Juros futuros sobem com desconfiança fiscal, mesmo com queda do dólar
As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira (26) em alta firme, superior a 30 pontos-base em vários vencimentos, na esteira do avanço dos rendimentos do Tesouro dos EUA, durante boa parte do dia e em meio à persistente desconfiança do mercado na política fiscal do governo Lula.
O avanço das taxas ocorreu a despeito de o dólar ceder ante o real durante a sessão, após o Banco Central (BC) vender US$ 3 bilhões em leilão à vista da moeda norte-americana.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Intermonetário) para janeiro de 2026 estava em 15,345%, ante 15,222% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,63%, ante o ajuste de 15,441%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15%, ante 14,64% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,76%, ante 14,381%.
No exterior, os yields sustentaram ganhos durante boa parte do dia, em meio à percepção, trazida por dados econômicos recentes, de que o ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve pode ser menor que o anteriormente projetado.
O cenário externo mudou após leilão de títulos de sete anos promovido pelo Tesouro norte-americano no início da tarde, com as taxas dos Treasuries passando indicar leves quedas em alguns vencimentos.
No Brasil, porém, as taxas dos DIs se mantiveram em alta, influenciadas na primeira metade do dia pelo avanço dos yields e durante toda a sessão pelos receios em torno da política fiscal do governo.
Pela manhã, as taxas renovaram algumas máximas em paralelo a notícias na imprensa de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou para a tarde desta quinta-feira reunião de emergência com líderes da Casa.
Na pauta estaria a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino de suspender o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares. A reunião foi convocada apesar do período de recesso parlamentar, que se estende até fevereiro.
Ainda no contexto fiscal, durante a tarde o Tesouro informou que a dívida pública federal subiu 1,85% em novembro ante outubro, para R$ 7,204 trilhões.
Neste cenário, a curva de juros brasileira voltou a abrir, com a ponta curta precificando para janeiro elevação superior a 100 pontos-base da Selic — atualmente em 12,25% ao ano.
No fechamento a curva brasileira precificava 36% de probabilidade de alta de 125 pontos-base da taxa básica Selic em janeiro e 64% de chance de elevação de 150 pontos-base.
Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 1 pontos-base, a 4,581%.
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Autor: gabrielbosa