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Melhor fundo de renda fixa de 2024 perde para o dólar mesmo com proteção cambial. Como?

A forte volatilidade dos juros e do câmbio ao longo do ano mexeram com a rentabilidade dos fundos de renda fixa. No geral, aqueles atrelados a títulos prefixados com prazo médio de retorno (duration) mais longo deram retornos ruins e até negativos. Enquanto isso, os de vencimento de curto prazo, vinculados à Selic e ao CDI – principal parâmetro de rendimento de investimentos – pagaram melhor aos cotistas (veja a lista no final do texto).

O fundo que deu o melhor retorno em 2024, no entanto, tem um duration relativamente longo, de sete anos, e é composto de títulos prefixados de dívidas emitidas pelo governo brasileiro, justamente um dos produtos que mais perderam na marcação a mercado este ano. A diferença é que o Bradesco Fundo de Investimento Renda Fixa Dívida Externa Crédito Soberano, como o nome sugere, está atrelado ao câmbio. “A grande atribuição de resultado desse fundo no ano é o dólar“, admite Rafael Wajman Gruner, gestor do fundo.

No ano, o dólar valorizou 27% em relação ao real, enquanto esse fundo do Bradesco deu retorno de 23,28%, segundo levantamento da Economática realizado em 16 de dezembro. Esse desempenho o coloca bem a frente dos melhores resultados do ano, na média entre 10% e 12% de retorno em 2024.

Efeito da marcação a mercado

Gruner diz que o resultado do fundo poderia ter sido ainda melhor, mas  o prazo mais alargado de vencimento dos títulos prefixados atrapalhou. Na média, os papeis as quais esse fundo está exposto têm vencimento para depois de 2030.

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Quando os juros sobem, como ocorreu durante este ano, a marcação a mercado faz com que o valor dos títulos prefixados caia. Isso acontece porque os novos títulos oferecem taxas mais altas, tornando os antigos menos atrativos. “A gente começou o ano com [título pagando] dólar + 5,70% e termina o ano com dólar + 6,70%. Abriu 1,1% o carrego do fundo. Por isso a gente não está rentabilizando tanto quanto a moeda americana”, afirma.

Carrego é o termo usado para descrever o ganho ou perda que o fundo obtém ao manter seus ativos ao longo do tempo.

Imprevisibilidade custa caro

O fundo do Bradesco está focado nas dívidas soberanas do Brasil emitidas na bolsa americana, que pagam os mesmos juros dos títulos emitidos aos investidores brasileiros. Na prática, quem investe neste produto de varejo do Bradesco adquire suas cotas em real para que o gestor faça o câmbio e compre os títulos em dólar.

Este produto, no entanto, foi o ponto fora da curva. A lista dos fundos de renda disponibilizada pela Economática mostra que os fundos com os melhores retornos no ano têm uma maior exposição a Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FDICs) de curto prazo que têm taxas de juros mais elevadas quando comparada a de outros títulos. “Esses produtos costumam dar uma rentabilidade superior ao CDI, entre CDI + 1% e CDI + 5%”, comenta Ângelo Belitardo Neto, diretor de Gestão da Hike Capital.

No geral, os fundos que investiram em títulos de prazo mais curtos conseguiram melhores resultados. “Fundo que se expôs a títulos de firmas com nota de crédito elevada e duração mais curta, inferior a dez anos, conseguiram se proteger da marcação a mercado e até se beneficiaram da volatilidade na curva de juros“, comentou.

Renda fixa que dá prejuízo

Por outro lado, da lista de 203 fundos de renda fixa da Economática mostra que 183 deles (90%) renderam menos do que o CDI acumulado de 2024, em 10,67%, sendo que 23 fundos registraram performance negativa. É o caso do Vitreo Inflação Longa FI RF, da Empiricus Gestão, que apresentou um resultado negativo de 9,06% até o dia 16 de dezembro, data da apuração.

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A principal característica desses fundos foi a alta concentração em títulos com alta volatilidade, ou seja, a papéis com duration elevada. Quanto mais longo o vencimento do título, maior a sua sensibilidade à variação de juros. “Títulos indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não apresentaram um desempenho positivo nos últimos trimestres, assim como aqueles que têm como referência o IMA-B“, comenta Belitardo Neto.

O IMA-B é um índice de renda fixa calculado pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbima). Ele é composto por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA, conhecidos como NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional – Série B) ou Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais. Confira abaixo o desempenho dos fundos de renda fixa em 2024:

 

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Autor: Leo Guimarães

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