(Bloomberg) – Osamu Suzuki, que dirigiu a Suzuki Motor, conhecida por seus minicarros e motocicletas, ao longo de várias décadas e impulsionou a expansão global da firma, faleceu. Ele tinha 94 anos.
Suzuki morreu de linfoma em 25 de dezembro, informou a firma em um comunicado.
Nascido Osamu Matsuda, Suzuki casou-se com a família que deu nome à montadora baseada em Hamamatsu, no Japão. Durante seu longo mandato, ele formou parcerias com a General Motors e a Volkswagen para vender veículos na América do Norte e na Europa, além de aproveitar a experiência da Suzuki Motor em carros pequenos para conquistar uma participação de mercado dominante na Índia.
“Se eu fosse ouvir todo mundo, as coisas ficariam muito lentas,” disse Suzuki sobre sua filosofia de liderança em “I’m a Small-Business Boss,” uma autobiografia em japonês publicada em 2009. “Nunca pare, ou você perde.”
Os mais de 28 anos de Suzuki como presidente, em dois mandatos, o tornaram o chefe de montadora global que mais tempo permaneceu no cargo. Ele passou a presidência para seu filho em junho de 2015 e assumiu o cargo de presidente e CEO, título que manteve por um ano antes de renunciar ao cargo de CEO após um erro na declaração de economia de combustível. A firma admitiu ter usado métodos não aprovados para testar a eficiência de combustível de seus veículos no Japão, o que provocou uma forte queda nas ações da companhia e uma onda de saídas na gestão.
Alcance Global
A montadora vendeu cerca de 3,2 milhões de veículos em todo o mundo no ano fiscal que terminou em março de 2024, ficando atrás da Toyota, a montadora dominante do Japão e número um do mundo, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Mais da metade desses veículos foi vendida na Índia, onde a filial Maruti Suzuki, detém a maior fatia do mercado.
Ex-funcionário de banco, Osamu Suzuki começou sua carreira no setor automotivo graças ao seu casamento arranjado com Shoko Suzuki, neta de Michio Suzuki, que fundou a predecessora da Suzuki Motor, uma fabricante de teares, em 1909. Osamu Suzuki adotou o sobrenome da esposa, como é o costume japonês quando não há herdeiros homens para um negócio familiar.
Ele ingressou na firma em 1958, três anos após o lançamento de sua primeira motocicleta, a ColledaCOX 125cc 4-tempos, e do carro Suzulight 360cc 2-tempos, que ajudaram a inaugurar a era dos miniveículos no Japão.
Ele ocupou várias funções de gestão antes de se tornar presidente em 1978. No ano seguinte, fez sua primeira marca ao apresentar o minicarro Alto no Japão. Um grande sucesso, o modelo foi creditado por ressuscitar o mercado doméstico de minicarros.
Apostando que a firma poderia estabelecer uma presença em pequenos mercados negligenciados por concorrentes maiores, ele liderou a expansão internacional da Suzuki Motor, construindo bases de produção do Paquistão à Hungria.
Alianças Formadas
Em 1981, a GM, com sede em Detroit e então a maior montadora do mundo, concordou em comprar uma participação na Suzuki Motor, que buscava expandir na América do Norte e na Europa. A GM chegaria a deter até 20% da Suzuki após dobrar sua participação em 2001. Após cinco perdas trimestrais consecutivas, a montadora americana começou a vender suas ações da Suzuki em 2006 e completou a venda em 2008. A GM entrou com pedido de falência no ano seguinte, em meio à crise financeira global.
Após a dissolução da aliança com a GM, a Suzuki Motor concordou em uma parceria com a VW, que comprou uma participação de 19,9% em 2010.
Essa aliança desmoronou após a VW descrever a Suzuki Motor como um “associado” em um relatório anual, e a Suzuki acusou a VW de denegrir sua honra ao alegar que havia violado seu acordo de parceria ao comprar motores da Fiat SpA, da Itália. A parceria terminou em setembro de 2015, quando a Suzuki recomprou as ações da VW, avaliadas em US$ 3,8 bilhões.
