Ibovespa hoje reflete pressão do dólar e piora na expectativa de inflação; investidores monitoram incertezas fiscais e Galípolo no comando do BC
O Ibovespa abriu em queda de 0,41%, aos 121.601 pontos, nesta segunda-feira (23). As atenções do mercado estão voltadas para as novas previsões para a economia do boletim Focus e para a gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central (BC) – veja aqui a agenda completa da semana.
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Os mercados internacionais amanheceram sem fôlego nesta manhã, com as commodities operando em direções contrárias. O dólar mostra força ante o real nesta segunda-feira (23), subindo 1,45%, a R$ 6,16.
Enquanto isso, os juros futuros aceleram alta em meio à nova rodada de revisões para cima nas projeções para a inflação no boletim Focus, que deve pesar no principal índice da B3 desta segunda.
Investidores ainda reverberam incertezas fiscais, mesmo após a aprovação do pacote de corte de despesas pelo Congresso Nacional na semana passada. Isso porque a economia prevista pelo governo deve ficar aquém, conforme novos cálculos de especialistas, após a desidratação dos projetos fiscais.
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Em meio a sinais de que o governo não reduzirá os gastos públicos, o economista-chefe da Blue3, Roberto Simioni, estima que as expectativas de inflação continuarão subindo e desancoradas, exigindo maior esforço do Banco Central. “O Comitê de Política Monetária (Copom) deu guidance (projeção) para os próximos encontros, de mais duas altas de um ponto percentual em cada um deles”, diz.
O Índice Bovespa hoje deve apoiar ganhos nos sinais positivos de NY e no minério de ferro, tentando buscar fechamento positivo, acima do patamar de 122 mil pontos, como na última sexta-feira (20) – relembre aqui.
O que movimenta o Ibovespa hoje
Bolsas internacionais
As bolsas da Europa operam de forma mista, com ganhos limitados nos futuros de Nova York e foco em dados econômicos, em uma semana de liquidez reduzida devido ao feriado de Natal.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido cresceu 0,9% no terceiro trimestre, abaixo da previsão, enquanto não teve crescimento ante o trimestre anterior. A Capital Economics atribui o desempenho fraco a fatores como aperto monetário e incertezas fiscais.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que a inflação na zona do euro está próxima da meta de 2%, mas com incertezas sobre a inflação de serviços.
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Nos EUA, os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) e o dólar avançam, impulsionados por dados inflacionários mais baixos e a aprovação de um projeto de lei que evita a paralisação do governo.
Investidores se ajustam também à expectativa por um ritmo mais lento de relaxamento monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), após sinais conservadores na última reunião de dezembro.
Boletim Focus
O boletim Focus do Banco Central atualizou as previsões para os principais indicadores da economia, nesta segunda-feira (23), como Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e Selic.
A mediana do IPCA para 2024 passou de 4,89% para 4,91%, mantendo-se acima do teto da meta. Para 2025, a mediana foi de 4,60% para 4,84%.
Para horizontes mais longos, as estimativas do documento do BC para o IPCA se mantiveram em 4,00%, em 2026, e passaram de 3,66% para 3,80% em 2027.
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Enquanto isso, para a Selic de 2025, a mediana do boletim Focus passou de 14% para 14,75%. No fim de 2026, foi de 11,25% para 11,75%. Em 2027, a taxa básica deve ficar em 10%.
Gabriel Galípolo à frente do BC
Após o afago do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, dizendo que ele será o chefe da autarquia com “mais autonomia” que a instituição já teve, o mercado acompanha o primeiro dia dele como presidente interino no BC.
O presidente Lula sinalizou, em almoço com ministros, o desejo de pacificar a relação com o mercado monetário, reconhecendo as razões para os juros altos, apesar de criticá-los. No evento, participou Gabriel Galípolo, com quem Lula tem boa relação e reafirmou confiança, descartando interferências no BC. A postura contrasta com o tom crítico usado contra Roberto Campos Neto, atual presidente da autoridade monetária.
Commodities
As commodities operam em direções contrárias nesta manhã. O minério de ferro fechou em alta de 0,84% nos mercados de Dalian, na China, enquanto o petróleo cede em torno de 0,40% sob o peso da escalada do dólar no exterior.
Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de firmas não americanas) da Vale (VALE3) recuavam 0,11% no pré-mercado de Nova York, por volta das 10h10 (de Brasília). Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) cediam 0,92% no mesmo horário.
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Mercado brasileiro
Investidores aguardam os dados de transações correntes, com previsão de déficit de US$ 3,45 bilhões em novembro, e entrada líquida de US$ 6 bilhões no Investimento Direto no País.
Após a aprovação do pacote fiscal pelo Congresso na semana passada, a sanção dos projetos ainda deve ocorrer este ano, com avaliação jurídica ágil conduzida pela Casa Civil.
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Na avaliação de analistas de mercado monetário, o impacto fiscal previsto pelo governo de R$ 71,9 bilhões deve diminuir entre R$ 8 bilhões e R$ 20 bilhões nos próximos dois anos devido às alterações feitas pelos parlamentares.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações do Broadcast
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Esta notícia foi originalmente publicada em:
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Autor: Estadão Conteúdo