investimento institucional e do apoio de setores políticos e econonômicos. Assim como cripto, o ouro também está chamando mais atenção dos investidores.
Veja quais são os interesses dos investidores:
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Autor: lucasgmarins