MST cobra governo Lula por reforma agrária; Stédile chama ministro de “incompetente”
Aliado histórico do Partido dos Trabalhadores (PT) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem subindo o tom contra o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT) – às vésperas de uma aguardada reforma ministerial que deve movimentar o primeiro escalão da gestão petista.
Nesta sexta-feira (20), o MST convocou uma entrevista coletiva que será concedida por dois de seus principais dirigentes, que devem fazer um balanço negativo das ações do governo Lula voltadas à reforma agrária. Participarão João Paulo Rodrigues e Ceres Hadich, ambos integrantes da direção nacional do movimento.
Trata-se, na verdade, de mais um capítulo do verdadeiro “cabo de guerra” travado entre a cúpula do MST e o ministro do Desenvolvimento Agrário, duramente criticado pelo grupo pela suposta falta de medidas concretas sob sua gestão à frente da pasta.
Na quinta-feira (19), Teixeira também concedeu uma entrevista coletiva enumerando algumas realizações do governo na área e anunciando um pacote de medidas para o fim deste ano, entre as quais compra de propriedades, desapropriação de fazendas e adjudicação de terras (transferência de áreas de devedores da União). Para o MST, no entanto, nada disso é suficiente.
Em entrevista ao podcast Três por Quatro, do jornal Brasil de Fato, no último dia 13, João Pedro Stédile, um dos líderes nacionais do MST, bateu fortemente em Teixeira.
“Ele [Paulo Teixeira] tem se mostrado incompetente até para disputar recursos do orçamento. Nós queremos uma reunião de trabalho com o Lula ainda neste ano, para pegarmos os pontos que já discutimos em agosto”, afirmou Stédile. “Fizemos acordos que temos que revisar. No fundo, é ele [Lula] quem manda. De todos os pontos que acordamos em agosto, nada foi resolvido”, completou.
Teixeira, por sua vez, se defendeu das críticas e alegou que o problema do ministério não é a falta de ações, mas de comunicação adequada – crítica recorrente em diversas pastas na Esplanada e vocalizada recentemente pelo próprio Lula, durante encontro do diretório nacional do PT.
“Eu estou muito tranquilo e acho que todas as medidas que estamos anunciando vão ao encontro do desejo dos integrantes do MST, da Contag [Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura] e de todos os trabalhadores do campo no Brasil. As nossas falhas de comunicação geraram o desconhecimento”, disse o ministro.
“Toda reconstrução é demorada porque você tem que retirar aquele entulho que impedia esses programas de avançarem. Construíram uma montanha para impedir que o ministério voltasse e a gente teve que terraplanar, tivemos que tirar esse entulho da frente para agora fazermos essa grande entrega, que deveria ter sido feita antes”, prosseguiu Teixeira.
“Por que ela não foi feita antes? Porque, na nossa opinião, quem deveria fazê-la era o presidente Lula e ele teve um problema grave de saúde, que é de conhecimento público”, concluiu.
O que o governo anunciou
Na entrevista coletiva, o ministro do Desenvolvimento Agrário disse que o programa Desenrola Rural deve ser lançado oficialmente em março de 2025 – a iniciativa já havia sido apresentada em agosto deste ano, mas pouco avançou desde então.
O programa é direcionado à regularização de dívidas de agricultores familiares inscritas na Dívida Ativa da União (DAU). O foco são os beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) e agricultores com renda bruta anual de até R$ 50 mil.
Segundo o ministério, os produtores elegíveis devem fazer um pagamento inicial de 5% do valor devido e podem parcelar essa entrada em até cinco vezes. O saldo remanescente poderá ser quitado com descontos que chegariam a até 70% da dívida consolidada.
Teixeira também anunciou a desapropriação de cinco áreas para a reforma agrária – as primeiras desapropriações em 8 anos. De acordo com a pasta, cerca de 800 famílias devem ser assentadas.
Até o fim do mandato de Lula, em dezembro de 2026, a expectativa do governo é a de assentar 60 mil famílias das 100 mil famílias que estão acampadas atualmente no país, de acordo com dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
“Todas essas ações confluíram para serem efetivadas em dezembro deste ano e janeiro de 2025. Tudo vai para a rua agora. Então, vamos ter um volume alto de entregas, com um pacote de medidas viabilizado”, promete o ministro.
No início de dezembro, integrantes do MST deram início à campanha Natal com Terra, que deve prosseguir nos próximos dias. No dia 3, famílias acampadas fizeram invasões em terras no Rio Grande do Sul e no Pará.
The post MST cobra governo Lula por reforma agrária; Stédile chama ministro de “incompetente” appeared first on InfoMoney.
O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim deixaremos mais pessoas por dentro do mundo das finanças, economia e investimentos!
Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original
Autor: Fábio Matos