Osamu Suzuki afirmou que a firma valorizaria sua independência em futuras negociações com outras montadoras. A Suzuki formou uma aliança de capital com a Toyota em 2019.
Sua maior conquista é frequentemente associada à sua expansão na Índia. Ele se deparou com um artigo de jornal sobre a busca do governo indiano por um parceiro na fabricação de automóveis e, em 1982, se reuniu com uma equipe do país do sul da Ásia em um hotel em Tóquio.
A Suzuki concordou em estabelecer uma joint venture com o governo indiano nos arredores de Nova Délhi e adquiriu uma participação de 26% na montadora estatal Maruti Udyog. No ano seguinte, a joint venture lançou o Maruti 800, um carro pequeno que foi tão popular que as filas para comprá-lo chegaram a três anos.
A Maruti, agora uma unidade da Suzuki Motor, rapidamente se tornou a maior montadora da Índia, embora sua participação de mercado tenha sido reduzida pela Hyundai e pela Tata Motors.
Hoje, a Suzuki também é uma das principais fabricantes globais de motocicletas, vendendo cerca de 1,9 milhão de unidades nos 12 meses encerrados em 31 de março. A marca se tornou conhecida por conquistar títulos mundiais.
Presidente Duas Vezes
Osamu Suzuki nasceu em 30 de janeiro de 1930, em Gero, uma cidade na prefeitura de Gifu, no Japão Central. Ele era o quarto filho de uma família de agricultores. Aspirando a ser político, trabalhou meio período como professor de ensino fundamental e segurança noturno enquanto completava seu diploma em direito na Universidade Chuo, em Tóquio, de acordo com um artigo de março de 2009 na revista Nikkei BP.
Após se formar na Chuo em 1953, ele começou a trabalhar em um banco até que seu casamento o levou para o negócio da família.
Depois de se afastar da presidência em 2000, ele se tornou presidente e CEO da Suzuki Motor. Ele retornou à cadeira aos 78 anos em dezembro de 2008, quando a Suzuki Motor esperava sua primeira queda de lucro em oito anos, à medida que a recessão global e a restrição de crédito afetavam a demanda por automóveis.
“Diante de um ambiente de negócios extremamente difícil, preciso estar na linha de frente,” escreveu em suas memórias. “Nos últimos 30 anos, um sentimento de complacência se espalhou pela firma. Como aquele que trouxe a firma até aqui, preciso corrigir isso e liderar a companhia até que a economia melhore.”
Suzuki sentiu uma responsabilidade semelhante pelas práticas inadequadas de teste de combustível da firma no Japão, pedindo desculpas a uma sala de repórteres em 2016, enquanto seu filho e presidente, Toshihiro Suzuki, estava ao seu lado. A “cultura de cima para baixo” da Suzuki Motor dificultou para os funcionários juniores se aproximarem da gestão com preocupações sobre os testes, disse Toshihiro Suzuki.
Osamu Suzuki cedeu seu título de CEO e aceitou uma redução salarial de 40%, mas permaneceu como presidente, título que manteve até 2021, justo quando a chegada dos carros elétricos começou a agitar as montadoras tradicionais do mundo.
Na coletiva em que anunciou sua aposentadoria, Suzuki expressou satisfação com a gestão da firma, acrescentando que continuaria “facilmente acessível para conselhos.” Ele também garantiu ao público que estava “cheio de vida,” tendo jogado golfe 47 vezes no ano anterior.
Ele e sua esposa tiveram três filhos.
© 2024 Bloomberg L.P.
The post Osamu Suzuki, maior liderança da montadora por cinco décadas, morre aos 94 anos appeared first on InfoMoney.
O que achou dessa notícia? Deixe um comentário abaixo e/ou compartilhe em suas redes sociais. Assim deixaremos mais pessoas por dentro do mundo das finanças, economia e investimentos!
Esta notícia foi originalmente publicada em:
Fonte original
Autor: Bloomberg
